A conexão inexistente : David Hume, causação e ideias relativas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Gustavo Kaspary de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/254826
Resumo: Neste trabalho, discuto o que Hume, enquanto filósofo, quer dizer quando afirma que uma coisa é causa de outra. No Tratado da Natureza Humana e na Investigação Sobre o Entendimento Humano, Hume apresenta uma definição filosófica de “causa” que menciona somente as relações de contiguidade, sucessão e conjunção constante, deixando de fora, assim, a noção de conexão. Uma grande parte dos intérpretes conclui que aí está o significado de “causa” para Hume, que quando ele afirma ser uma coisa causa de outra, só quer dizer que essas coisas mantêm relações de contiguidade, sucessão e conjunção constante. Mas essa interpretação tradicional vem sendo contestada. Galen Strawson acusa-a de atribuir a Hume uma teoria do significado que o filósofo nunca sustentou. Strawson propõe, em troca, uma imagem alternativa da relação que há, para Hume, entre o significado de um termo e o conteúdo da experiência, uma imagem em que um termo pode ser significativo quando associado a uma ideia relativa de alguma coisa não dada na experiência. Em tal caso, o termo “conexão”, quando associado a uma ideia relativa, pode desempenhar uma função na semântica de “causa”, naquilo que Hume quer dizer quando afirma que uma coisa é causa de outra. No entanto, defendo que a interpretação de Strawson deve ser recusada. Tento mostrar que, ainda que aceitemos a imagem alternativa que Strawson propõe, uma compreensão adequada do funcionamento das ideias relativas revela que não existe uma ideia relativa de conexão. E, sendo assim, mesmo nessa imagem alternativa, “conexão” não pode fazer parte do significado de “causa”.
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