Perfil imunoinflamatório no continuum da insuficiência cardíaca
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2005 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/164265 |
Resumo: | O conceito de que o processo inflamatório poderia ser importante na patogênese de doenças cardiovasculares ganhou maior impulso com a hipótese da lesão vascular de Russel Ross para o desenvolvimento da aterosclerose. A partir deste conceito, o conhecimento e a pesquisa na área de aterosclerose coronária pós-transplante cardíaco também foram impulsionados, além de servirem como modelo pertinente para o estudo de aspectos inflamatórios relacionados à parede vascular. Uma vez caracterizado que a vasculatura poderia ser alvo e até fonte de estímulo inflamatório, o coração também passou a ser visto como tal a partir da detecção de mediadores inflamatórios na circulação em pacientes com insuficiência cardíaca. Esta revisão aborda evidências de investigação básica e clínica relacionadas aos aspectos imunoinflamatórios na aterosclerose e em situações de disfunção ventricular. Os resultados da linha de trabalhos experimentais apontam uma relação de causa e efeito entre ativação imunoinflamatória na parede vascular e acúmulo de fibronectina, o que contribui para a formação neo-intimal em coronárias de suínos submetidos a transplante cardíaco. Achados similares foram observados em fragmentos de lesões ateroscleróticas coronárias obtidas por aterectomia de pacientes submetidos a transplante cardíaco. Também em lesões coronárias por reestenose, foram identificados marcadores inflamatórios e acúmulo de matriz extracelular, indicando um padrão imunoinflamatório nesta condição, o que foi semelhante ao padrão observado em lesões de macrovasculopatia diabética, situação em que há um agressivo processo aterosclerótico. Além disto, marcadores inflamatórios foram também observados em situações de risco cardiovascular aumentado sem evidência de vasculopatia anatomicamente significativa: diabetes melito associado à dislipidemia e pacientes com dor torácica, porém, sem lesões coronárias angiograficamente definidas. Finalmente, um gradiente imunoinflamatório foi identificado em pacientes com insuficiência cardíaca, e marcadores inflamatórios foram associados a mau prognóstico no choque séptico e a aparecimento de disfunção ventricular pós-cirurgia de revascularização miocárdica. Em conclusão, este conjunto de dados reforça o envolvimento do sistema cardiovascular no processo de ativação imunoinflamatória, o que parece contribuir para a progressão de pelos menos duas condições patológicas importantes: a doença aterosclerótica e o desenvolvimento de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca. |
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Clausell, Nadine Oliveira2017-07-22T02:39:29Z20050101-5575http://hdl.handle.net/10183/164265000518195O conceito de que o processo inflamatório poderia ser importante na patogênese de doenças cardiovasculares ganhou maior impulso com a hipótese da lesão vascular de Russel Ross para o desenvolvimento da aterosclerose. A partir deste conceito, o conhecimento e a pesquisa na área de aterosclerose coronária pós-transplante cardíaco também foram impulsionados, além de servirem como modelo pertinente para o estudo de aspectos inflamatórios relacionados à parede vascular. Uma vez caracterizado que a vasculatura poderia ser alvo e até fonte de estímulo inflamatório, o coração também passou a ser visto como tal a partir da detecção de mediadores inflamatórios na circulação em pacientes com insuficiência cardíaca. Esta revisão aborda evidências de investigação básica e clínica relacionadas aos aspectos imunoinflamatórios na aterosclerose e em situações de disfunção ventricular. Os resultados da linha de trabalhos experimentais apontam uma relação de causa e efeito entre ativação imunoinflamatória na parede vascular e acúmulo de fibronectina, o que contribui para a formação neo-intimal em coronárias de suínos submetidos a transplante cardíaco. Achados similares foram observados em fragmentos de lesões ateroscleróticas coronárias obtidas por aterectomia de pacientes submetidos a transplante cardíaco. Também em lesões coronárias por reestenose, foram identificados marcadores inflamatórios e acúmulo de matriz extracelular, indicando um padrão imunoinflamatório nesta condição, o que foi semelhante ao padrão observado em lesões de macrovasculopatia diabética, situação em que há um agressivo processo aterosclerótico. Além disto, marcadores inflamatórios foram também observados em situações de risco cardiovascular aumentado sem evidência de vasculopatia anatomicamente significativa: diabetes melito associado à dislipidemia e pacientes com dor torácica, porém, sem lesões coronárias angiograficamente definidas. Finalmente, um gradiente imunoinflamatório foi identificado em pacientes com insuficiência cardíaca, e marcadores inflamatórios foram associados a mau prognóstico no choque séptico e a aparecimento de disfunção ventricular pós-cirurgia de revascularização miocárdica. Em conclusão, este conjunto de dados reforça o envolvimento do sistema cardiovascular no processo de ativação imunoinflamatória, o que parece contribuir para a progressão de pelos menos duas condições patológicas importantes: a doença aterosclerótica e o desenvolvimento de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca.The concept that the inflammatory process could be important in the pathogenesis of cardiovascular diseases has been put forward by Russell Ross’ hypothesis of vascular response to injury for the development of atherosclerosis. Based on this concept, the knowledge and research into the pathogenesis of post-cardiac transplant arteriopathy have also been incremented and served as a pertinent model to study inflammatory