A elevação variável das vogais médias pretônicas não desencadeada por vogal alta seguinte no português de Porto Alegre : da produção à percepção e avaliação linguística

• Autor(a) principal: Cunha, Victória Goulart
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/242610
• topic: Variação lingüística; Vogal; Comunidade de fala; Fonologia; Rising of pretonic mid-vowels; Phonology; Linguistic variation; Perception and evaluation

Este trabalho investiga a elevação variável das vogais médias pretônicas sem vogal alta seguinte no português falado em Porto Alegre (RS) (senhora ~ s[i]nhora, colher ~ c[u]lher), com objetivo de compreender os padrões de produção e de percepção e avaliação linguística desse fenômeno na comunidade. Para isso, tem-se como embasamento teórico a Teoria da Variação e Mudança (LABOV, 2008 [1972]) e teorias específicas sobre percepção e avaliação linguística (LAMBERT et al., 1960; GILES, 1970; PRESTON, 2010; ECKERT, 2004, OUSHIRO, 2021). Nesta pesquisa, realizam-se duas etapas metodológicas para a investigação do processo em questão: análise de regra variável e análise de percepção e avaliação linguística. A análise de regra variável, com análises em tempo real e em tempo aparente, se valeu dos acervos de entrevistas VARSUL (1990) e LínguaPOA (2015-2019). Foram controladas 7 variáveis linguísticas (Altura da vogal seguinte; Contexto precedente; Contexto seguinte; Nasalidade; Tipo de sílaba; Distância da sílaba tônica e Posição da sílaba) e 4 variáveis sociais (Gênero, Escolaridade, Faixa etária e Zona). Com os dados levantados, foi feita uma análise estatística de regressão logística, no programa R (interface RStudio). Os resultados indicam proporções de aplicação de baixas a moderadas. Para a vogal /e/, as proporções foram de 7% na análise em tempo aparente, em 3751 dados levantados de 32 entrevistas do LínguaPOA; e de 9,5% em 1075 dados de 12 entrevistas do VARSUL, 5,8% em 1513 dados de 12 entrevistas do LínguaPOA nas análises em tempo real. A elevação da vogal anterior apresentou correlações com Contexto precedente, Contexto seguinte e Faixa etária. Já para /o/, constatou-se 21% de aplicação da elevação na análise em tempo aparente, em 3292 dados levantados de 32 entrevistas do LínguaPOA; e de 23,5% em 1011 dados de 12 entrevistas do VARSUL e 22,5% em 1448 dados de 12 entrevistas do LínguaPOA nas análises em tempo real. A elevação da vogal posterior apresentou correlações com Altura da vogal seguinte, Contexto precedente, Contexto seguinte, Gênero e Faixa etária. Esses resultados indicam que o processo se encontra em estabilidade na comunidade e que pode ser entendido como uma regra variável nos moldes labovianos, com condicionamentos linguísticos e sociais. Em relação à análise de percepção e avaliação linguística, utilizamos a técnica dos estímulos pareados (LAMBERT et al., 1960) e escalas de atitude (GILES, 1970), a fim de captar atitudes dos porto-alegrenses perante falares com e sem elevação vocálica. Os resultados indicam que a elevação das vogais médias faz parte de um sistema de significação social, em que falares com elevação vocálica são percebidos como menos claros, menos bonitos e menos formais.