Particularidades fisiológicas e conduta anestésica em cães neonatos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/279291 |
Resumo: | Apesar dos desafios da anestesia de cães neonatos, não é rara a necessidade de intervenção cirúrgica nesses pacientes. Sendo assim, é necessário que o anestesista saiba as diferenças fisiológicas deste momento do desenvolvimento e como conduzir a anestesia. Cães neonatos possuem o sistema cardiovascular imaturo. A pressão arterial é mantida principalmente pelo débito cardíaco, que por sua vez é produto majoritário da frequência cardíaca. Sua frequência respiratória é maior para suprir sua demanda metabólica e são mais suscetíveis a fadiga respiratória. A barreira hematoencefálica é mais permeável permitindo maior aporte de fármacos ao cérebro. As junções neuromusculares estão imaturas e a condução de sinais nas terminações nervosas é mais lenta e com maior latência. Não são capazes de controle térmico adequado. Hipoalbuminemia e a presença da alfafetoproteína, diferenças de proporção de água e gordura em relação a adultos interferem nas doses e intervalos de administração de fármacos. Pacientes mais jovens necessitam de CAM maiores do que os mais velhos. A imaturidade renal destes pacientes atribui uma menor taxa de depuração renal prolongando a duração do efeito destas substâncias no organismo. A imaturidade hepática retarda as vias de biotransformação de fármacos e os torna vulneráveis a hipoglicemia. Na avaliação pré-anestésica, o exame físico e os exames complementares devem ser feitos com base em parâmetros específicos para neonatos e deve incluir uma atenção para doenças congênitas não diagnosticadas. Os cuidados de jejum devem levar em consideração a tendência à hipoglicemia. Na escolha de fármacos para anestesia é preferível os que possuam reversores, não necessitem de metabolização hepática e apresentem efeitos colaterais mínimos no sistema cardiorrespiratório. As doses e intervalos devem ser adaptadas ao organismo imaturo. Aquecimento ativo do paciente e monitoração dos níveis séricos de glicose são de vital importância. Restrição do espaço morto do circuito inalatório é uma preocupação a ser considerada. É preciso garantir fornecimento de oxigênio e calor até o fim da recuperação anestésica. Os opioides são os analgésicos de escolha. Não se recomenda uso de anti-inflamatórios não esteroidais para filhotes. Visto as particularidades da fisiologia e da anestesia em cães neonatos, ressalta-se a importância de um manejo distinto destes pacientes nos momento pre, trans e pós anestésico. |
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Oliveira, Gabrielle Mendonça Alves deMonteiro, Eduardo Raposo2024-09-27T06:33:58Z2024http://hdl.handle.net/10183/279291001211082Apesar dos desafios da anestesia de cães neonatos, não é rara a necessidade de intervenção cirúrgica nesses pacientes. Sendo assim, é necessário que o anestesista saiba as diferenças fisiológicas deste momento do desenvolvimento e como conduzir a anestesia. Cães neonatos possuem o sistema cardiovascular imaturo. A pressão arterial é mantida principalmente pelo débito cardíaco, que por sua vez é produto majoritário da frequência cardíaca. Sua frequência respiratória é maior para suprir sua demanda metabólica e são mais suscetíveis a fadiga respiratória. A barreira hematoencefálica é mais permeável permitindo maior aporte de fármacos ao cérebro. As junções neuromusculares estão imaturas e a condução de sinais nas terminações nervosas é mais lenta e com maior latência. Não são capazes de controle térmico adequado. Hipoalbuminemia e a presença da alfafetoproteína, diferenças de proporção de água e gordura em relação a adultos interferem nas doses e intervalos de administração de fármacos. Pacientes mais jovens necessitam de CAM maiores do que os mais velhos. A imaturidade renal destes pacientes atribui uma menor taxa de depuração renal prolongando a duração do efeito destas substâncias no organismo. A imaturidade hepática retarda as vias de biotransformação de fármacos e os torna vulneráveis a hipoglicemia. Na avaliação pré-anestésica, o exame físico e os exames complementares devem ser feitos com base em parâmetros específicos para neonatos e deve incluir uma atenção para doenças