Proporção e dimorfismo sexual de tamanho na pardela-de-capuz Pterodroma incerta (Aves: Procellariidae) no Extremo Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Daudt, Nicholas Winterle
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/140189
Resumo: A pardela-de-capuz, Pterodroma incerta (Schlegel, 1863) (Procellariiformes), é uma ave marinha pelágica abundante na região da Convergência Subtropical (CS). Essa espécie reproduz-se nas ilhas do Arquipélago de Tristão da Cunha e Ilha Gough, no centro do Oceano Atlântico, e está ameaçada de extinção em nível global e nacional. Poucos estudos foram feitos com essa espécie nos locais reprodutivos, e a falta de registros de animais debilitados ou que vieram a óbito sustentam pouca informação acerca da biologia básica da espécie. Neste estudo foi investigada a proporção sexual das P. incerta registradas no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Além disso, foi averiguada a existência de dimorfismo sexual de tamanho (SSD) e, ainda, gerada pela primeira vez, uma função discriminante para classificar os sexos dos indivíduos a partir de medidas externas. Para atingir os objetivos do estudo, 89 espécimes pertencentes a quatro coleções científicas foram examinados. Doze medidas externas, o sexo e o tamanho das gônadas, bem como a presença de mudas nas penas de voo e de contorno foram averiguadas. As medidas externas foram verificadas quanto à predição de discriminar os sexos a partir de Modelos Lineares Generalizados (GLMs). A proporção sexual dos indivíduos de P. incerta registrados no RS foi de aproximadamente três fêmeas para um macho e, os indivíduos que estavam na costa do RS com o processo de mudas das penas primárias em fase final, com gônadas dilatadas, eram possivelmente animais reprodutivos, no período de êxodo pré-postura. O SSD foi evidenciado em nove medidas na espécie, com machos maiores que as fêmeas para todas medidas, sendo as medidas mais dimórficas relacionadas às alturas e largura do bico. Nos GLMs, as medidas que se mostraram com maior capacidade de discriminação dos sexos foram as de altura do bico na base e comprimento da cabeça mais o comprimento do bico, e a função discriminante gerada neste trabalho indica a possibilidade de classificar corretamente 85% dos espécimes de P. incerta quanto ao sexo (91,3% das fêmeas; 64,3% dos machos). A partir desses dados, sugere-se que o dimorfismo sexual apresentado na espécie possa ser uma das razões para uma diferença no uso do hábitat entre os sexos ou, ainda, que a segregação espacial possa se dar por diferentes requerimentos ecológicos. Fêmeas poderiam estar ao largo do RS para adquirir a energia necessária para a produção do ovo, enquanto os machos ficam mais próximos às colônias reprodutivas para defender seus territórios e ninhos. Essa hipótese pode explicar a proporção sexual baseada em fêmeas no RS, visto que o estado está numa região marinha muito produtiva e, ainda, corrobora as maiores medidas de machos nos caracteres relacionados ao bico, levando-se em conta a proteção do ninho. O incremento do número amostral se mostra necessário para confirmar o poder discriminatório e para aumentar a confiabilidade da função discriminante e do SSD. Em adição, demais aspectos ecológicos da espécie necessitam ser explorados para esclarecer seus padrões de distribuição e uso de habitat.
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spelling Daudt, Nicholas WinterleOtt, Paulo HenriqueTavares, Maurício2016-05-04T02:07:54Z2014http://hdl.handle.net/10183/140189000934022A pardela-de-capuz, Pterodroma incerta (Schlegel, 1863) (Procellariiformes), é uma ave marinha pelágica abundante na região da Convergência Subtropical (CS). Essa espécie reproduz-se nas ilhas do Arquipélago de Tristão da Cunha e Ilha Gough, no centro do Oceano Atlântico, e está ameaçada de extinção em nível global e nacional. Poucos estudos foram feitos com essa espécie nos locais reprodutivos, e a falta de registros de animais debilitados ou que vieram a óbito sustentam pouca informação acerca da biologia básica da espécie. Neste estudo foi investigada a proporção sexual das P. incerta registradas no estado do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Além disso, foi averiguada a existência de dimorfismo sexual de tamanho (SSD) e, ainda, gerada pela primeira vez, uma função discriminante para classificar os sexos dos indivíduos a partir de medidas externas. Para atingir os objetivos do estudo, 89 espécimes pertencentes a quatro coleções científicas foram examinados. Doze medidas externas, o sexo e o tamanho das gônadas, bem como a presença de mudas nas penas de voo e de contorno foram averiguadas. As medidas externas foram verificadas quanto à predição de discriminar os sexos a partir de Modelos Lineares Generalizados (GLMs). A proporção sexual dos indivíduos de P. incerta registrados no RS foi de aproximadamente três fêmeas para um macho e, os indivíduos que estavam na costa do RS com o processo de mudas das penas primárias em fase final, com gônadas dilatadas, eram possivelmente animais reprodutivos, no período de êxodo pré-postura. O SSD foi evidenciado em nove medidas na espécie, com machos maiores que as fêmeas para todas medidas, sendo as medidas mais dimórficas relacionadas às alturas e largura do bico. Nos GLMs, as medidas que se mostraram com maior capacidade de