Mudanças climáticas e a retração de geleiras da Cordilheira Vilcanota (vertente do Atlântico), Peru, entre 1985 e 2021

• Autor(a) principal: Costa, Rafaela Mattos
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/273733
• topic: Glaciologia; Mudanças climáticas; Retração de geleiras; Hipsometria glacial; Vilcanota, Cordilheira (Peru); Vilcanota Mountain Range; Climate changes; Glacier retreat; Glacial hypsometry

O aquecimento global representa uma ameaça urgente e potencialmente irreversível para as sociedades humanas e para o planeta. Nesse contexto de mudanças climáticas, as geleiras do Peru apresentaram perda significativa de área nos últimos anos. Esta monografia objetivou investigar a retração glacial em diferentes faixas de altitude e relacionar às características e mudanças climáticas da Cordilheira Vilcanota (CV) – (vertente do Atlântico), entre 1985 e 2021. Estruturou-se a pesquisa em três momentos. Primeiramente, foi realizada a elaboração cartográfica, a fim de identificar a retração das geleiras e a distribuição hipsométrica glacial (1985-2021). Para tal, a frente glacial foi mapeada e foi realizada a identificação da elevação mínima das geleiras para os anos de 1985, 1991, 2011 e 2021. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a fim de obter e analisar características sobre as mudanças climáticas da área de estudo. As frentes das geleiras da CV apresentaram aumento da elevação mínima entre 1985 e 2021. A área de estudo perdeu 39% (37,4 km²) da superfície glacial entre 1985 e 2021 (36 anos). A maior retração ocorreu entre 2002 e 2011, especialmente na primeira metade desse período (2002 a 2006). A hipsometria glacial indicou variação negativa (retração das geleiras) em todos os intervalos de elevação, exceto nas altitudes mais elevadas – a partir de 5600 m até a elevação máxima (6034 m) – que não apresentaram variação, ou a única vez em que foi positiva, entre 2002 e 2011 no intervalo 5901-6000 m. As perdas mais significativas de área glacial ocorreram entre as elevações 5101 e 5500 m, concentrando-se, principalmente, nas duas últimas décadas. Entre essas, destaca-se como expressivas mudanças entre 5201 e 5400 m de altitude no período de 2002 a 2011. Resultados da pesquisa bibliográfica indicaram mudanças no clima da região da CV recentes, como aumento da temperatura média anual do ar por década, correlação moderada entre a temperatura média anual do ar e a taxa de mudança da área de gelo, redução da precipitação no verão e, consequentemente, a menor presença de nuvens (cenário que favorece a retração), e correlação entre o número de dias de geada no ano e a perda de área de gelo. As atividades econômicas e culturais da área de estudo estão intrinsecamente associadas à qualidade e quantidade de recursos naturais, especialmente água e solo que, por sua vez, estão relacionados às geleiras. Dessa forma, a retração glacial impacta negativamente a Sociocriosfera da CV. Nesse sentido, salienta-se a necessidade de investimento em políticas públicas focadas em estratégias de adaptação às mudanças climáticas e, em vista da escassez dos recursos hídricos e suas consequências para as populações da cordilheira, é relevante o monitoramento de geleiras, rios, lagos e demais componentes hidrológicos, sendo as pesquisas científicas uma fonte de contribuição em potencial para o diagnóstico de impactos ambientais e climáticos