congênitas não diagnosticadas. Os cuidados de jejum devem levar em consideração a tendência à hipoglicemia. Na escolha de fármacos para anestesia é preferível os que possuam reversores, não necessitem de metabolização hepática e apresentem efeitos colaterais mínimos no sistema cardiorrespiratório. As doses e intervalos devem ser adaptadas ao organismo imaturo. Aquecimento ativo do paciente e monitoração dos níveis séricos de glicose são de vital importância. Restrição do espaço morto do circuito inalatório é uma preocupação a ser considerada. É preciso garantir fornecimento de oxigênio e calor até o fim da recuperação anestésica. Os opioides são os analgésicos de escolha. Não se recomenda uso de anti-inflamatórios não esteroidais para filhotes. Visto as particularidades da fisiologia e da anestesia em cães neonatos, ressalta-se a importância de um manejo distinto destes pacientes nos momento pre, trans e pós anestésico.Despite the challenges of anesthesia in neonatal dogs, the need for surgical intervention in these patients is not uncommon. Therefore, it is necessary for the anesthetist to understand the physiological differences at this stage of development and how to conduct anesthesia. Neonatal dogs have an immature cardiovascular system. Blood pressure is mainly maintained by cardiac output, which in turn is largely a product of heart rate. Their respiratory rate is higher to meet their metabolic demand, and they are more susceptible to respiratory fatigue. The blood-brain barrier is more permeable, allowing greater drug delivery to the brain. Neuromuscular junctions are immature, and signal conduction at nerve endings is slower and with greater latency. They are incapable of adequate thermal regulation. Hypoalbuminemia and the presence of alpha-fetoprotein, as well as differences in water and fat proportions compared to adults, interfere with the dosages and intervals of drug administration. Younger patients require higher MAC values than older ones. The renal immaturity of these patients results in a lower renal clearance rate, prolonging the duration of the effects of substances in the body. Hepatic immaturity delays drug biotransformation pathways and makes them vulnerable to hypoglycemia. In pre-anesthetic evaluation, physical examination and complementary tests should be based on specific neonatal parameters and should include attention to undiagnosed congenital diseases. Fasting precautions should consider the tendency toward hypoglycemia. In choosing anesthetic drugs, it is preferable to use those with reversers, that do not require hepatic metabolism, and have minimal side effects on the cardiorespiratory system. Doses and intervals should be adapted to the immature organism. Active warming of the patient and monitoring of serum glucose levels are of vital importance. Restriction of dead space in the breathing circuit is a concern to be considered. It is necessary to ensure the supply of oxygen and heat until the end of anesthetic recovery. Opioids are the analgesics of choice. The use of non-steroidal anti-inflammatory drugs is not recommended for puppies. Given the particularities of physiology and anesthesia in neonatal dogs, the importance of distinct management of these patients during the pre, intra, and post-anesthetic periods is emphasized.application/pdfporAnestesiaAnalgesiaFenômenos farmacológicosFilhotesCãesAnesthesiaCanineNewbornPuppyParticularidades fisiológicas e conduta anestésica em cães neonatosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de VeterináriaPorto Alegre, BR-RS2024Medicina Veterináriagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001211082.pdf.txt001211082.pdf.txtExtracted Texttext/plain60072http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/279291/2/001211082.pdf.txt8c12b3fddf27c8946e0f36c3791fec2bMD52ORIGINAL001211082.pdfTexto completoapplication/pdf248457http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/279291/1/001211082.pdf0227ba0d7b4b5fb9284a829c6c2b7b33MD5110183/2792912024-09-28 06:44:25.157439oai:www.lume.ufrgs.br:10183/279291Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-09-28T09:44:25Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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