Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moraes, Paulo Cezar de
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/152729
Resumo: A Hanseníase, ainda hoje, produz iniquidades associadas à memória de sua história e, no Brasil, é uma doença altamente incapacitante e de grande impacto na saúde pública. No Rio Grande do Sul, apesar de já ter alcançado a condição de eliminação como problema de saúde pública, a doença continua a fazer parte da sociedade, carregada de estigma e preconceito. Os trabalhos científicos que abordam a temática da Hanseníase são geralmente quantitativos e assim, pouco discutem os temores e necessidades que a singularidade do ser humano e suas experiências de vida apresentam, enquanto portadores da doença e, como no presente estudo, em Surto Reacional. Esse estudo surgiu com o objetivo de descrever e analisar as vivências de pacientes em acompanhamento de Surto Racional Hansênico, no Serviço de Hanseníase do Ambulatório de Dermatologia Sanitária do RS. O trabalho apresentou abordagem qualitativa e, os dados foram construídos por significações e motivações. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, com 20 pacientes, no período de maio a julho de 2015. Para a análise, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo. Os resultados demonstraram uma patologia com conotação estigmatizante muito forte e que perdura ao longo do tempo. Ainda que o poder público tenha modificado a terminologia oficial para Hanseníase, e seus correlatos, ela ainda hoje é associada fortemente a uma doença antiga, lepra, assustadora, que gera deformidades e segregação da sociedade. O presente trabalho demonstrou que a maioria dos entrevistados, apesar de descreverem sinais e sintomas do surto reacional e seus medicamentos, foram incapazes de reconhecer que estão vivenciando estes episódios. Esses achados são próximos a outros trabalhos já realizados, inclusive no mesmo serviço de hanseníase. Sugere-se a utilização de instrumentos como a Educação Permanente em Saúde, que parte do princípio do aprendizado a partir do cotidiano realizado no trabalho de forma compartilhada com práticas de ensino-aprendizado, fortalecendo o vínculo dentro do trabalho, permitindo os estranhamentos dos saberes e seu compartilhamento. Nesse mesmo caminho, sugere a construção de uma linha de cuidados na Hanseníase que contribuam e agreguem a integralidade, a equidade, e a longitudinalidade de cada usuário como preceito básico, utilizando-se de estratégias como a Clínica Ampliada e o Projeto Terapêutico Singular. É preciso descentralizar os cuidados aos pacientes, fortalecer a construção de políticas para pessoas portadoras de Hanseníase no âmbito Estadual e Municipal, pensar na regionalização da saúde para as necessidades de maior complexidade e ampliar a base de dados do SINAN incluindo o monitoramento dos Surtos Reacionais pós-tratamento com Poliquimioterapia.
id UFRGS-2_4cb2e10fe44ef67fe49e251212cab806
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/152729
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Moraes, Paulo Cezar deRamos, Adriana RoeseEidt, Leticia Maria2017-02-18T02:42:50Z2016http://hdl.handle.net/10183/152729001000892A Hanseníase, ainda hoje, produz iniquidades associadas à memória de sua história e, no Brasil, é uma doença altamente incapacitante e de grande impacto na saúde pública. No Rio Grande do Sul, apesar de já ter alcançado a condição de eliminação como problema de saúde pública, a doença continua a fazer parte da sociedade, carregada de estigma e preconceito. Os trabalhos científicos que abordam a temática da Hanseníase são geralmente quantitativos e assim, pouco discutem os temores e necessidades que a singularidade do ser humano e suas experiências de vida apresentam, enquanto portadores da doença e, como no presente estudo, em Surto Reacional. Esse estudo surgiu com o objetivo de descrever e analisar as vivências de pacientes em acompanhamento de Surto Racional Hansênico, no Serviço de Hanseníase do Ambulatório de Dermatologia Sanitária do RS. O trabalho apresentou abordagem qualitativa e, os dados foram construídos por significações e motivações. