CAM : da maldição à redenção escrevivências de uma vida entre raças
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/255111 |
Resumo: | As famílias inter-raciais são uma realidade na sociedade brasileira, estando inscritas num projeto de política pública de branqueamento da nação. Aliado a isso, os discursos religiosos cristãos também se inscrevem nos processos de dominação simbólica racista, uma vez que são eurocentrados, enaltecem a imagem de um Jesus Cristo branco e exigem a anulação dos corpos durante os cultos, assim como dos tambores. Desta forma, o racismo opera desde a constituição das famílias, que no Brasil tem forte vertente religiosa cristã, e, frequentemente, reproduzem práticas racistas. O objetivo deste trabalho é discutir, de forma autobiográfica, os efeitos do discurso religioso adventista na produção de subjetividade das famílias evangélicas. O referencial teórico é uma articulação entre as teorias críticas da psicologia social e institucional, das discussões das relações raciais, em especial das políticas de branqueamento e dos estudos da branquitude, além de estudos críticos sobre os discursos evangélicos. A metodologia é inspirada nas escrevivências de Conceição Evaristo, por isso, escritas em primeira pessoa do singular. Assim, relato algumas de minhas vivências como uma pessoa pertencente a uma família inter-racial e evangélica. O texto analisa a origem e a interpretação do mito bíblico de Cam e de como o quadro de Modesto Brocos produzido para representar o branqueamento no Brasil, A Redenção de Cam, pôde ser ressignificado por leituras críticas do movimento negro. Neste trabalho, proponho pensar os impactos e o respaldo religioso cristão na produção do sofrimento mental imposto a negros e negras. Um mapa-múndi, o Terrarum Orbis, foi elaborado pelo bispo católico Isidoro de Sevilha, para justificar a escravização dos povos de África e a pretensa superioridade dos europeus. Estudos sobre famílias inter-raciais no Brasil ainda se apresentam de forma tímida. Há uma necessidade de que esse tema seja abordado de forma mais sistemática, principalmente na atuação da psicóloga e do psicólogo. Afinal, se segundo o censo de 2010, 31% dos casamentos brasileiros eram inter-raciais, o racismo no interior das famílias não pode ser desconsiderado. |
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