Levamisol, um adulterante da cocaína, altera os níveis de neurotransmissores no córtex pré-frontal e estriado de ratos Wistar após a exposição aguda

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Tirzah Berni de
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/263808
Resumo: Cerca de 21 milhões de pessoas usaram cocaína no ano de 2020, representando 0,4% da população mundial de 15 a 64 anos. Além da dependência à cocaína, o uso de adulterantes tornou-se uma ameaça adicional à saúde dos usuários. Desde o início dos anos 2000, o levamisol (LVS) tem sido frequentemente usado como agente adulterante em drogas ilícitas, sendo detectado em até 79% da cocaína apreendida nas ruas. Algumas hipóteses tem sido levantadas para a utilização deste fármaco como adulterante, além de sua semelhança física com a cocaína, o seu efeito no sistema nervoso central (SNC) particularmente na liberação de monoaminas e pelo maior tempo de meia-vida dos seus metabólitos, potencializando assim os efeito da cocaína e prolongando a experiência com a droga. Os perigos da associação entre cocaína e LVS começaram a vir à tona a partir do ano de 2009, quando se iniciaram os relatos de caso das complicações clínicas decorrentes desta combinação, caracterizando-a como um problema de saúde pública. Dentre os achados clínicos mais citados estão àqueles relacionados a reações hematológicas, neurológicas, circulatórias, dérmicas, pulmonares e renais. A fim de contribuir com a elucidação dos prejuízos decorrentes do uso associado da cocaína e LVS o presente trabalho irá apresentar e discutir as dosagens dos neurotransmissores (NT) dopamina (DA), serotonina (5-HT), ácido gama-aminobutírico (GABA), acetilcolina (ACh) e glutamato (GLU) em córtex pré-frontal e estriado de ratos após a exposição aguda ao LVS. Para isto foram utilizados 20 ratos Wistar adultos (machos) divididos em 4 grupos: grupo salina (controle), LVS 12 mg/kg, LVS 24 mg/kg e LVS 36 mg/kg. Vinte e quatro horas após a administração os animais foram eutanasiados e o córtex pré-frontal e estriado, foram dissecadas para análises por Cromatografia líquida/espectrometria de massa em tandem (projeto aprovado no CEUA/UFRGS nº 34357). Os resultados mostraram que houve aumento (ANOVA/Bonferroni) nos níveis de dopamina (DA) do córtex pré-frontal no grupo LVS 12 mg/Kg (*=p<0,05) e no estriado dos grupos LVS 24 mg/Kg (*=p<0,05) e LVS 36 mg/Kg (**=p<0,001), entretanto não foram observadas alterações significativas nos níveis de 5-HT, GABA, ACh e GLU nestas estruturas. Mais estudos necessitam ser realizados a fim de uma melhor compreensão sobre o aumento de dopamina no córtex pré-frontal e estriado e as relações comportamentais observadas. Apesar disto, considera-se uma importante contribuição para que futuros estudos possam ser realizados a fim de esclarecer os efeitos de LVS no SNC e se estes podem ser reforçados pela associação de LVS com a cocaína.
