Racismo, ambiente alimentar e insegurança alimentar em adultos de uma capital do Sul do Brasil
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/273154 |
Resumo: | O racismo é considerado um determinante estrutural das iniquidades em saúde, dada sua relação com diversos desfechos na saúde da população negra. A insegurança alimentar (IA) é um dos desfechos que ocorre com mais frequência nesta população, que também é a que parece estar mais exposta a ambientes alimentares com menor oferta de alimentos, principalmente saudáveis. Ainda não existe nenhum estudo que tenha investigado a relação entre racismo, IA e ambiente alimentar. Este estudo analisou a relação entre racismo, ambiente alimentar e (IA) em adultos de diferentes níveis socioeconômicos. Trata-se de um estudo transversal que foi conduzido em uma amostra de 400 adultos entre 20 e 70 anos de idade, residentes da área central de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O racismo foi medido individualmente de forma indireta, através da raça/cor de pele, e de forma direta, através do questionário Experiences of Discrimination (EOD). A avaliação do ambiente alimentar comunitário foi realizada utilizando o questionário Nutrition Environment Measures Survey in Stores (NEMS-S). A IA foi avaliada através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A descrição das variáveis categóricas foi feita por meio de medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%), e as variáveis numéricas foram descritas através de medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão, intervalo interquartil e valores mínimos e máximos). Foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) e teste Wald para tendência linear. A prevalência de IA no total da amostra foi de 51,1%. Houve associação entre IA e áreas de pior ambiente alimentar (áreas 1 e 3), com prevalência de 56,6% de IA na área 1 e de 58,8% na área 3. A discriminação racial esteve associada à IA, sendo que o aumento de 1 ponto no escore de discriminação eleva em 1% a probabilidade de ter IA na amostra. Ao estratificar pelo ambiente alimentar, a discriminação racial esteve associada à IA apenas nas áreas com pior ambiente alimentar. Dessa forma, os resultados mostram que o ambiente alimentar pode ser um dos fatores mediadores da relação entre discriminação racial e IA em áreas de baixo nível socioeconômico, evidenciando a necessidade de intervenções no ambiente alimentar focadas em áreas com maior presença de pessoas negras como uma forma de enfrentamento do racismo estrutural e da insegurança alimentar. |
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Vargas, Emanuele Bottega deCanuto, Raquel2024-03-09T05:01:43Z2024http://hdl.handle.net/10183/273154001197936O racismo é considerado um determinante estrutural das iniquidades em saúde, dada sua relação com diversos desfechos na saúde da população negra. A insegurança alimentar (IA) é um dos desfechos que ocorre com mais frequência nesta população, que também é a que parece estar mais exposta a ambientes alimentares com menor oferta de alimentos, principalmente saudáveis. Ainda não existe nenhum estudo que tenha investigado a relação entre racismo, IA e ambiente alimentar. Este estudo analisou a relação entre racismo, ambiente alimentar e (IA) em adultos de diferentes níveis socioeconômicos. Trata-se de um estudo transversal que foi conduzido em uma amostra de 400 adultos entre 20 e 70 anos de idade, residentes da área central de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O racismo foi medido individualmente de forma indireta, através da raça/cor de pele, e de forma direta, através do questionário Experiences of Discrimination (EOD). A avaliação do ambiente alimentar comunitário foi realizada utilizando o questionário Nutrition Environment Measures Survey in Stores (NEMS-S). A IA foi avaliada através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A descrição das variáveis categóricas foi feita por meio de medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%), e as variáveis numéricas foram descritas através de medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão, intervalo interquartil e valores mínimos e máximos). Foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) e teste Wald para tendência linear. A prevalência de IA no total da amostra foi de 51,1%. Houve associação entre IA e áreas de pior ambiente alimentar (áreas 1 e 3), com prevalência de 56,6% de IA na área 1 e de 58,8% na área 3. A discriminação racial esteve associada à IA, sendo que o aumento de 1 ponto no escore de discriminação eleva em 1% a probabilidade de ter IA na amostra. Ao estratificar pelo ambiente alimentar, a discriminação racial esteve associada à IA apenas nas áreas com pior ambiente alimentar. Dessa forma, os resultados mostram que o ambiente alimentar pode ser um dos fatores mediadores da relação entre discriminação racial e IA em áreas de baixo nível socioeconômico, evidenciando a necessidade de intervenções no ambiente alimentar focadas em áreas com maior presença de pessoas negras como uma forma de enfrentamento do racismo estrutural e da insegurança alimentar.Racism is recognized as a structural determinant of health inequities due to its correlation with various health outcomes in the Black and Brown population. Food insecurity (FI) stands out as one of the most prevalent outcomes in this population, which also seems to be more exposed to food environments with a lower supply of food, especially healthy ones. Currently, there are no studies that have investigated the relationship between