mechanisms related to the vessel wall. Once characterized that the vasculature could be a target and even a source of inflammatory stimulus, the heart has also been considered part of this activation, since the identification of inflammatory mediators in the circulation of patients with heart failure. This review article summarizes basic and clinical research data related to immunoinflammatory aspects in atherosclerosis and in left ventricular dysfunction. Results from experimental works indicate a mechanistic association between immunoinflammatory activity in the vascular wall and accumulation of fibronectin, both contributing to neointimal formation in post-cardiac transplant atherosclerosis in piglets. Similar findings were observed in coronary atherosclerotic lesions retrieved by atherectomy from cardiac transplant patients. Moreover, in restenotic coronary lesions and in diabetic macrovasculopathy, both situations of aggressive atherosclerotic process, markers of inflammatory activation and accumulation of extracellular matrix were identified, which indicates an immunoinflammatory process. Markers of inflammatory activation were also observed prior to the development of evident atherosclerosis but in the presence of cardiovascular risk factors such as: diabetes mellitus and dyslipidemia and in patients with chest pain and angiographically normal coronary arteries. Finally, an immunoinflammatory gradient was identified in heart failure patients, and inflammatory features were associated to worse outcome in patients with septic shock and to the ventricular dysfunction associated to post-coronary artery bypass grafting. In conclusion, taken together, these data reinforce the involvement of the cardiovascular system in processes of immunoinflammatory activity, contributing at least for the progression of two important cardiovascular pathological conditions: the atherosclerotic disease and the development of ventricular dysfunction and heart failure.application/pdfporRevista HCPA. Vol. 25, n. 3 (dez. 2005), p. 65-70Doença da artéria coronarianaInflamaçãoDisfunção ventricularMatriz extracelularAtherosclerosisInflammationExtracellular matrixVentricular dysfunctionPerfil imunoinflamatório no continuum da insuficiência cardíacaImmunoinflammatory profile in the continuum of heart failure info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000518195.pdf000518195.pdfTexto completoapplication/pdf128211http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/164265/1/000518195.pdf196a3fe2020527c1b8d2a2b3c673f173MD51TEXT000518195.pdf.txt000518195.pdf.txtExtracted Texttext/plain26024http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/164265/2/000518195.pdf.txt6f0c4914d3f4a16c9fb9a2ee3ddd5eadMD52THUMBNAIL000518195.pdf.jpg000518195.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1602http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/164265/3/000518195.pdf.jpg21154482e98c58370b43bb7e55eca56fMD5310183/1642652022-11-03 04:47:12.17032oai:www.lume.ufrgs.br:10183/164265Repositório InstitucionalPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.bropendoar:2022-11-03T07:47:12Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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O conceito de que o processo inflamatório poderia ser importante na patogênese de doenças cardiovasculares ganhou maior impulso com a hipótese da lesão vascular de Russel Ross para o desenvolvimento da aterosclerose. A partir deste conceito, o conhecimento e a pesquisa na área de aterosclerose coronária pós-transplante cardíaco também foram impulsionados, além de servirem como modelo pertinente para o estudo de aspectos inflamatórios relacionados à parede vascular. Uma vez caracterizado que a vasculatura poderia ser alvo e até fonte de estímulo inflamatório, o coração também passou a ser visto como tal a partir da detecção de mediadores inflamatórios na circulação em pacientes com insuficiência cardíaca. Esta revisão aborda evidências de investigação básica e clínica relacionadas aos aspectos imunoinflamatórios na aterosclerose e em situações de disfunção ventricular. Os resultados da linha de trabalhos experimentais apontam uma relação de causa e efeito entre ativação imunoinflamatória na parede vascular e acúmulo de fibronectina, o que contribui para a formação neo-intimal em coronárias de suínos submetidos a transplante cardíaco. Achados similares foram observados em fragmentos de lesões ateroscleróticas coronárias obtidas por aterectomia de pacientes submetidos a transplante cardíaco. Também em lesões coronárias por reestenose, foram identificados marcadores inflamatórios e acúmulo de matriz extracelular, indicando um padrão imunoinflamatório nesta condição, o que foi semelhante ao padrão observado em lesões de macrovasculopatia diabética, situação em que há um agressivo processo aterosclerótico. Além disto, marcadores inflamatórios foram também observados em situações de risco cardiovascular aumentado sem evidência de vasculopatia anatomicamente significativa: diabetes melito associado à dislipidemia e pacientes com dor torácica, porém, sem lesões coronárias angiograficamente definidas. Finalmente, um gradiente imunoinflamatório foi identificado em pacientes com insuficiência cardíaca, e marcadores inflamatórios foram associados a mau prognóstico no choque séptico e a aparecimento de disfunção ventricular pós-cirurgia de revascularização miocárdica. Em conclusão, este conjunto de dados reforça o envolvimento do sistema cardiovascular no processo de ativação imunoinflamatória, o que parece contribuir para a progressão de pelos menos duas condições patológicas importantes: a doença aterosclerótica e o desenvolvimento de disfunção ventricular e insuficiência cardíaca. |
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