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Os perigos da associação entre cocaína e LVS começaram a vir à tona a partir do ano de 2009, quando se iniciaram os relatos de caso das complicações clínicas decorrentes desta combinação, caracterizando-a como um problema de saúde pública. Dentre os achados clínicos mais citados estão àqueles relacionados a reações hematológicas, neurológicas, circulatórias, dérmicas, pulmonares e renais. A fim de contribuir com a elucidação dos prejuízos decorrentes do uso associado da cocaína e LVS o presente trabalho irá apresentar e discutir as dosagens dos neurotransmissores (NT) dopamina (DA), serotonina (5-HT), ácido gama-aminobutírico (GABA), acetilcolina (ACh) e glutamato (GLU) em córtex pré-frontal e estriado de ratos após a exposição aguda ao LVS. Para isto foram utilizados 20 ratos Wistar adultos (machos) divididos em 4 grupos: grupo salina (controle), LVS 12 mg/kg, LVS 24 mg/kg e LVS 36 mg/kg. Vinte e quatro horas após a administração os animais foram eutanasiados e o córtex pré-frontal e estriado, foram dissecadas para análises por Cromatografia líquida/espectrometria de massa em tandem (projeto aprovado no CEUA/UFRGS nº 34357). Os resultados mostraram que houve aumento (ANOVA/Bonferroni) nos níveis de dopamina (DA) do córtex pré-frontal no grupo LVS 12 mg/Kg (*=p<0,05) e no estriado dos grupos LVS 24 mg/Kg (*=p<0,05) e LVS 36 mg/Kg (**=p<0,001), entretanto não foram observadas alterações significativas nos níveis de 5-HT, GABA, ACh e GLU nestas estruturas. Mais estudos necessitam ser realizados a fim de uma melhor compreensão sobre o aumento de dopamina no córtex pré-frontal e estriado e as relações comportamentais observadas. Apesar disto, considera-se uma importante contribuição para que futuros estudos possam ser realizados a fim de esclarecer os efeitos de LVS no SNC e se estes podem ser reforçados pela associação de LVS com a cocaína.About 21 million people used cocaine in the year 2020, representing 0.4% of the world's population aged 15-64. In addition to cocaine addiction, the use of adulterants has become an additional threat to users' health. Since the early 2000s, levamisole (LVS) has been frequently used as an adulterating agent in illicit drugs, being detected in up to 79% of cocaine seized on the street. Some hypotheses have been raised for the use of this drug as an adulterant, in addition to its physical similarity to cocaine, its effect on the central nervous system (CNS) particularly in the release of monoamines and the longer half-life of its metabolites, potentiating thus the effects of cocaine and prolonging the experience with the drug. The dangers of the association between cocaine and LVS began to emerge in 2009, when case reports of clinical complications resulting from this combination began, characterizing it as a public health problem. Among the most cited clinical findings are those related to hematological, neurological, circulatory, dermal, pulmonary and renal reactions. In order to contribute to the elucidation of the damages resulting from the associated use of cocaine and LVS, the present work will present and discuss the dosages of the neurotransmitters (NT) dopamine (DA), serotonin (5-HT), gamma-aminobutyric acid (GABA), acetylcholine (ACh) and glutamate (GLU) in prefrontal cortex and striatal of rats after acute exposure to LVS. For this, 20 adult Wistar rats (male) were divided into 4 groups: saline group (control), LVS 12 mg/kg, LVS 24 mg/kg and LVS 36 mg/kg. Twenty-four hours after administration the animals were euthanized and the prefrontal cortex and striatum were dissected for analysis by liquid chromatography/tandem mass spectrometry (project approved in CEUA/UFRGS nº 34357). The results showed that there was an increase (ANOVA/Bonferroni) in the prefrontal cortex dopamine (DA) levels in the LVS 12 mg/Kg group (*=p<0.05) and in the striatum of the LVS 24 mg/Kg groups (*=p<0.05) and LVS 36 mg/Kg (**=p<0.001), however, no significant changes were observed in the levels of 5-HT, GABA, ACh and GLU in these structures. More studies need to be carried out in order to better understand the increase in dopamine in the prefrontal and striatal cortex and the observed behavioral relationships. Despite this, it is considered an important contribution so that future studies can be carried out in order to clarify the effects of LVS on the CNS and whether these can be reinforced by the association of LVS with cocaine.application/pdfporLevamisolCocaínaNeurotransmissoresFarmáciaNeurotransmittersCocaineLevamisol, um adulterante da cocaína, altera os níveis de neurotransmissores no córtex pré-frontal e estriado de ratos Wistar após a exposição agudainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de FarmáciaPorto Alegre, BR-RS2022Farmáciagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001149983.pdf.txt001149983.pdf.txtExtracted Texttext/plain62210http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/263808/2/001149983.pdf.txtdb535f286f99047bcae0cb28e59756f8MD52ORIGINAL001149983.pdfTexto completoapplication/pdf562095http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/263808/1/001149983.pdfdbd48b1c241bd6322f3fbb8dbd325a6aMD5110183/2638082023-08-20 03:41:41.912565oai:www.lume.ufrgs.br:10183/263808Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-08-20T06:41:41Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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