As vivências de tratamento em saúde mental na perspectiva dos usuários

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bard, Nathália Duarte
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/148098
Resumo: O modelo assistencial em saúde mental, com a Reforma Psiquiátrica no Brasil, deixou de ter seu foco somente na doença para ter como objeto de atenção a (re)inclusão social e a promoção de saúde para as pessoas com transtornos psíquicos. A partir disso, foi proposto aos dispositivos de tratamento que substituíssem as práticas asilares tradicionais por uma perspectiva de atenção psicossocial, na qual os usuários têm voz para relatar suas vivências. Temos o objetivo de conhecer as vivências de tratamento em saúde mental dos usuários da rede de saúde mental. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa. A coleta de dados foi realizada com 10 usuários de um CAPS II de Porto Alegre, por meio de entrevista semi-estruturada, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre sob parecer nº 1.458.852. As vivências evidenciaram que os entrevistados acessaram quatro modalidades de serviço: atenção básica, emergências psiquiátricas, hospitais e serviços de atenção especializada no território. A atenção básica foi a porta de entrada e a manutenção do tratamento em saúde mental, ofertando consulta médica e medicação. As emergências psiquiátricas atenderam os usuários nos momentos de crise e encaminharam à internação quando houve agravamento do quadro psiquiátrico. Observou-se que a atenção hospitalar foi o lócus do tratamento especializado em saúde mental, visto que todos os entrevistados obtiveram vivências em internações, perpassando por manicômios e por enfermarias especializadas em hospitais gerais. Sobre as internações hospitalares, os entrevistados relataram que as vivências foram enriquecedoras, mas também geradoras de sofrimento, pois avaliaram como bom o atendimento e o vínculo com os profissionais, entretanto evidenciaram que esses serviços ainda organizam seu trabalho sob a ótica da padronização, medicalização e perda da subjetividade das pessoas em tratamento. A atenção psicossocial foi considerada espaço de produção de vida, no entanto há vivências de infantilização, verticalização do cuidado e manutenção da institucionalização. As vivências relatadas são percebidas como positivas quando promoveram construção de vínculos e potencializaram as ações de cuidado, e negativas quando não consideraram a subjetividade dos sujeitos e sua autonomia. Sendo assim, cabe a reflexão sobre os desafios necessários na incorporação das mudanças no tratamento em saúde mental, em que o sujeito deve ser prioridade. Concluímos que conhecer os serviços por meio das vivências de seus usuários nos permite depreender a importância de um tratamento que valoriza a (re)inclusão social, no qual a atenção psicossocial se traduz no diálogo, na escuta e na disponibilidade de acolhida.
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As vivências evidenciaram que os entrevistados acessaram quatro modalidades de serviço: atenção básica, emergências psiquiátricas, hospitais e serviços de atenção especializada no território. A atenção básica foi a porta de entrada e a manutenção do tratamento em saúde mental, ofertando consulta médica e medicação. As emergências psiquiátricas atenderam os usuários nos momentos de crise e encaminharam à internação quando houve agravamento do quadro psiquiátrico. Observou-se que a atenção hospitalar foi o lócus do tratamento especializado em saúde mental, visto que todos os entrevistados obtiveram vivências em internações, perpassando por manicômios e por enfermarias especializadas em hospitais gerais. Sobre as internações hospitalares, os entrevistados relataram que as vivências foram enriquecedoras, mas também geradoras de sofrimento, pois avaliaram como bom o atendimento e o vínculo com os profissionais, entretanto evidenciaram que esses serviços ainda organizam seu trabalho sob a ótica da padronização, medicalização e perda da subjetividade das pessoas em tratamento. A atenção psicossocial foi considerada espaço de produção de vida, no entanto há vivências de infantilização, verticalização do cuidado e manutenção da institucionalização. As vivências relatadas são percebidas como positivas quando promoveram construção de vínculos e potencializaram as ações de cuidado, e negativas quando não consideraram a subjetividade dos sujeitos e sua autonomia. Sendo assim, cabe a reflexão sobre os desafios necessários na incorporação das mudanças no tratamento em saúde mental, em que o sujeito deve ser prioridade. Concluímos que conhecer os serviços por meio das vivências de seus usuários nos permite depreender a importância de um tratamento que valoriza a (re)inclusão social, no qual a atenção psicossocial se traduz no diálogo, na escuta e na disponibilidade de acolhida.The mental health model of care, with the Psychiatric Reform in Brazil, ceased having its focus solely on disease to give special attention on the social (re)inclusion and health promotion for people with psychiatric disorders. From this moment on, it has been proposed to treatment centers to replace the traditional asylum practice for a psychosocial attention perspective, in which the users have voice to report their personal experiences. We aim to know about the treatment experiences in mental health of users of the mental health network. This is a qualitative approach research. Data collection was performed with 10 users of a CAPS (Center for Psychosocial Attention) II of Porto Alegre, through semi-structured interview, previously approved by the Research Ethics Committee of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre in opinion No. 1,458,852. The experiences showed that respondents visited four service types: primary care, psychiatric emergencies, hospitals and specialized care services in the territory. Primary care was the gateway and the maintenance of mental health treatment, offering medical appointment and medication. Psychiatric emergencies attended users in times of crisis and headed them to hospitalization in case of worsening of psychiatric disorders. Hospital care was noticed as the locus of specialized mental health treatment, since all respondents have had hospital experiences, passing by asylums and specialized wards in general hospitals. Of hospitalizations, respondents reported that the experiences were enriching, but also generate suffering, evaluating the service and the bond with the professionals as good, while showed that those services still organize their work from the perspective of standardization, medicalization and loss of subjectivity of people in treatment. The psychosocial care was considered a space for production of life, however there are experiences of infantile treatment, verticalization of care and maintenance of institutionalization. The reported experiences are perceived as positive when promoted bond-building and potentiated care actions, and negative when neglected the subjects' subjectivity and autonomy. Therefore, there should be a deep reflection about the challenges necessary to incorporate changes in mental health treatment, in which the subject must be a priority. We conclude that knowing the services through the experiences of its users allows us to understand the importance of a treatment that values (re)inclusion, where psychosocial care translates into dialogue, listening and availability of welcoming.application/pdfporSaúde mentalServiços de saúde mentalVivênciasMental healthMental health servicesTreatmentAs vivências de tratamento em saúde mental na perspectiva dos usuáriosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulEscola de EnfermagemPorto Alegre, BR-RS2016Enfermagemgraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001000700.pdf001000700.pdfTexto completoapplication/pdf669810http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/148098/1/001000700.pdf190b4975933e001c8a5e963572c72fedMD51TEXT001000700.pdf.txt001000700.pdf.txtExtracted Texttext/plain118123http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/148098/2/001000700.pdf.txt011244eee78b03d625b76a63a30851daMD52THUMBNAIL001000700.pdf.jpg001000700.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg956http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/148098/3/001000700.pdf.jpgb56c8ef71e82d79b28985c59a52fe91bMD5310183/1480982018-10-29 08:51:38.449oai:www.lume.ufrgs.br:10183/148098Repositório InstitucionalPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.bropendoar:2018-10-29T11:51:38Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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