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, com 20 pacientes, no período de maio a julho de 2015. Para a análise, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo. Os resultados demonstraram uma patologia com conotação estigmatizante muito forte e que perdura ao longo do tempo. Ainda que o poder público tenha modificado a terminologia oficial para Hanseníase, e seus correlatos, ela ainda hoje é associada fortemente a uma doença antiga, lepra, assustadora, que gera deformidades e segregação da sociedade. O presente trabalho demonstrou que a maioria dos entrevistados, apesar de descreverem sinais e sintomas do surto reacional e seus medicamentos, foram incapazes de reconhecer que estão vivenciando estes episódios. Esses achados são próximos a outros trabalhos já realizados, inclusive no mesmo serviço de hanseníase. Sugere-se a utilização de instrumentos como a Educação Permanente em Saúde, que parte do princípio do aprendizado a partir do cotidiano realizado no trabalho de forma compartilhada com práticas de ensino-aprendizado, fortalecendo o vínculo dentro do trabalho, permitindo os estranhamentos dos saberes e seu compartilhamento. Nesse mesmo caminho, sugere a construção de uma linha de cuidados na Hanseníase que contribuam e agreguem a integralidade, a equidade, e a longitudinalidade de cada usuário como preceito básico, utilizando-se de estratégias como a Clínica Ampliada e o Projeto Terapêutico Singular. É preciso descentralizar os cuidados aos pacientes, fortalecer a construção de políticas para pessoas portadoras de Hanseníase no âmbito Estadual e Municipal, pensar na regionalização da saúde para as necessidades de maior complexidade e ampliar a base de dados do SINAN incluindo o monitoramento dos Surtos Reacionais pós-tratamento com Poliquimioterapia.Hansen´s Disease still today produces inequities associated with the memory of its history and, in Brazil, is a highly disabling disease and of major impact on public health. In Rio Grande do Sul, despite having already achieved the status of nonexistent as status of a public health problem; the disease continues to be part of society, full of stigma and prejudice. Scientific studies that address the issue of Hansen´s Disease are usually quantitative and thus little discuss the fears and needs that the singularity of the human being and his life experiences have, as carriers of the disease and, as in this study, in Reactional Episodes. This study was meant to describe and analyze the experiences of patients in follow-up Outbreak Rational Leprosum in the Health of RS Dermatology Clinic Hansen´s Disease Service. The work presents a qualitative approach, and the data were constructed by meanings and motivations. The data were collected through semi-structured interviews with 20 patients in the period from May to July 2015. For the analysis, we used the content analysis method. The results showed a very stigmatized pathology that persists over time. Although the government has modified the official terminology for Hansen´s disease and its related, it is still strongly associated with an ancient disease, leprosy, scary, generating deformities and segregation of society. This study showed that the majority of respondents, despite describing signs and symptoms of reactional episodes and its medicines were unable to recognize that they are experiencing these disease episodes. These findings are close to other work already carried out, including the same Hansen´s disease service. It is suggested the use of instruments such as the Permanent Education in Health, that comes from the principle of daily work in a shared way, with teaching and learning practices, strengthening the bond within the work, allowing the strangeness of knowledge and your share. In the same way, it suggests the construction of a line of care in Hansen´s disease to contribute and add comprehensiveness, fairness, and longitudinality of each user as a basic precept, using strategies such as the Extended Clinical and Therapeutic Project. It is necessary to decentralize patient care, strengthen the construction of policies for people with Hansen´s disease in the state and municipal level, think of the regionalization of health for more complex needs and expand the SINAN database including the monitoring of Reactional Episodes post treatment with multidrug therapy.application/pdfporDoenças negligenciadasHanseníasePacientesSurtos de doençasVivênciasLeprosyPublic healthPromoting healthNeglected diseasesVivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sulinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPorto Alegre, BR-RS2016Saúde Coletiva: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001000892.pdf001000892.pdfTexto completoapplication/pdf983440http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/152729/1/001000892.pdf7ddb8c29a7821171bb89073206764d86MD51TEXT001000892.pdf.txt001000892.pdf.txtExtracted Texttext/plain161544http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/152729/2/001000892.pdf.txt4c39ef127d836b81c29070df9effbea6MD5210183/1527292017-08-30 02:33:50.361196oai:www.lume.ufrgs.br:10183/152729Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2017-08-30T05:33:50Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
title Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
