Vida : simulando violência doméstica em tempos de quarentena

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Madeira, Lígia Mori
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Furtado, Bernardo Alves, Dill, Alan Rafael
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/220166
Resumo: A violência contra a mulher ocorre predominantemente no contexto familiar e doméstico. A pandemia de Covid-19 (Sars-COV-2) levou o Brasil a recomendar e, por vezes, impor o distanciamento social, com fechamento parcial de atividades econômicas, escolas e restrições de eventos e serviços públicos. Com isso, houve intensificação da presença das famílias na sua própria residência. Há indícios preliminares de que a convivência mais intensa gerou aumento nos casos de violência doméstica, ao mesmo tempo que pode ter coibido acesso a redes e serviços públicos e causado privação de informação e ajuda. Propomos um modelo baseado em agentes (ABM), denominado VIDA (VIolência DomésticA), no intuito de ilustrar e examinar fatores multicausais que influenciam eventos geradores de violência. A formalização dos efeitos permite testar presença ou ausência de sistemas de dissuasão e aumento da intensidade da permanência no domicílio. A parte central do modelo reflete a criação de um indicador de stress, multicausal, que funciona como probabilidade de ocorrência de ataque à mulher no ambiente familiar. Ao mesmo tempo, foi implementado um sistema de dissuasão baseado em denúncia, solicitação de proteção e acusação do agressor. VIDA foi calibrado para os números de notificações de violência coletados pelo Senado Federal para 2011. Após a análise de sensibilidade, dois testes são realizados: i) a ausência ou a presença do sistema de dissuasão; e ii) a quarentena forçada. VIDA apresenta ordens de magnitude por áreas de concentração e áreas de ponderação (APs) para esses testes. VIDA indica que a quarentena pode ter aumentado a violência contra a mulher em cerca de 10%. Os resultados das simulações com VIDA sugerem ainda que locais mais populosos apresentam comparativamente menos ataques por 100 mil mulheres do que capitais menos populosas ou áreas rurais das concentrações urbanas. As contribuições do trabalho incluem a formalização de um modelo de violência doméstica por meio de modelagem baseada em agentes, ao que parece, inexistente na literatura, que ilustra fatores socioeconômicos, demográficos, educacionais, de gênero e cor, com dados detalhados no nível intraurbano e para todas as grandes aglomerações populacionais brasileiras. Adicionalmente, todo um processo de geração de população artificial para a simulação foi criada e está disponível, assim como todo o código do modelo, com acesso livre, em repositório público, na internet.
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A formalização dos efeitos permite testar presença ou ausência de sistemas de dissuasão e aumento da intensidade da permanência no domicílio. A parte central do modelo reflete a criação de um indicador de stress, multicausal, que funciona como probabilidade de ocorrência de ataque à mulher no ambiente familiar. Ao mesmo tempo, foi implementado um sistema de dissuasão baseado em denúncia, solicitação de proteção e acusação do agressor. VIDA foi calibrado para os números de notificações de violência coletados pelo Senado Federal para 2011. Após a análise de sensibilidade, dois testes são realizados: i) a ausência ou a presença do sistema de dissuasão; e ii) a quarentena forçada. VIDA apresenta ordens de magnitude por áreas de concentração e áreas de ponderação (APs) para esses testes. VIDA indica que a quarentena pode ter aumentado a violência contra a mulher em cerca de 10%. Os resultados das simulações com VIDA sugerem ainda que locais mais populosos apresentam comparativamente menos ataques por 100 mil mulheres do que capitais menos populosas ou áreas rurais das concentrações urbanas. As contribuições do trabalho incluem a formalização de um modelo de violência doméstica por meio de modelagem baseada em agentes, ao que parece, inexistente na literatura, que ilustra fatores socioeconômicos, demográficos, educacionais, de gênero e cor, com dados detalhados no nível intraurbano e para todas as grandes aglomerações populacionais brasileiras. Adicionalmente, todo um processo de geração de população artificial para a simulação foi criada e está disponível, assim como todo o código do modelo, com acesso livre, em repositório público, na internet.Violence against women occurs predominantly in the family and domestic context. The Covid-19 (Sars-COV-2) pandemic led Brazil to recommend and, at times, impose social distance, with a partial closure of economic activities, schools, and restrictions on events and public services. As a result, there was an intensification of the presence of families in their residence. Preliminary evidence shows that intense coexistence increases domestic violence. At the same time, quarantine may have prevented access to public networks and services and deprivation of information and help. We propose an agentbased model (ABM), called VIDA, to illustrate and examine multi-causal factors that influence events that generate violence. The formalization of the effects allows testing the presence or absence of deterrence systems and increasing the intensity of the stay at home. A central part of the model reflects the creation of a multi-causal stress indicator, which functions as the probability of an attack occurring in the family environment. At the same time, a deterrent system based on reporting, requesting protection and accusing the perpetrator was implemented. VIDA was calibrated for the numbers of notifications of violence collected by the Federal Senate in 2011. After a sensitivity analysis, two tests are performed: i) absence or presence of the deterrence system and forced quarantine. VIDA presents orders of magnitude for Areas of concentration and weighting areas for these tests. VIDA indicates that quarantine may have increased violence against women by about 10%. The results of simulations with VIDA suggest that more populated sites have comparatively fewer attacks per hundred thousand women than less populous capitals or rural areas of urban concentrations. The paper’s contributions include the formalization of a model of domestic violence through agent-based modeling, which, it seems, does not exist in the literature, which illustrates socioeconomic, demographic, educational, gender and color factors, with detailed data at the intra-urban and for all major Brazilian population agglomerations. In addition, a whole process of generation of an artificial population for the simulation was created and is available, as well as all the model code, with free access, in a public repository, on the internet.application/pdfporTexto para discussão : IPEA. Brasília, DF. N. 2633 (mar. 2021), p. [1]-48Violência domésticaCOVID-19 (Doença)PandemiasViolência contra a mulherSociologiaDomestic violenceViolence against womenAgent-based models pandemicsSimulationMetropolitan regionsVida : simulando violência doméstica em tempos de quarentenainfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001123901.pdf.txt001123901.pdf.txtExtracted Texttext/plain108375http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/220166/2/001123901.pdf.txt4023d85ccd5bd17cfa8ca1b8cb87cc2aMD52ORIGINAL001123901.pdfTexto completoapplication/pdf2712305http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/220166/1/001123901.pdfb1f7fd3a18f4756c7b2eb20712447eabMD5110183/2201662023-07-06 03:51:29.349351oai:www.lume.ufrgs.br:10183/220166Repositório InstitucionalPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.bropendoar:2023-07-06T06:51:29Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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