racism, FI and food environment. This study analyzed the relationship between racism, food environment and FI among adults of different socioeconomic levels. This is a cross-sectional study conducted on a sample of 400 adults aged between 20 and 70 years, residents of the central area of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Racism was measured individually indirectly, through race/skin color, and directly, through the Experiences of Discrimination (EOD) questionnaire. The assessment of the community food environment was carried out using the Nutrition Environment Measures Survey in Stores (NEMS-S) questionnaire. FI was measured using the Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Categorical variables were described by absolute (n) and relative frequency (%), and numerical variables by using measures of central tendency (mean and median) and dispersion (standard deviation, interquartile range and minimum and maximum values). Poisson regression with robust variance and its respective 95% confidence intervals (95%CI) and Wald test for linear trend were used. The overall prevalence of FI in the sample was 51.1%. A significant association was observed between FI and areas with poorer food environments (areas 1 and 3), with a prevalence of 56.6% in Area 1 and 58.8% in Area 3. Racial discrimination was associated with FI, with an increase of 1 point in the discrimination score increasing the probability of having IA in the sample by 1%. Upon stratification by the food environment, racial discrimination was associated with FI only in areas characterized by a more compromised food environment. Thus, these findings show the potential mediating role of the food environment in the relationship between racial discrimination and FI in areas of low socioeconomic status, highlighting the necessity for interventions in the food environment specifically focused on areas with a higher concentration of Black and Brown individuals as a strategic approach to address structural racism and food insecurity.application/pdfporInsegurança alimentarRacismoDeterminantes sociais da saúdeAbastecimento de alimentosDesertos alimentaresRacismFood insecuritySocial determinants of healthFood supplyFood desertsRacismo, ambiente alimentar e insegurança alimentar em adultos de uma capital do Sul do Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPorto Alegre, BR-RS2024Nutriçãograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001197936.pdf.txt001197936.pdf.txtExtracted Texttext/plain60092http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273154/2/001197936.pdf.txt28aaa3e6e4071ec7a894d9d67cd261c3MD52ORIGINAL001197936.pdfTexto parcialapplication/pdf766110http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273154/1/001197936.pdfc26a17a9de321b87700058b8f2df50cfMD5110183/2731542024-03-10 04:53:08.444519oai:www.lume.ufrgs.br:10183/273154Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-03-10T07:53:08Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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O racismo é considerado um determinante estrutural das iniquidades em saúde, dada sua relação com diversos desfechos na saúde da população negra. A insegurança alimentar (IA) é um dos desfechos que ocorre com mais frequência nesta população, que também é a que parece estar mais exposta a ambientes alimentares com menor oferta de alimentos, principalmente saudáveis. Ainda não existe nenhum estudo que tenha investigado a relação entre racismo, IA e ambiente alimentar. Este estudo analisou a relação entre racismo, ambiente alimentar e (IA) em adultos de diferentes níveis socioeconômicos. Trata-se de um estudo transversal que foi conduzido em uma amostra de 400 adultos entre 20 e 70 anos de idade, residentes da área central de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O racismo foi medido individualmente de forma indireta, através da raça/cor de pele, e de forma direta, através do questionário Experiences of Discrimination (EOD). A avaliação do ambiente alimentar comunitário foi realizada utilizando o questionário Nutrition Environment Measures Survey in Stores (NEMS-S). A IA foi avaliada através da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A descrição das variáveis categóricas foi feita por meio de medidas de frequência absoluta (n) e relativa (%), e as variáveis numéricas foram descritas através de medidas de tendência central (média e mediana) e de dispersão (desvio padrão, intervalo interquartil e valores mínimos e máximos). Foi utilizada regressão de Poisson com variância robusta, e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) e teste Wald para tendência linear. A prevalência de IA no total da amostra foi de 51,1%. Houve associação entre IA e áreas de pior ambiente alimentar (áreas 1 e 3), com prevalência de 56,6% de IA na área 1 e de 58,8% na área 3. A discriminação racial esteve associada à IA, sendo que o aumento de 1 ponto no escore de discriminação eleva em 1% a probabilidade de ter IA na amostra. Ao estratificar pelo ambiente alimentar, a discriminação racial esteve associada à IA apenas nas áreas com pior ambiente alimentar. Dessa forma, os resultados mostram que o ambiente alimentar pode ser um dos fatores mediadores da relação entre discriminação racial e IA em áreas de baixo nível socioeconômico, evidenciando a necessidade de intervenções no ambiente alimentar focadas em áreas com maior presença de pessoas negras como uma forma de enfrentamento do racismo estrutural e da insegurança alimentar. |
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