Impactos ambientais decorrentes da produção orizicola, área de proteção ambiental do Banhado Grande - RS

• Autor(a) principal: Belloli, Tássia Fraga
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/158968
• topic: Rizicultura; Áreas úmidas; Rio Grande do Sul; Impacto ambiental; Rice growing; Environmental impact; EPA of Banhado Grande

A intensificação e a sistematização da orizicultura irrigada na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande (APABG), na região metropolitana de Porto Alegre, causaram ao longo dos anos uma série de transformações nas áreas úmidas, na sua biodiversidade e no regime hídrico do rio Gravataí, implicando em relevantes impactos ambientais. O objetivo da presente pesquisa foi analisar os impactos ambientais decorrentes da produção orizícola na APABG. Para atingir os objetivos propostos, o estudo compreendeu cinco etapas: i) mapear a evolução espaço-temporal da rizicultura e alterações nas áreas de banhado com imagens dos satélites Landsat 5 (TM) e Landsat 8 (OLI), com as classes de cultivo de arroz, banhados e barragens, entre os anos 1985 a 2016; ii) verificar as intervenções nos corpos hídricos através do mapeamento das barragens e de fotos aéreas históricas georreferenciadas; iii) analisar e comparar as vazões mensais disponíveis, antes e após a obra de retificação do rio Gravataí; iv) estimar a demanda de água para a safra 2015/16 do cultivo de arroz; v) analisar os impactos ambientais decorrentes da produção orizícola e apresentar os impactos verificados, através de uma matriz de interação. Os resultados obtidos mostram que, a área cultivada com arroz na APABG passa de 5.536 ha na safra de 1984/85 para 11.962 ha na safra de 2015/16 (aumento de 116%), e que vem avançando sobre as áreas de banhado e suas áreas limítrofes. A ampliação das áreas de cultivo gerou, consequentemente, o aumento da demanda de água para irrigação, influenciando na construção de 72 novas barragens. A análise dos valores de vazão diária para os períodos pré-retificação (1940 a 1970) e pós-retificação (1970 a 2009) do rio Gravataí mostra que a vazão máxima passa 251,61 para 297,50 (m³/s); a vazão média de 19,59 para 32, 35(m³/s) e a vazão mínima de 6,01 para 4,58 (m³/s), demonstrando a redução do tempo de concentração das águas na bacia. Essas mudanças contribuem para o agravamento das estiagens e inundações nas áreas urbanas a jusante, bem como alteraram a dinâmica de inundação e da biota do banhado Grande, e a ocorrência de processos erosivos acelerados no banhado Grande. A maior demanda de água na bacia se dá para irrigação, com consumo de 16.748 L/s/ha, que supera a disponibilidade hídrica da bacia causando conflitos de demanda em períodos que coincidem estiagens e irrigação da cultura. Também foram observados impactos como degradação da cobertura vegetal por agrotóxicos, fragmentação de habitats entre as áreas úmidas e contaminação das águas com sedimentos das lavouras.