Contribuições para pensar a saúde de gestantes negras vivendo com HIV : recortes de um estudo epidemiológico com acompanhamento de crianças expostas ao HIV no município de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Alexsandra Barcelos da
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/268039
Resumo: Introdução: A transmissão vertical do HIV (TVHIV) é a passagem do vírus HIV da gestante para a criança durante a gestação, parto ou amamentação. Uma importante ferramenta para a prevenção dos casos de TVHIV é a assistência adequada durante o pré-natal e parto. Estudos sugerem que uma assistência adequada, possar estar, entre outras questões, diretamente associada a características sociodemográficas das gestantes, como raça e escolaridade, que na teoria dos determinantes sociais de saúde, poderiam determinar uma maior vulnerabilidade a alguns grupos, como é o caso das mulheres negras. Essas questões são fundamentais para discutimos equidade na saúde. Objetivo: Comparar o perfil sociodemográfico de gestantes negras (pretas e pardas) vivendo com HIV/Aids em Porto Alegre em relação a gestantes autodeclaradas brancas. Metodologia: Trata-se de uma coorte retrospectiva. Foram incluídos dados de gestantes vivendo com HIV/Aids e as crianças expostas ao HIV/Aids na cidade de Porto Alegre, que nasceram entre janeiro de 2001 a outubro de 2017. Os dados foram disponibilizados pela Vigilância Epidemiológica da cidade, através do SINAN, e complementados através do acesso a outros registros de informações, como SISCEL, SICLOM e E-SUS. Resultados: Entre o ano 2001 a 2017 foram notificadas 7.057 gestantes com HIV. Em nosso estudo, gestantes pretas representaram 30,5% (n=2.409) e pardas 11,1% (n=876) da amostra. A menor escolaridade foi observada entre gestantes pretas (69,8%) e pardas (66,1%), quando comparadas com as gestantes brancas (59%) (p<0,001). Gestantes usuárias de drogas injetáveis foram mais frequentes na população parda (10% versus 8,3% nas gestantes pretas e 7,3% nas gestantes brancas). O uso de TARV durante o parto foi mais frequente em gestantes brancas (91,4%, versus 86,8% nas pretas e 86,6% nas pardas) (p<0,001). A perda de seguimento foi de 13,2% nas mulheres brancas, 12,8% nas pretas e 13,4% nas pardas. Considerações finais: Nossos resultados indicam que a população de gestantes pretas e pardas vivendo em Porto Alegre possuem piores indicadores sociodemográficos e assistenciais, quando comparadas com gestantes vivendo com HIV brancas. O desfecho de perda de seguimento foi mais frequente em mulheres pretas e pardas. Em Porto Alegre, 20% da população se autodeclara negra ou parda, mas prevalência de gestantes negras em nosso estudo foi de 42,1%. Com este estudo, esperamos fortalecer as evidências da necessidade de uma política específica e fortalecida para a população negra, visando enfrentar as iniquidades na saúde das mulheres negras.
