Primeiras notas sobre o teor testemunhal em Ela e a reclusão : o condenado poderia ser você, de Vera Tereza de Jesus
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/273449 |
Resumo: | Partindo do pressuposto de que em toda literatura é possível identificar teor testemunhal (SELIGMANN-SILVA, 2003a), o presente artigo tem o objetivo de explanar as primeiras considerações sobre pesquisa referida ao testemunho na obra Ela e a reclusão: o condenado poderia ser você (1965), de Vera Tereza de Jesus. Ao apresentar a publicação, retomamos pontos importantes acerca do seu contexto de produção (PENTEADO, 2018), tentando compreender alguns elementos ausentes na própria forma material do livro. Além disso, trazemos questões necessárias, ainda que iniciais, sobre a relação entre o teor testemunhal e a narrativa de cárcere de Vera Tereza, partindo de uma problematização do título da obra e de marcas temporais nos enunciados dessa escrita autobiográfica fortemente definida pelas opressões de gênero e pelas violências do Estado brasileiro. Com a reflexão empreendida, concluímos que é possível observar a forma como a narrativa dá forma ao tempo e ao teor testemunhal, imbricando passado, presente e futuro na escrita que é possível à autora. Conforme diz, o texto traz a realidade da sua vida, inscrita no crime, na violência, no desamparo, no abandono, e essa sua realidade é a mesma história de muitas outras pessoas figurada na sua pessoa. Seu texto antecipa todos os escritos referidos como literatura marginal de cárcere, os quais protagonizaram a cena editorial brasileira no início dos anos 2000, ganhando ainda mais relevância por fugir do padrão branco-burguês da época em que foi escrita, em plena ditadura civil-militar; a obra de Vera Tereza se mostra, então, como um acontecimento na historiografia literária brasileira. |
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Vinhas, Luciana Iost2024-03-13T05:04:22Z20220101-3335http://hdl.handle.net/10183/273449001197206Partindo do pressuposto de que em toda literatura é possível identificar teor testemunhal (SELIGMANN-SILVA, 2003a), o presente artigo tem o objetivo de explanar as primeiras considerações sobre pesquisa referida ao testemunho na obra Ela e a reclusão: o condenado poderia ser você (1965), de Vera Tereza de Jesus. Ao apresentar a publicação, retomamos pontos importantes acerca do seu contexto de produção (PENTEADO, 2018), tentando compreender alguns elementos ausentes na própria forma material do livro. Além disso, trazemos questões necessárias, ainda que iniciais, sobre a relação entre o teor testemunhal e a narrativa de cárcere de Vera Tereza, partindo de uma problematização do título da obra e de marcas temporais nos enunciados dessa escrita autobiográfica fortemente definida pelas opressões de gênero e pelas violências do Estado brasileiro. Com a reflexão empreendida, concluímos que é possível observar a forma como a narrativa dá forma ao tempo e ao teor testemunhal, imbricando passado, presente e futuro na escrita que é possível à autora. Conforme diz, o texto traz a realidade da sua vida, inscrita no crime, na violência, no desamparo, no abandono, e essa sua realidade é a mesma história de muitas outras pessoas figurada na sua pessoa. Seu texto antecipa todos os escritos referidos como literatura marginal de cárcere, os quais protagonizaram a cena editorial brasileira no início dos anos 2000, ganhando ainda mais relevância por fugir do padrão branco-burguês da época em que foi escrita, em plena ditadura civil-militar; a obra de Vera Tereza se mostra, então, como um acontecimento na historiografia literária brasileira.Assuming that in all literature it is possible to identify testimonial content (SELIGMANN-SILVA, 2003a), this article aims to explain the first considerations about research related to the testimony in the work Ela e a reclusão: o condenado poderia ser você (1965), by Vera Tereza de Jesus. When presenting the publication, we revisit important points about its context of production (PENTEADO, 2018), trying to understand some elements that are absent in the material form of the book itself. In addition, we bring necessary, although initial, questions about the relationship between the testimonial content and the prison narrative of Vera Tereza, starting from a problematization of the title of the work and temporal marks in the statements of this autobiographical writing strongly defined by gen-der oppressions, and by the violence of the Brazilian State. With the reflection, we conclude that it is possible to observe the way in which the narrative shapes the time and the testimonial content, imbricating past, present and future in the writing that is possible for the author. As she says, the text brings the reality of her life, inscribed in crime, violence, helplessness, abandonment, and this reality of hers is the same story of many other people figured in her person. Her text anticipates all the writings referred to as marginal prison literature, which played a leading role in the Brazilian publishing scene in the early 2000s, gaining even more relevance for escaping the white-bourgeois standard of the time it was written, in the midst of the civil-military dictatorship; Vera Tereza’s work appears, then, as an event in Brazilian literary historiography.Asumiendo que en toda la literatura es posible identificar contenido testimonial (SELIGMAN-N-SILVAa, 2003), este artículo tiene como objetivo exponer las primeras consideraciones acerca de la investigación relacionada con el testimonio en la obra Ela e a reclusão: o condenado poderia ser você (1965), de Vera Tereza de Jesus. Al presentar la publicación, repasamos puntos importantes sobre su contexto de producción (PENTEADO, 2018), tratando de comprender algunos elementos que están ausentes en la forma material del libro mismo. Además, traemos interro-gantes necesarios, aunque iniciales, sobre la relación entre el contenido testimonial y la narrativa carcelaria de Vera Tereza, a partir de una problematización del título de la obra y de las marcas temporales en los enunciados de este escrito autobiográfico fuertemente definido por las opresiones del género y por la violen-cia del Estado brasileño. Con la reflexión emprendida, concluimos que es posible observar la forma en que la narración configura el tiempo y el contenido testi-monial, imbricando pasado, presente y futuro en la escritura que le es posible al autor. Como ella dice, el texto trae la realidad de su vida, inscrita en el crimen, la violencia, el desamparo, el abandono, y esta realidad suya es la misma historia de muchas otras personas figuradas en su persona. Su texto anticipa todos los escritos denominados literatura carcelaria marginal, que desempeñó un papel protagónico en el escenario editorial brasileño a principios de la década de 2000, cobrando aún más relevancia por escapar del estándar blanco-burgués de la época en que fue escrito, en medio de la dictadura cívico-militar; la obra de Vera Tereza aparece, entonces, como un acontecimiento en la historiografía literaria brasileña.application/pdfporLetras de hoje. Porto Alegre, RS. Vol. 57, n. 1 (jan./dez. 2022), e-43221, p. [1]-12LiteraturaTestemunhoPrisãoAnálise do discursoTestimonial contentPrison writingEla e a reclusãoVera Tereza de JesusContenido testimonialEscritura de prisiónPrimeiras notas sobre o teor testemunhal em Ela e a reclusão : o condenado poderia ser você, de Vera Tereza de JesusFirst notes on the testimonial content of Ela e a reclusão : o condenado poderia ser você, by Vera Tereza de JesusPrimeros apuntes sobre el contenido testimonial en Ela e a reclusão : o condenado poderia ser você, de Vera Tereza de Jesusinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001197206.pdf.txt001197206.pdf.txtExtracted Texttext/plain48691http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273449/2/001197206.pdf.txt29a40650fd71342869f2e4725ff08806MD52ORIGINAL001197206.pdfTexto completoapplication/pdf373637http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273449/1/001197206.pdfef615a518d631ea890d1365223acda3fMD5110183/2734492024-03-14 04:57:20.294297oai:www.lume.ufrgs.br:10183/273449Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-03-14T07:57:20Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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