Do berço colonial à dinâmica não linear : o despertar da percepção da fala nos estudos em fonologia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Perozzo, Reiner Vinicius
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Kupske, Felipe Flores
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/256348
Resumo: Embora saibamos que a percepção da fala desempenha papel central no desenvolvimento linguístico, sua adoção na teoria fonológica enfrentou resistência teórica e metodológico-tecnológica. Todavia, o interesse pela área tem aumentado por dois motivos principais: o avanço tecnológico das ciências da fala e as tentativas de incorporação de princípios perceptuais a modelos fonológicos tradicionais. Neste artigo, advogamos que o despertar tardio da percepção na fonologia está relacionado ao seu berço colonial e, como consequência, ao modo como algumas teorias/modelos linguísticos cartesianos enxergam e validam o indivíduo e o individual e, por conseguinte, a produção e a percepção da fala, construtos que, em modelos clássicos de fonologia, não se inserem nas definições de língua. A marginalização da percepção está relacionada ao “epistemicídio” (SANTOS, 2019, p. 28) provocado por paradigmas científicos (linguísticos) hegemônicos que tiveram o suporte da privilegiada ciência moderna. Logo, neste trabalho, pretendemos descolonizar a fonologia, fundamentando-nos em uma proposta científica calcada na Complexidade, trazendo à tona uma leitura crítica da dicotomia langue-parole. Na perspectiva adotada neste texto, a gramática fonológica é orientada pelas ações individuais de superfície, e a percepção de suas unidades fônicas torna-se primordial para que seja instanciada.
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A marginalização da percepção está relacionada ao “epistemicídio” (SANTOS, 2019, p. 28) provocado por paradigmas científicos (linguísticos) hegemônicos que tiveram o suporte da privilegiada ciência moderna. Logo, neste trabalho, pretendemos descolonizar a fonologia, fundamentando-nos em uma proposta científica calcada na Complexidade, trazendo à tona uma leitura crítica da dicotomia langue-parole. Na perspectiva adotada neste texto, a gramática fonológica é orientada pelas ações individuais de superfície, e a percepção de suas unidades fônicas torna-se primordial para que seja instanciada.Although we know speech perception plays a central role in language development, its adoption in the phonological theory has faced theoretical and methodological-technological resistance. However, interest in the area has increased for two main reasons: technological advances in speech sciences and the attempts to incorporate perceptual principles into traditional phonological models. In this article, we advocate that the late awakening of speech perception in phonology is related to its colonial cradle and to the way in which some Cartesian linguistic theories/models see and validate the individual and the individual acts, and, consequently, speech production and perception, constructs that in classical models of phonology do not fit in the definitions of language. The marginalization of perception is related to the “epistemicide” (SANTOS, 2019, p. 28) caused by hegemonic scientific (linguistic) paradigms supported by the privileged modern science. Thus, in this work, we seek to decolonize phonology, based on a scientific proposal grounded in Complexity, bringing to light a critical interpretation of the langue-parole dichotomy. In the perspective adopted in this text, the phonological grammar is guided by individual surface actions, and the perception of its phonic units becomes essential in order for it to be instantiated.Si bien sabemos que la percepción del habla tiene un papel central en el desarrollo lingüístico, su adopción en la teoría fonológica enfrentó resistencias teóricas y metodológicas-tecnológicas. Sin embargo, el interés en el área ha aumentado por dos razones principales: los avances tecnológicos en las ciencias del habla y los intentos de incorporar principios de percepción en los modelos fonológicos tradicionales. En este artículo defendemos que el despertar tardío de la percepción en fonología está relacionado con su cuna colonial y, en consecuencia, con la forma en que algunas teorías/modelos lingüísticos cartesianos ven y validan al individuo y al individual y, por tanto, a la producción y percepción del habla, construcciones que, en los modelos fonológicos clásicos, no encajan en las definiciones del lenguaje. La marginación de la percepción se relaciona con el “epistemicidio” (SANTOS, 2019, p. 28) provocado por paradigmas científicos (lingüísticos) hegemónicos que contaron con el apoyo de la ciencia moderna privilegiada. Por lo tanto, en este trabajo pretendemos descolonizar la fonología, a partir de una propuesta científica fundamentada en la Complejidad, trayendo a la luz una lectura crítica de la dicotomía langue-parole. En la perspectiva adoptada en este texto, la gramática fonológica se guía por acciones superficiales individuales, y la percepción de sus unidades fónicas se vuelve esencial para que sea instanciada.application/pdfporLetrônica. Porto Alegre, RS. Vol. 15, n. 1 (jan./dez. 2022), e-42641, p. 1-15FonologiaPercepçãoFalaLinguísticaComplexidadePhonologySpeech perceptionComplexityFonologíaPercepción del hablaComplejidadDo berço colonial à dinâmica não linear : o despertar da percepção da fala nos estudos em fonologiaFrom the colonial cradle to non-linear dynamics : the awakening of speech perception in phonologyDe la cuna colonial a la dinámica no lineal : el despertar de la percepción del habla en los estudios de fonologíainfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001165583.pdf.txt001165583.pdf.txtExtracted Texttext/plain68375http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/256348/2/001165583.pdf.txt580e348fffa98c1f31144817a6c0d4ceMD52ORIGINAL001165583.pdfTexto completoapplication/pdf364705http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/256348/1/001165583.pdffea7f514f7a6d79de26009df7b1ef350MD5110183/2563482023-03-30 03:21:38.113077oai:www.lume.ufrgs.br:10183/256348Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-03-30T06:21:38Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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