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Metodologia: Trata-se de uma coorte retrospectiva. Foram incluídos dados de gestantes vivendo com HIV/Aids e as crianças expostas ao HIV/Aids na cidade de Porto Alegre, que nasceram entre janeiro de 2001 a outubro de 2017. Os dados foram disponibilizados pela Vigilância Epidemiológica da cidade, através do SINAN, e complementados através do acesso a outros registros de informações, como SISCEL, SICLOM e E-SUS. Resultados: Entre o ano 2001 a 2017 foram notificadas 7.057 gestantes com HIV. Em nosso estudo, gestantes pretas representaram 30,5% (n=2.409) e pardas 11,1% (n=876) da amostra. A menor escolaridade foi observada entre gestantes pretas (69,8%) e pardas (66,1%), quando comparadas com as gestantes brancas (59%) (p<0,001). Gestantes usuárias de drogas injetáveis foram mais frequentes na população parda (10% versus 8,3% nas gestantes pretas e 7,3% nas gestantes brancas). O uso de TARV durante o parto foi mais frequente em gestantes brancas (91,4%, versus 86,8% nas pretas e 86,6% nas pardas) (p<0,001). A perda de seguimento foi de 13,2% nas mulheres brancas, 12,8% nas pretas e 13,4% nas pardas. Considerações finais: Nossos resultados indicam que a população de gestantes pretas e pardas vivendo em Porto Alegre possuem piores indicadores sociodemográficos e assistenciais, quando comparadas com gestantes vivendo com HIV brancas. O desfecho de perda de seguimento foi mais frequente em mulheres pretas e pardas. Em Porto Alegre, 20% da população se autodeclara negra ou parda, mas prevalência de gestantes negras em nosso estudo foi de 42,1%. Com este estudo, esperamos fortalecer as evidências da necessidade de uma política específica e fortalecida para a população negra, visando enfrentar as iniquidades na saúde das mulheres negras.Introduction: Vertical transmission of HIV (TVHIV) is the transmission of the HIV virus from the pregnant woman to the child during pregnancy, childbirth or breastfeeding. An important tool for the prevention of TVHIV cases is adequate assistance during prenatal care and delivery. Studies suggest that adequate care may be, among other issues, directly associated with sociodemographic characteristics of pregnant women, such as race and education, which, in the theory of social determinants of health, could determine greater vulnerability to some groups, as is the case of women. black women. These issues are fundamental for discussing equity in health. Objective: To compare the sociodemographic profile of black pregnant women (black and brown) living with HIV/AIDS in Porto Alegre in relation to self-declared white pregnant women. Methodology: This is a retrospective cohort. Data from pregnant women living with HIV/AIDS and children exposed to HIV/AIDS in the city of Porto Alegre, who were born between January 2001 and October 2017, were included. complemented through access to other information records, such as SISCEL, SICLOM and E-SUS. Results: Between 2001 and 2017, 7,057 pregnant women with HIV were reported. In our study, black pregnant women represented 30.5% (n=2,409) and brown women 11.1% (n=876) of the sample. The lowest level of education was observed among black (69.8%) and brown (66.1%) pregnant women, when compared with white pregnant women (59%) (p<0.001). Pregnant women who inject drugs were more frequent in the brown population (10% versus 8.3% in black pregnant women and 7.3% in white pregnant women). The use of ART during childbirth was more frequent in white pregnant women (91.4%, versus 86.8% in black women and 86.6% in brown women) (p<0.001). The loss to follow-up was 13.2% in white women, 12.8% in black women and 13.4% in brown women. Final considerations: Our results indicate that the population of black and brown pregnant women living in Porto Alegre have worse sociodemographic and care indicators, when compared to white pregnant women living with HIV. The outcome of loss to follow-up was more frequent in black and brown women. In Porto Alegre, 20% of the population self-declare as black or brown, but the prevalence of black pregnant women in our study was 42.1%. With this study, we hope to strengthen evidence of the need for a specific and strengthened policy for the black population, aimed at addressing inequities in the health of black women.application/pdfporHIVPopulação negraGestantesBlack peoplePregnant womenAcquired immunodeficiency syndromeContribuições para pensar a saúde de gestantes negras vivendo com HIV : recortes de um estudo epidemiológico com acompanhamento de crianças expostas ao HIV no município de Porto Alegreinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPorto Alegre, BR-RS2022Saúde Coletiva: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001169329.pdf.txt001169329.pdf.txtExtracted Texttext/plain52310http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/268039/2/001169329.pdf.txt68c9a82f4824543a5d6099ddae70f2c1MD52ORIGINAL001169329.pdfTexto completoapplication/pdf1649863http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/268039/1/001169329.pdf9a4d54a9537b4379fa6fade42d205dc1MD5110183/2680392023-12-07 04:22:09.833368oai:www.lume.ufrgs.br:10183/268039Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-12-07T06:22:09Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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