Desigualdades raciais nas condições de saúde bucal da população brasileira (PNS 2019)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Débora Mendes da
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/273513
Resumo: Poucos estudos discutem sobre a existência de iniquidades raciais no uso de serviços de saúde odontológicos e nas condições de saúde bucal discutindo o racismo como determinante. As condições de saúde bucal autorreferidas são medidas subjetivas que refletem a percepção dos indivíduos sobre sua saúde bucal. A discriminação nos serviços de saúde por raça, pode interferir no acesso aos serviços odontológicos, bem como pode interferir nas condições de saúde bucal. Grupos considerados politicamente minorias e sistematicamente discriminados geralmente têm piores condições de saúde, o que aumenta as evidências sobre iniquidades relacionadas ao acesso e cuidados de saúde. Assim, os objetivos desta pesquisa foram analisar a relação entre raça/cor, acesso aos serviços odontológicos e as condições de saúde bucal na população adulta brasileira a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019. Além disso, foi discutida a influência do racismo estrutural nos serviços de saúde. Trata-se de um estudo observacional transversal com utilização de dados de bancos públicos. Foram incluídos todos os indivíduos que responderam os questionários da PNS e as perguntas de interesse para este estudo. As variáveis são oriundas das perguntas da PNS, sendo que algumas delas foram criadas com a combinação de mais de uma pergunta. A variável desfecho foi as condições de saúde bucal medida pela combinação das perguntas com informações sobre perda dental e uso de prótese autorreferida tendo duas categorias. Foram realizadas análises bivariadas estratificadas por raça/cor (branca/negra) entre o desfecho e cada covariável para testar sua associação utilizando o teste do Qui-Quadrado de Pearson. Todas as variáveis com p<0,10 foram mantidas no modelo de regressão logística. As análises foram realizadas utilizando o peso amostral por meio do software estatístico R, versão 4.0.2. Quanto aos principais resultados obtidos, verificou-se que dos entrevistados cerca de 24.319 (41,4%) de indivíduos negros relataram ter perdas dentárias e não utilizam prótese enquanto brancos na mesma categoria são 11.148 (33,4%) indivíduos. Notou-se também que a utilização de serviços odontológicos variou bastante ao ser analisado por raça/cor, porém, na melhor categoria de saúde bucal, o acesso aos serviços de saúde seja no sistema público ou no privado, foi predominante pelos indivíduos brancos, mesmo havendo mais negros no país. Conclui-se que os resultados deste estudo evidenciaram desigualdades raciais em condições de saúde bucal, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019, em todos os desfechos analisados (perda dentária e o não uso de prótese), com maior vulnerabilidade da população negra (pretos e pardos) em relação aos brancos. Diante disso, ressalta-se a necessidade de ações que visem o combate ao racismo institucional e o fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com o objetivo de minimizar as desigualdades sociais resultantes da discriminação racial.
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Assim, os objetivos desta pesquisa foram analisar a relação entre raça/cor, acesso aos serviços odontológicos e as condições de saúde bucal na população adulta brasileira a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em 2019. Além disso, foi discutida a influência do racismo estrutural nos serviços de saúde. Trata-se de um estudo observacional transversal com utilização de dados de bancos públicos. Foram incluídos todos os indivíduos que responderam os questionários da PNS e as perguntas de interesse para este estudo. As variáveis são oriundas das perguntas da PNS, sendo que algumas delas foram criadas com a combinação de mais de uma pergunta. A variável desfecho foi as condições de saúde bucal medida pela combinação das perguntas com informações sobre perda dental e uso de prótese autorreferida tendo duas categorias. Foram realizadas análises bivariadas estratificadas por raça/cor (branca/negra) entre o desfecho e cada covariável para testar sua associação utilizando o teste do Qui-Quadrado de Pearson. Todas as variáveis com p<0,10 foram mantidas no modelo de regressão logística. As análises foram realizadas utilizando o peso amostral por meio do software estatístico R, versão 4.0.2. Quanto aos principais resultados obtidos, verificou-se que dos entrevistados cerca de 24.319 (41,4%) de indivíduos negros relataram ter perdas dentárias e não utilizam prótese enquanto brancos na mesma categoria são 11.148 (33,4%) indivíduos. Notou-se também que a utilização de serviços odontológicos variou bastante ao ser analisado por raça/cor, porém, na melhor categoria de saúde bucal, o acesso aos serviços de saúde seja no sistema público ou no privado, foi predominante pelos indivíduos brancos, mesmo havendo mais negros no país. Conclui-se que os resultados deste estudo evidenciaram desigualdades raciais em condições de saúde bucal, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019, em todos os desfechos analisados (perda dentária e o não uso de prótese), com maior vulnerabilidade da população negra (pretos e pardos) em relação aos brancos. Diante disso, ressalta-se a necessidade de ações que visem o combate ao racismo institucional e o fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com o objetivo de minimizar as desigualdades sociais resultantes da discriminação racial.Few studies discuss the existence of racial inequities in the use of dental health services and oral health conditions, discussing racism as a determinant. Self-reported oral health conditions are subjective measures that reflect the individuals perception of their oral health. Discrimination in health services by race can interfere with access to dental services, as well as interfere with oral health conditions. Groups considered minorities and systematically discriminated against generally have worse health conditions, which increases the evidence on inequities related to access and health care. Thus, the objectives of this research were to analyze the relationship between race/color, access to dental services and oral health conditions in the Brazilian adult population based on data from the National Health Survey (PNS), carried out in 2019. Furthermore, the influence of structural racism on health services was discussed. This is a cross-sectional observational study using data from public banks. All individuals who answered the PNS questionnaires and the questions of interest for this study were included. The variables come from the PNS questions, some of which were created by combining more than one question. The outcome variable was oral health conditions measured by combining the questions with information about tooth loss and self-reported prosthesis use having two categories. Bivariate analyzes stratified by race/color (white/black) between the outcome and each covariate were performed to test their association using the Pearson chi-square test. All variables with p<0.10 were kept in the logistic regression model. Analyzes were performed using the sample weight using the R statistical software, version 4.0.2. As for the main results obtained, it was found that of the respondents, about 24,319 (41.4%) of black individuals reported having tooth loss and not using prostheses, while white individuals in the same category are 11,148 (33.4%) individuals. It was also noted that the use of dental services varied a lot when analyzed by race/color, however, in the best category of oral health, access to health services, whether in the public or private system, was predominant by white individuals. It is concluded that the results of this study showed racial inequalities in oral health conditions, based on data from the National Health Survey carried out in 2019, in all analyzed outcomes (tooth loss and non-use of dentures), with greater vulnerability of the black population (blacks and browns) in relation to whites.application/pdfporServiços de saúde bucalDesigualdades sociaisRacismoOral health conditionsUse of health servicesRacial inequalitiesRacismDesigualdades raciais nas condições de saúde bucal da população brasileira (PNS 2019)Racial inequalities in the oral health conditions of the Brazilian population (PNS 2019) info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de OdontologiaPorto Alegre, BR-RS2021Odontologiagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001139857.pdf.txt001139857.pdf.txtExtracted Texttext/plain67111http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273513/2/001139857.pdf.txtf0752718b2091a1f723dba8e2b3a67ccMD52ORIGINAL001139857.pdfTexto completoapplication/pdf740936http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/273513/1/001139857.pdf541b6c595fdafd10e33f22228024b89dMD5110183/2735132024-03-15 05:01:35.656307oai:www.lume.ufrgs.br:10183/273513Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-03-15T08:01:35Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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