Influência de novos aprendizados sobre o processo de reorganização da memória de medo condicionado
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/26169 |
Resumo: | Objetivos: Após uma codificação inicial, a memória passa por um lento processo de reorganização e progressivamente torna-se independente do hipocampo, passando a ser armazenada difusamente no córtex. Esse fenômeno é conhecido como Consolidação Sistêmica da memória e, apesar do grande número de evidências, ainda não é totalmente compreendido. Nossos objetivos foram investigar quanto tempo uma memória de medo condicionado leva para tornar-se independente do hipocampo (Experimento 1) e se a aquisição de novas memórias durante este período pode interferir com esse processo (Experimento 2 ). Métodos: Ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de Condicionamento Aversivo ao Contexto (3min - 2 choques 0,7mA - 1min) e testados 1, 35 ou 45 dias depois, no Experimento 1, e 20 dias depois no Experimento 2. No teste, em ambos os experimentos, os animais foram infundidos com Muscimol (1ug/lado), droga classicamente amnésica, ou seu Veículo (TFS) no hipocampo dorsal (15min préteste). As respostas de medo (“freezing”) foram medidas por 4min e expressas como porcentagem do tempo total. No experimento 2, os animais foram separados em dois grupos: Sem Multitarefas (ST) e Multitarefas (MT). O grupo MT foi submetido no intervalo entre treino e teste às tarefas adicionais de Reconhecimento de Objetos e Labirinto Aquático de Morris, enquanto o grupo ST não passou por nenhuma experiência nova. Após a conclusão do experimento, realizamos um teste motor no Campo Aberto e de ansiedade no Labirinto em Cruz Elevado. Foi utilizado o teste t no experimento 1 e ANOVA de uma via com Post Hoc de Tukey no experimento 2. Os resultados estão expressos como média ± erro padrão. N = 6-13 por grupo. Resultados: No experimento 1, houve diferença significativa entre os grupos TFS (64,3 ± 8,4) e Muscimol (31,5 ± 5,5) quando o teste foi realizado 1 dia após o treino (p<0,05). Também encontramos diferença entre TFS (56,2 ± 3,6) e Muscimol (33,3 ± 5,9) no teste feito em 35 dias (p=0,006). Porém, não houve nenhuma diferença entre TFS (49,7 ± 6,1) e Muscimol (44,7 ± 6,9) no teste feito em 46 dias (p=0,6). No experimento 2, houve diferença entre os animais que receberam TFS (63,4 ± 3,5) e Muscimol (38,4 ± 6,7) no grupo ST (p=0,02). Porém, não houve nenhuma diferença entre TFS (56,5 ± 4,5) e Muscimol (52,8 ± 6,5) no grupo MT (p=0,97). Além do mais, os animais do grupo MT aprenderam efetivamente as tarefas adicionais a que foram expostos, e não demonstraram nenhuma alteração motora, exploratória ou de ansiedade. Conclusões: A memória de medo condicionado permaneceu dependente do hipocampo por cerca de 40 dias. No entanto, quando os animais foram expostos a aprendizados adicionais durante esse período, essa mesma memória já era independente do hipocampo 20 dias depois do aprendizado. Com esses resultados podemos inferir que a aquisição de novos aprendizados provavelmente acelera a consolidação sistêmica do medo condicionado, fazendo com que essa memória “saia” do hipocampo mais cedo. Nossos dados indicam que o processo de reorganização da memória não é estático, e sim um fenômeno dinâmico e plástico que pode ser influenciado por novas experiências. |
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