spellingShingle Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
Moraes, Paulo Cezar de
Doenças negligenciadas
Hanseníase
Pacientes
Surtos de doenças
Vivências
Leprosy
Public health
Promoting health
Neglected diseases
title_short Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
title_full Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
title_fullStr Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
title_full_unstemmed Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
title_sort Vivências de pacientes em acompanhamento de surto reacional hansênico no ambulatório de dermatologia sanitária do Rio Grande do Sul
author Moraes, Paulo Cezar de
author_facet Moraes, Paulo Cezar de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Moraes, Paulo Cezar de
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Ramos, Adriana Roese
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Eidt, Leticia Maria
contributor_str_mv Ramos, Adriana Roese
Eidt, Leticia Maria
dc.subject.por.fl_str_mv Doenças negligenciadas
Hanseníase
Pacientes
Surtos de doenças
Vivências
topic Doenças negligenciadas
Hanseníase
Pacientes
Surtos de doenças
Vivências
Leprosy
Public health
Promoting health
Neglected diseases
dc.subject.eng.fl_str_mv Leprosy
Public health
Promoting health
Neglected diseases
description A Hanseníase, ainda hoje, produz iniquidades associadas à memória de sua história e, no Brasil, é uma doença altamente incapacitante e de grande impacto na saúde pública. No Rio Grande do Sul, apesar de já ter alcançado a condição de eliminação como problema de saúde pública, a doença continua a fazer parte da sociedade, carregada de estigma e preconceito. Os trabalhos científicos que abordam a temática da Hanseníase são geralmente quantitativos e assim, pouco discutem os temores e necessidades que a singularidade do ser humano e suas experiências de vida apresentam, enquanto portadores da doença e, como no presente estudo, em Surto Reacional. Esse estudo surgiu com o objetivo de descrever e analisar as vivências de pacientes em acompanhamento de Surto Racional Hansênico, no Serviço de Hanseníase do Ambulatório de Dermatologia Sanitária do RS. O trabalho apresentou abordagem qualitativa e, os dados foram construídos por significações e motivações. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, com 20 pacientes, no período de maio a julho de 2015. Para a análise, foi utilizado o método de Análise de Conteúdo. Os resultados demonstraram uma patologia com conotação estigmatizante muito forte e que perdura ao longo do tempo. Ainda que o poder público tenha modificado a terminologia oficial para Hanseníase, e seus correlatos, ela ainda hoje é associada fortemente a uma doença antiga, lepra, assustadora, que gera deformidades e segregação da sociedade. O presente trabalho demonstrou que a maioria dos entrevistados, apesar de descreverem sinais e sintomas do surto reacional e seus medicamentos, foram incapazes de reconhecer que estão vivenciando estes episódios. Esses achados são próximos a outros trabalhos já realizados, inclusive no mesmo serviço de hanseníase. Sugere-se a utilização de instrumentos como a Educação Permanente em Saúde, que parte do princípio do aprendizado a partir do cotidiano realizado no trabalho de forma compartilhada com práticas de ensino-aprendizado, fortalecendo o vínculo dentro do trabalho, permitindo os estranhamentos dos saberes e seu compartilhamento. Nesse mesmo caminho, sugere a construção de uma linha de cuidados na Hanseníase que contribuam e agreguem a integralidade, a equidade, e a longitudinalidade de cada usuário como preceito básico, utilizando-se de estratégias como a Clínica Ampliada e o Projeto Terapêutico Singular. É preciso descentralizar os cuidados aos pacientes, fortalecer a construção de políticas para pessoas portadoras de Hanseníase no âmbito Estadual e Municipal, pensar na regionalização da saúde para as necessidades de maior complexidade e ampliar a base de dados do SINAN incluindo o monitoramento dos Surtos Reacionais pós-tratamento com Poliquimioterapia.
publishDate 2016
dc.date.issued.fl_str_mv 2016
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2017-02-18T02:42:50Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/152729
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001000892
url http://hdl.handle.net/10183/152729
identifier_str_mv 001000892
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/152729/1/001000892.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/152729/2/001000892.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 7ddb8c29a7821171bb89073206764d86
4c39ef127d836b81c29070df9effbea6
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801224523603771392