discriminação dos sexos foram as de altura do bico na base e comprimento da cabeça mais o comprimento do bico, e a função discriminante gerada neste trabalho indica a possibilidade de classificar corretamente 85% dos espécimes de P. incerta quanto ao sexo (91,3% das fêmeas; 64,3% dos machos). A partir desses dados, sugere-se que o dimorfismo sexual apresentado na espécie possa ser uma das razões para uma diferença no uso do hábitat entre os sexos ou, ainda, que a segregação espacial possa se dar por diferentes requerimentos ecológicos. Fêmeas poderiam estar ao largo do RS para adquirir a energia necessária para a produção do ovo, enquanto os machos ficam mais próximos às colônias reprodutivas para defender seus territórios e ninhos. Essa hipótese pode explicar a proporção sexual baseada em fêmeas no RS, visto que o estado está numa região marinha muito produtiva e, ainda, corrobora as maiores medidas de machos nos caracteres relacionados ao bico, levando-se em conta a proteção do ninho. O incremento do número amostral se mostra necessário para confirmar o poder discriminatório e para aumentar a confiabilidade da função discriminante e do SSD. Em adição, demais aspectos ecológicos da espécie necessitam ser explorados para esclarecer seus padrões de distribuição e uso de habitat.The Atlantic Petrel Pterodroma incerta (Schlegel, 1863) (Procellariiformes), is an abundant seabird in the Subtropical Convergence zone (SC) with pelagic habits. This species breeds in Tristan da Cunha group and Gough Island, central Atlantic Ocean, and it is listed as endangered at both national and global levels. Few studies have been conducted with the species in its breeding sites and the lack of dead or debilitated individuals outside these areas provides little information about its biology. In this study, the sex ratio of the specimens of P. incerta recorded at Rio Grande do Sul State (RS), southern Brazil, was investigated. Moreover, the presence of sexual size dimorphism (SSD) in the species was evaluated and, for the first time, a discriminant function was generated to differ both sexes using external measurements. To this purpose, 89 specimens housed in four scientific collections of RS were examined. Twelve external measurements, sex and size of the gonads, as well as the presence of molts on the flight feathers and contours were verified. Using General Linear Models (GLMs), the measurements were tested to better discriminate sexes. The sex ratio of P. incerta recorded at RS was approximately three females to one male. In addition, the animals found at the State coast were in final process of primary molt, with enlarged gonads. Thus, these specimens probably were breeding birds, in the pre-laying exodus period. The SSD was highlighted by nine measurements, with males being larger than females in all variables. The most dimorphic measurements were related to bill depth and width. Based on the GLMs, the variables with the greatest discriminatory power between the sexes were the bill depth at the base and the head-to-bill length, and the discriminant function generated correctly classified the sex of 85% of the specimens (91,3% of females; 64,3% of males). Based on this data, it was suggested that the sexual dimorphism found in the species could be a reason for the difference in habitat use between the sexes or that the spatial segregation could be related to ecological requirements. Females could use the waters of RS to acquire energy necessary for egg production, whereas the males could stay closer to breeding sites to defend their territories and nests. This hypothesis could explain the sexual proportion bias to females found in RS, since the state is located in a high-productivity region, as well as the greater bill dimensions in males, considering the nest protection. An increase on sample size is necessary to confirm the discriminatory power and improve reliability of the discriminant function and SSD. In addition, the knowledge of others ecological aspects of this species is still needed to elucidate its distribution patterns and habitat use.application/pdfporMorfometriaPardela-de-capuz : Pterodroma incertaProcellariiformesDiscriminant functionMorphometricsRio Grande do Sul stateProporção e dimorfismo sexual de tamanho na pardela-de-capuz Pterodroma incerta (Aves: Procellariidae) no Extremo Sul do Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulPorto Alegre, BR-RS2014Ciências Biológicas: Ênfase em Biologia Marinha e Costeira: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000934022.pdf000934022.pdfTexto completoapplication/pdf676828http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/140189/1/000934022.pdf0bb889dde202ba96c73d73a9461d811bMD51TEXT000934022.pdf.txt000934022.pdf.txtExtracted Texttext/plain74400http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/140189/2/000934022.pdf.txt96476791c097520eb7d6c12732d07f09MD52THUMBNAIL000934022.pdf.jpg000934022.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1119http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/140189/3/000934022.pdf.jpg44368d65667f287a9ed46a3a5284f271MD5310183/1401892022-09-24 04:59:40.479055oai:www.lume.ufrgs.br:10183/140189Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-09-24T07:59:40Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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