Abdul Injai, a conquista portuguesa e o levante de 1919 na Guiné-Bissau : manifestação pública de um discurso oculto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Michelle Sost dos
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/149538
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as relações estabelecidas entre Abdul Injai - régulo das regiões do Cuor e Oio na Guiné - e os representantes portugueses dentro do contexto imperialista do início do século XX. Apesar de estarem em contato com os povos da Guiné desde o século XV, os portugueses não tinham domínio efetivo sobre a região. No entanto, a partir das transformações no sistema econômico ocidental e a sua necessidade de expansão, o continente africano foi invadido por uma onda imperialista, que resultou na disputa entre os países europeus sobre os seus territórios. Dessa forma, Portugal viu-se obrigado a efetivar seu domínio sobre a região da Guiné. No entanto, é impossível falar de dominação, sem falar de resistência, e é esse o objetivo principal desse trabalho. As ofensivas portuguesas foram ferozmente combatidas pelos diferentes povos da Guiné, o que retardou por quase um século a implantação do sistema colonial nessa região. O caso de Abdul Injai não se enquadra nesses modelos tradicionais de resistência, e por isso, faremos distinção entre dois momentos em sua atuação: no primeiro, enquanto chefe de um exército de mercenários e agindo em prol de seus interesses, ele estabelece aliança com as forças portuguesas. Através do discurso público de combate aos povos locais, ele afirma seu poder na região e garante suas nomeações de régulo do Cuor e do Oio. No entanto, a condição de régulo não estava de acordo com o poder que Abdul almejava, pois conotava submissão à administração colonial portuguesa. Dessa forma, o seu segundo momento de atuação que é o levante de 1919, além de ser uma resistência armada evidente ao sistema colonial, é a confirmação de que as suas ações anteriores não visavam à afirmação do domínio português na região, mas, provavelmente, a afirmação de seu próprio poder.
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As ofensivas portuguesas foram ferozmente combatidas pelos diferentes povos da Guiné, o que retardou por quase um século a implantação do sistema colonial nessa região. O caso de Abdul Injai não se enquadra nesses modelos tradicionais de resistência, e por isso, faremos distinção entre dois momentos em sua atuação: no primeiro, enquanto chefe de um exército de mercenários e agindo em prol de seus interesses, ele estabelece aliança com as forças portuguesas. Através do discurso público de combate aos povos locais, ele afirma seu poder na região e garante suas nomeações de régulo do Cuor e do Oio. No entanto, a condição de régulo não estava de acordo com o poder que Abdul almejava, pois conotava submissão à administração colonial portuguesa. Dessa forma, o seu segundo momento de atuação que é o levante de 1919, além de ser uma resistência armada evidente ao sistema colonial, é a confirmação de que as suas ações anteriores não visavam à afirmação do domínio português na região, mas, provavelmente, a afirmação de seu próprio poder.The objective this final paper is to analyze the relations between Abdul Injai – régulo (native ruler) regions of Cuor and Oio in Guinea - and the Portuguese representatives, in the imperialist context of the twentieth century. Although Portugal was being in touch with the people of Guinea since the fifteenth century, it hadn’t effective control over the region. However, from the transformations in the Western economic system and its need for expansion, the African continent was be invaded by an imperialist wave, and its territories were be played between European countries. Then, Portugal was being forced to conduct its grip on the region of Guinea. However, it is impossible to speak of domination, whitout to speak about resistance, and that is the main objective of this work. The Portuguese offensives were strongly fought by different peoples of Guinea, which delayed for almost a century the establishment of the colonial system in this region. The case of Abdul Injai does not similar to these traditional models of resistance, and we will do two times distinction in its action: first, as head of an army of mercenaries and acting on behalf of their interests, it establishes alliance with the Portuguese forces. Through public discourse to combat local people, he asserts his power in the region. And it ensures their appointments régulo the region. However, régulo condition was not according to the power that Abdul craved because it connoted submission to the Portuguese colonial administration. Thus, its second moment of action that is the uprising of 1919, also it being an obvious armed resistance to the colonial system, it is the confirmation that his previous actions were not intended to affirmation of Portuguese rule in the region, but the statement his own power.application/pdfporImperialismo : Aspectos políticosColônias portuguesasDiscurso políticoGuiné-BissauImperialismColonialismResistanceHidden transcriptPublic transcriptAbdul Injai, a conquista portuguesa e o levante de 1919 na Guiné-Bissau : manifestação pública de um discurso ocultoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Filosofia e Ciências HumanasPorto Alegre, BR-RS2016História: Licenciaturagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001006388.pdf001006388.pdfTexto completoapplication/pdf1302402http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149538/1/001006388.pdf8129b346aedc8cf4b25f70686fab3b1eMD51TEXT001006388.pdf.txt001006388.pdf.txtExtracted Texttext/plain141174http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149538/2/001006388.pdf.txtce8ad88b5980b01858421807cc319cf4MD52THUMBNAIL001006388.pdf.jpg001006388.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg990http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/149538/3/001006388.pdf.jpg17d3369ffb1f0119376d1b39fb944284MD5310183/1495382018-10-29 09:21:08.82oai:www.lume.ufrgs.br:10183/149538Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2018-10-29T12:21:08Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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