Gãh Ré em sua concepção territorial : os saberes ancestrais na contracartografia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Puebla, Giovanna de Carmen
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/265646
Resumo: O presente trabalho apresenta o resultado de etnomapeamento da comunidade Kaingang Gãh Ré, localizada no Morro Santana, zona leste de Porto Alegre – RS. O produto cartográfico resultante, por si só, é um dos objetivos, somado à possibilidade de observação de como o grupo indígena se apropria e se relaciona com o espaço, em contexto urbano. Os pontos levantados são referentes tanto ao perímetro da área reivindicada para demarcação quanto a elementos relevantes para a ancestralidade Kaingang, como nascentes de água, localização de ervas medicinais, etc. O etnomapeamento consiste na construção de produtos cartográficos que contemplem elementos relevantes à comunidade, mas que na cartografia “convencional” poderiam não ser considerados – por isso o entendimento do processo como sendo de contracartografia, ou seja, a favor da resistência da comunidade que cuida do território, em detrimento do proprietário, que controla ou explora a terra. Feita de forma coletiva, baseia-se no protagonismo da comunidade (que será agente protagonista na execução do produto cartográfico final e não apenas objeto da pesquisa), com o fim de valorizar sua autonomia na tomada de decisões sobre o produto final, bem como sobre o uso do espaço ocupado. A metodologia do trabalho visou contemplar as necessidades da comunidade, considerando o fato de estar inserida em contexto urbano. Para isso, foi colocada em prática a abordagem do mapeamento participativo, o qual possibilitou a geração de produtos cartográficos resultantes de um processo de mapeamento coletivo com o protagonismo da comunidade em si. Tal abordagem realizou-se em cinco etapas: 1) oficina de capacitação para que a coleta dos pontos de referência pudesse ser feita pelas próprias pessoas da comunidade; 2) coleta dos pontos e reconhecimento do perímetro do território reivindicado para demarcação; 3) coleta dos pontos de referência para a comunidade, como características da fauna e da flora que trazem os elementos ancestrais da existência e da cultura Kaingang; 4) tratamento dos dados em software apropriado para geração do produto cartográfico final, que poderá servir de subsídio para os laudos antropológico e ambiental, necessários no requerimento da demarcação da Aldeia; e 5) retorno à comunidade para apresentação do produto e verificação de ajustes. Os resultados alcançados, além do produto cartográfico em si, foram também uma série de outras ações como, por exemplo, ampliar a visibilidade da pauta indígena de luta pela defesa de seus territórios e manutenção de sua cultura, bem como o estímulo ao debate sobre políticas públicas voltadas para esse grupo étnico.
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Os pontos levantados são referentes tanto ao perímetro da área reivindicada para demarcação quanto a elementos relevantes para a ancestralidade Kaingang, como nascentes de água, localização de ervas medicinais, etc. O etnomapeamento consiste na construção de produtos cartográficos que contemplem elementos relevantes à comunidade, mas que na cartografia “convencional” poderiam não ser considerados – por isso o entendimento do processo como sendo de contracartografia, ou seja, a favor da resistência da comunidade que cuida do território, em detrimento do proprietário, que controla ou explora a terra. Feita de forma coletiva, baseia-se no protagonismo da comunidade (que será agente protagonista na execução do produto cartográfico final e não apenas objeto da pesquisa), com o fim de valorizar sua autonomia na tomada de decisões sobre o produto final, bem como sobre o uso do espaço ocupado. A metodologia do trabalho visou contemplar as necessidades da comunidade, considerando o fato de estar inserida em contexto urbano. Para isso, foi colocada em prática a abordagem do mapeamento participativo, o qual possibilitou a geração de produtos cartográficos resultantes de um processo de mapeamento coletivo com o protagonismo da comunidade em si. Tal abordagem realizou-se em cinco etapas: 1) oficina de capacitação para que a coleta dos pontos de referência pudesse ser feita pelas próprias pessoas da comunidade; 2) coleta dos pontos e reconhecimento do perímetro do território reivindicado para demarcação; 3) coleta dos pontos de referência para a comunidade, como características da fauna e da flora que trazem os elementos ancestrais da existência e da cultura Kaingang; 4) tratamento dos dados em software apropriado para geração do produto cartográfico final, que poderá servir de subsídio para os laudos antropológico e ambiental, necessários no requerimento da demarcação da Aldeia; e 5) retorno à comunidade para apresentação do produto e verificação de ajustes. Os resultados alcançados, além do produto cartográfico em si, foram também uma série de outras ações como, por exemplo, ampliar a visibilidade da pauta indígena de luta pela defesa de seus territórios e manutenção de sua cultura, bem como o estímulo ao debate sobre políticas públicas voltadas para esse grupo étnico.The present work presents the result of the ethno-mapping of the Kaingang community “Gãh Ré”, located in Morro Santana, east zone of Porto Alegre – RS. The resulting cartographic product, in itself, is one of the objectives, added to the possibility of observing how the indigenous group appropriates and relates to space, in an urban context. The points raised refer both to the perimeter of the claimed area and to relevant elements to Kaingang ancestry, such as water sources, location of medicinal herbs, etc. Ethnomapping consists on the construction of cartographic products that include relevant elements to the community, but that in “conventional” cartography could not be considered – hence the understanding of the process as being one of counter-cartography, that is, in favor of the resistance of the community that takes care of the territory, to the detriment of the landowner, who controls or exploits the land. Made collectively, it is based on the protagonism of the community (which will be the protagonist agent in the execution of the final cartographic product, and not just the object of the research), in order to enhance their autonomy in making decisions about the final product, as well as the use of occupied space. The work methodology aimed to contemplate the needs of the community, considering the fact that it is inserted in an urban context. For this, the collectivist mapping approach was put into practice, which enabled the generation of cartographic products resulting from a collective mapping process with the protagonism of the community itself. This approach was carried out in five stages: 1) training workshop, so that the collection of reference points could be done by the people of the community themselves; 2) collection of points and recognition of the perimeter of the territory claimed for demarcation; 3) collection of reference points for the community, such as characteristics of the fauna and flora that bring the ancestral elements of Kaingang existence and culture; 4) treatment of data in appropriate software to generate the final cartographic product, which may serve as a subsidy for the anthropological and environmental studies, necessary in the application for the demarcation of the Aldeia; and 5) return to the community to present the product and check for adjustments. The result achieved, in addition to the cartographic product itself, were also a series of other actions, such as, for example, increasing the visibility to the indigenous agenda in the struggle for the defense of their territories and maintenance of their culture, as well as stimulating the debate on public policies aimed at this ethnic group.application/pdfporGeografia urbanaGeografia humanaComunidade indígenaCartografiaKaingangMorro Santana (Porto Alegre, RS)Indigenous spatialityIndigenous resumptionEthnomappingGãh Ré em sua concepção territorial : os saberes ancestrais na contracartografiainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPorto Alegre, BR-RS2023Geografia: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001177819.pdf.txt001177819.pdf.txtExtracted Texttext/plain92304http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/265646/2/001177819.pdf.txt1f6ca29d0c72ea6523359531b06cad7dMD52ORIGINAL001177819.pdfTexto completoapplication/pdf4274827http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/265646/1/001177819.pdf48a106b177e08c195dc775fb578f5c6bMD5110183/2656462023-10-04 03:40:54.471737oai:www.lume.ufrgs.br:10183/265646Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-10-04T06:40:54Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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