Análise de fatores de risco, características microbiológicas e qualidade do tratamento da candidemia no período pandêmico e pós-pandêmico de covid-19

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nienow, Débora
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Ferreira, Guilherme Campos, Alves, Sofia Giusti, Schütz, Sthéfani
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/255680
Resumo: INTRODUÇÃO: A pandemia global de COVID-19 trouxe um aumento do número de internações hospitalares, principalmente em cenário de terapia intensiva, promovendo o aumento de resistência antimicrobiana principalmente relacionada à assistência à saúde. Os pacientes com maior risco de desenvolver infecção fúngica de corrente sanguínea por Candida, designada como candidemia, são aqueles que recebem cuidados intensivos. Essa infecção está relacionada a altas taxas de mortalidade e exige adequado diagnóstico e tratamento. São poucos ainda os estudos que realizaram análise dos dados de candidemia do período pós pandemia, principalmente no que diz respeito à avaliação das espécies de Candida isoladas e do perfil de sensibilidade. OBJETIVO: avaliar e comparar as características clínicas, epidemiológicas e os desfechos dos pacientes com candidemia, bem como as características microbiológicas do fungo, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no período durante e após a pandemia. Além disso, avaliar a qualidade do diagnóstico e tratamento de candidemia nessa instituição, por meio da aplicação do escore EQUAL, que avalia a conformidade das medidas em relação às diretrizes. MÉTODOS: Estudo retrospectivo, baseado na revisão de prontuários eletrônicos dos pacientes internados no HCPA, no período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022. RESULTADOS: Houve 144 casos de candidemia em 2021 e 2022. Não houve diferença estatística no tempo de internação hospitalar entre os anos avaliados (média de 30 dias; P = 0,927); nem entre as taxas de mortalidade intra-hospitalar (58,9% em 2021 vs. 47,89% em 2022; P = 0,247). Houve mais casos de SRAG por COVID entre os pacientes com candidemia em 2021 (P < 0,001), além disso, a proporção de casos com ventilação mecânica por ≥ 48 horas no período que antecedeu o diagnóstico de candidemia foi superior em 2021 em relação a 2022 (66,67% vs. 44,45% respectivamente; P = 0,03). Houve prevalência significativamente maior de neutropenia, neoplasia e doença hematológica entre os pacientes que foram a óbito, enquanto que entre os pacientes sobreviventes houve uma proporção significativamente maior de doença renal crônica em terapia dialítica previamente à internação (53,75% vs. 12,5%; P < 0,001). Dentre os fatores de risco na internação, a variável que se mostrou associada com maior mortalidade foi lesão renal aguda com necessidade de terapia de substituição renal (76,47% vs. 56,94%; P = 0,002). Em relação às características microbiológicas, não houve diferença na distribuição das espécies entre os anos (P = 0,065). No entanto, verificamos aumento significativo da proporção de espécies não albicans em 2022 em relação a 2021 (78,87% vs. 60,53% respectivamente; P = 0,016). A proporção de isolados sensíveis ao fluconazol foi de 82,19% na amostra. No nosso estudo, o escore EQUAL não teve boa acurácia para predição de mortalidade em 30 dias. CONCLUSÃO: Não foi observada diferença no número de casos e na mortalidade de pacientes por candidemia no período pandêmico e pós pandêmico da COVID-19. O conhecimento das características microbiológicas da Candida torna-se relevante pois poderá nortear uma adequação e otimização dos cuidados oferecidos aos pacientes em nossa instituição.
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