Aprendizagem : concepções contraditórias

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Becker, Fernando
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/104919
Resumo: Um dos conceitos que mais resistem às contribuições da ciência é o de aprendizagem. Isso não acontece apenas com pessoas iletradas ou pouco letradas, mas pode ser constatado em docentes de todos os níveis de ensino – justamente em pessoas que trabalham com a aprendizagem escolar. Por isso perguntei a alunos de pedagogia do terceiro semestre, da disciplina de aprendizagem, no primeiro dia de aula (agosto de 2007): (1) O que é aprender?, (2) O que é conhecer?, (3) Como se relacionam aprender e conhecer?, (4) O que é necessário para aprender um assunto completamente novo?, (5) Como se passa de um conhecimento mais simples para um mais complexo?, (6) Qual o lugar da motivação, do interesse, da afetividade ou da emoção na aprendizagem? e, (7) Quais as relações entre aprendizagem e memória?. As respostas, que recebi por escrito, oscilam entre um predominante senso comum e algumas poucas mais elaboradas, porém ainda distantes de uma compreensão crítica sob o ponto de vista epistemológico e das relações entre pedagogia, psicologia e epistemologia. Isso numa faculdade de educação na qual a Epistemologia Genética piagetiana é ensinada e relativamente respeitada. Refiro a Epistemologia Genética pela postura crítica profunda que ela traz das concepções de conhecimento e de aprendizagem no nível epistemológico e genético – da origem ou gênese da capacidade de conhecer e aprender – e das contribuições para a transformação científica desse conceito. O trabalho mostra que pouco se pode esperar em termos de transformações profundas no trabalho escolar, especificamente no ensino, pois a compreensão do processo de aprendizagem e de formação dos conhecimentos – além de problemas correlatos como as condições prévias para dominar um conhecimento novo, o avanço em complexidade dos conhecimentos, o lugar da motivação, do interesse, da afetividade e da emoção, a memória – da parte dos docentes pouco ou quase nada se distancia do senso comum. Os poucos avanços que se encontram não apresentam sustentação, pois aparecem desconectados entre si, não aparecendo articulados num corpo teórico. No fundo de todas as noções de aprendizagem aparece a convicção de que o conhecimento não passa de uma acumulação de aprendizagens, compreendidas como cópias; daí, a onipresença da estimulação como explicação das aprendizagens, independentes da atividade do sujeito.
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As respostas, que recebi por escrito, oscilam entre um predominante senso comum e algumas poucas mais elaboradas, porém ainda distantes de uma compreensão crítica sob o ponto de vista epistemológico e das relações entre pedagogia, psicologia e epistemologia. Isso numa faculdade de educação na qual a Epistemologia Genética piagetiana é ensinada e relativamente respeitada. Refiro a Epistemologia Genética pela postura crítica profunda que ela traz das concepções de conhecimento e de aprendizagem no nível epistemológico e genético – da origem ou gênese da capacidade de conhecer e aprender – e das contribuições para a transformação científica desse conceito. O trabalho mostra que pouco se pode esperar em termos de transformações profundas no trabalho escolar, especificamente no ensino, pois a compreensão do processo de aprendizagem e de formação dos conhecimentos – além de problemas correlatos como as condições prévias para dominar um conhecimento novo, o avanço em complexidade dos conhecimentos, o lugar da motivação, do interesse, da afetividade e da emoção, a memória – da parte dos docentes pouco ou quase nada se distancia do senso comum. Os poucos avanços que se encontram não apresentam sustentação, pois aparecem desconectados entre si, não aparecendo articulados num corpo teórico. No fundo de todas as noções de aprendizagem aparece a convicção de que o conhecimento não passa de uma acumulação de aprendizagens, compreendidas como cópias; daí, a onipresença da estimulação como explicação das aprendizagens, independentes da atividade do sujeito.One of the concepts that most resistant to the contributions of science is to learn. This not only happens with people without studies or with studies, but can be found in teachers at all levels of education - just in people who work with school learning. So I asked the students of Pedagogy of the third semester, the discipline of learning, on the first day of class (August 2007): (1) What is learning?, (2) What is known?, (3) As if relate learn and know?, (4) What is needed to learn something completely new?, (5) How is merely a knowledge simpler to more complex?, (6) What is the place of motivation, interest, the affection or the excitement in learning? And, (7) What are the relationships between learning and memory? The answers, I received written, ranging between a prevailing common sense and a few more elaborate, but still far from a critical understanding from the epistemological point of view of relations between and pedagogy, psychology and epistemology. That a college of education in which the Genetics Epistemology is taught and relatively respected. I Genetics Epistemology by the posture that it brings profound criticism of the concepts of knowledge and learning at the genetic level and epistemological - the source or genesis of the ability to know and learn - and contributions to the transformation of this scientific concept.The work shows that little can be expected in terms of change in school work, especially in education, because the understanding of the process of learning and training of knowledge - in addition to problems related to the preconditions to master a new knowledge, the advance in complexity of knowledge, the place of motivation, in the interest of affection and emotion, the memory - on the part of teachers little or almost nothing is distant common sense. The few advances that are not present support because appear disconnected with each other, not appearing articulated a theoretical body. Basically, all notions of learning appears the conviction that knowledge is nothing more than an accumulation of learning, understood as copies, hence, the omnipresence of stimulation as explanation of learning, independent of the activity of the subject.application/pdfporSchème: Revista Eletrônica de Psicologia e Epistemologia Genéticas. Marília, SP. Vol. 1, n. 1 (jan./jun. 2008), p. 53-72Epistemologia genéticaPiaget, Jean 1896-1980.ConhecimentoLearningKnowKnowledgeGenetic epistemologyAprendizagem : concepções contraditóriasLearning : contradictory conceptionsinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000673220.pdf000673220.pdfTexto completoapplication/pdf117345http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104919/1/000673220.pdfaef0b75d6df64263ba8c6bbdcaaf285dMD51TEXT000673220.pdf.txt000673220.pdf.txtExtracted Texttext/plain48223http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104919/2/000673220.pdf.txt781554b5795db31a9705bafa87594909MD52THUMBNAIL000673220.pdf.jpg000673220.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1875http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104919/3/000673220.pdf.jpg81dbc365748c11cd7d5a70570703e1f8MD5310183/1049192018-10-16 07:56:31.748oai:www.lume.ufrgs.br:10183/104919Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-16T10:56:31Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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