“Miami pra eles? ‘me ame pra nós!’” : a antropofagia periférica em Os supridores, de José Falero

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lopes, Kainan Porto Alegre
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/270421
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo promover uma análise do romance Os supridores, do escritor porto-alegrense José Falero, sob o conceito de antropofagia periférica, examinado à luz dos manifestos Terrorismo literário, de Ferréz (2005), e Manifesto da Antropofagia Periférica, de Sérgio Vaz (2008). Para tanto, foi necessário empreender uma breve exposição sobre o Manifesto Antropófago (1995), de Oswald de Andrade, analisando sua importância para a construção de uma sensibilidade cultural brasileira, que se prolonga para além do modernismo, ganhando repercussão em movimentos contraculturais das décadas de 1960 e 1970, com desdobramentos na produção contemporânea das periferias urbanas do Brasil. Partindo da premissa de que Oswald de Andrade ora exclui a negritude na construção da sua conceitualização antropófaga (Cardoso, 2022), ora inclui o negro à sociedade capitalista, dissimulando, desta feita, o passado colonial e escravocrata mediante a defesa da democracia racial (Rodrigues; Said, 2022), evidencia-se que a literatura marginal-periférica, em contraponto, surge nas periferias dos grandes centros urbanos enquanto formulação teórica e estética da negritude. Dessa forma, respaldado no conceito de literatura marginal-periférica, teorizado por Érica Peçanha do Nascimento (2008; 2013) e Lucía Tennina (2013); bem como nas contribuições de autores que põem em xeque o discurso colonial sob uma ótica racial e étnica, a exemplo de Aníbal Quijano (2005) e Abdias Nascimento (2016), busca-se analisar as características e os meandros do conceito de antropofagia periférica presentes no romance Os supridores, visto que a obra subverte a hegemonia branca dentro do contexto intelectual brasileiro, pois apresenta uma narrativa que aborda contextos de opressão, racismo e violência deflagrados nas periferias de Porto Alegre. Soma-se a isso uma contraposição da antropofagia oswaldiana face à antropofagia periférica, a fim de elaborar a compreensão de que, enquanto a primeira mascara a presença negra em sua formulação teórica ou, quando a referencia, ignora o passado colonial e escravocrata brasileiro, a segunda desmantela o conceito de democracia racial, ao devolver o lugar de enunciador ao povo negro.
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Partindo da premissa de que Oswald de Andrade ora exclui a negritude na construção da sua conceitualização antropófaga (Cardoso, 2022), ora inclui o negro à sociedade capitalista, dissimulando, desta feita, o passado colonial e escravocrata mediante a defesa da democracia racial (Rodrigues; Said, 2022), evidencia-se que a literatura marginal-periférica, em contraponto, surge nas periferias dos grandes centros urbanos enquanto formulação teórica e estética da negritude. Dessa forma, respaldado no conceito de literatura marginal-periférica, teorizado por Érica Peçanha do Nascimento (2008; 2013) e Lucía Tennina (2013); bem como nas contribuições de autores que põem em xeque o discurso colonial sob uma ótica racial e étnica, a exemplo de Aníbal Quijano (2005) e Abdias Nascimento (2016), busca-se analisar as características e os meandros do conceito de antropofagia periférica presentes no romance Os supridores, visto que a obra subverte a hegemonia branca dentro do contexto intelectual brasileiro, pois apresenta uma narrativa que aborda contextos de opressão, racismo e violência deflagrados nas periferias de Porto Alegre. Soma-se a isso uma contraposição da antropofagia oswaldiana face à antropofagia periférica, a fim de elaborar a compreensão de que, enquanto a primeira mascara a presença negra em sua formulação teórica ou, quando a referencia, ignora o passado colonial e escravocrata brasileiro, a segunda desmantela o conceito de democracia racial, ao devolver o lugar de enunciador ao povo negro.El presente trabajo tiene como objetivo promover un análisis de la novela Os supridores, del escritor porto-alegrense José Falero, bajo el concepto de antropofagia periférica, a la luz de los manifiestos Terrorismo literario (2005), de Ferréz, y Manifesto da Antropofagia Periférica (2008), de Sérgio Vaz. Por lo tanto, fue necesario emprender una breve exposición sobre el texto Manifiesto Antropófago (1995), de Oswald de Andrade, analizando su importancia para la construcción de una sensibilidad cultural brasileña, que se extiende para más allá del modernismo, adquiriendo repercusión en movimientos contraculturales de las décadas de 1960 y 1970, con desdoblamientos en la producción contemporánea de las periferias urbanas de Brasil. Por otra parte, partiendo de la premisa que Oswald de Andrade ora excluye la negritud en la construcción de su conceptualización antropófaga (Cardoso, 2022), ora incluye al negro a la sociedad capitalista, disimulando, por lo tanto, el pasado colonial y esclavócrata mediante la defensa de la democracia racial (Rodrigues; Said, 2022), se evidencia que la literatura marginal periférica, en cambio, surge en las periferias de los grandes centro urbanos como formulación teórica y estética de la negritud. De este modo, respaldado en el concepto de literatura marginal periférica, teorizado por Érica Peçanha do Nascimento (2008; 2019) y Lucía Tennina (2013); además de las contribuciones de los autores que ponen en jaque el discurso colonial a partir de una mirada racial y étnica, tal como Aníbal Quijano (2005) y Abdias Nascimento (2016), se busca analizar los rasgos y los meandros del concepto de antropofagia periférica presentes en la novela Os supridores, ya que la obra subvierte la hegemonía blanca dentro del contexto intelectual brasileño, pues presenta una narrativa que aborda contextos de opresión, racismo y violencia que ocurren en las periferias de Porto Alegre. Se suma a eso una contraposición de la antropofagia oswaldiana con respecto a la antropofagia periférica, a fin de elaborar la comprensión de que, mientras la primera mascara la presencia negra en su formulación teórica o, cuando la referencia, ignora el pasado colonial y esclavócrata brasileño, la segunda desarticula el concepto de democracia racial al devolver el lugar de enunciador a la población negra.application/pdfporFalero, JoséAnálise literáriaAntropofagia periféricaLiteratura marginal“Miami pra eles? ‘me ame pra nós!’” : a antropofagia periférica em Os supridores, de José Faleroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPorto Alegre, BR-RS2023Letras: Português e Espanhol: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001193210.pdf.txt001193210.pdf.txtExtracted Texttext/plain186891http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270421/2/001193210.pdf.txt1ef6d7a58ef89736cd90fd95857537b4MD52ORIGINAL001193210.pdfTexto completoapplication/pdf777760http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/270421/1/001193210.pdf8b7206f0b719cc690739544b7a9051b8MD5110183/2704212024-03-24 04:58:30.369207oai:www.lume.ufrgs.br:10183/270421Repositório InstitucionalPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.bropendoar:2024-03-24T07:58:30Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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