Ostracoda (Crustacea) de testemunho offshore da Bacia de Pelotas, sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Manica, Raquel de Mattos
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/84969
Resumo: Ostracodes são microcrustáceos que possuem uma carapaça bivalve de CaCO3 e distribuem-se em ambientes marinhos e não marinhos. São amplamente utilizados em estudos paleoceanográficos, paleoclimáticos e bioestratigráficos, sendo bons indicadores de batimetria, salinidade e temperatura. Seu registro data do Ordoviciano ao Recente. Nas bacias da margem continental brasileira os ostracodes têm sido largamente empregados na bioestratigrafia de intervalos não marinhos, como no caso do pré-sal. Por sua vez, os ostracodes marinhos têm se destacado por apresentar bons resultados em reconstituições paleoceanográficas de bacias marginais, inclusive da Bacia de Pelotas. Este trabalho se propõe a identificar a fauna de ostracodes e utilizá-la na interpretação paleoambiental dos eventos ocorridos no Mioceno, na Bacia de Pelotas. O objetivo principal foi a reconstrução da composição específica da fauna de Ostracoda e, após essa etapa, a integração dos dados micropaleontológicos com os de outras áreas da geociências, disponíveis na literatura, visando a caracterização das condições paleoceanográficas vigentes à época. Foi analisado um testemunho offshore, coletado pela Petrobras, na Bacia de Pelotas, na década de 1970, compreendendo um intervalo entre 1300,40 m – 1308,55 m. Das 18 amostras coletadas foram preparadas 40 g de cada. A rocha encontrada neste intervalo é um folhelho cinza esverdeado. A identificação das diferentes espécies foi realizada através de esteromicroscópio, microscopia óptica de luz transmitida e microscopia eletrônica de varredura. Foram identificados 20 gêneros e 29 espécies, sendo espécies-chave para o trabalho como Henryhowella kempfi, Krithe coimbrai, Krithe gnoma e Wichmanella juliana, sendo as demais identificadas a nível genérico. Dentre essas espécies foi encontrada uma nova espécie para o Mioceno do Atlântico Sul, do gênero Actinocythereis, descrita no presente trabalho. Na interpretação da paleoceanografia da região observou-se a presença de espécies encontradas no Mioceno Superior/Holoceno da mesma bacia, associadas a espécies reconhecidamente mais antigas, como é o caso de Wichmanella juliana, que foi originalmente descrita para o Eoceno-Oligoceno. Tal fauna remonta a condições de temperatura e salinidade que são encontradas no Neomioceno e pós-Mioceno da Bacia de Pelotas, já com a presença da Corrente das Malvinas, o que pode demonstrar que, por tratar-se de um ambiente de plataforma externa (ambiente com águas reconhecidamente de baixa temperatura), tais espécies ainda não teriam condições de habitar ambientes mais rasos com águas mais quentes, o que teria ocorrido apenas após o Eo/Mesomioceno. Uma hipótese alternativa para explicar a fauna aqui encontrada, seria assumir a existência de massas d’água mais frias somente em ambientes mais profundos.
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O objetivo principal foi a reconstrução da composição específica da fauna de Ostracoda e, após essa etapa, a integração dos dados micropaleontológicos com os de outras áreas da geociências, disponíveis na literatura, visando a caracterização das condições paleoceanográficas vigentes à época. Foi analisado um testemunho offshore, coletado pela Petrobras, na Bacia de Pelotas, na década de 1970, compreendendo um intervalo entre 1300,40 m – 1308,55 m. Das 18 amostras coletadas foram preparadas 40 g de cada. A rocha encontrada neste intervalo é um folhelho cinza esverdeado. A identificação das diferentes espécies foi realizada através de esteromicroscópio, microscopia óptica de luz transmitida e microscopia eletrônica de varredura. Foram identificados 20 gêneros e 29 espécies, sendo espécies-chave para o trabalho como Henryhowella kempfi, Krithe coimbrai, Krithe gnoma e Wichmanella juliana, sendo as demais identificadas a nível genérico. Dentre essas espécies foi encontrada uma nova espécie para o Mioceno do Atlântico Sul, do gênero Actinocythereis, descrita no presente trabalho. Na interpretação da paleoceanografia da região observou-se a presença de espécies encontradas no Mioceno Superior/Holoceno da mesma bacia, associadas a espécies reconhecidamente mais antigas, como é o caso de Wichmanella juliana, que foi originalmente descrita para o Eoceno-Oligoceno. Tal fauna remonta a condições de temperatura e salinidade que são encontradas no Neomioceno e pós-Mioceno da Bacia de Pelotas, já com a presença da Corrente das Malvinas, o que pode demonstrar que, por tratar-se de um ambiente de plataforma externa (ambiente com águas reconhecidamente de baixa temperatura), tais espécies ainda não teriam condições de habitar ambientes mais rasos com águas mais quentes, o que teria ocorrido apenas após o Eo/Mesomioceno. Uma hipótese alternativa para explicar a fauna aqui encontrada, seria assumir a existência de massas d’água mais frias somente em ambientes mais profundos.Ostracodes are microcrustaceans whose body presents a bivalve shell composed by CaCO3 and inhabit both marine and non marine environments. They are broadly used in paleoceanographic, paleoclimatic and biostratigraphic studies, due to their sensitivity to bathymetry, salinity and temperature changes. Their stratigraphic record ranges from the Ordovician to the Recent. In the Brazilian marginal basins they have been extensively employed in the biostratigraphy of non marine deposits, e.g. the Pre-Salt. The marine ostracodes, on the other hand, supply good paleoceanographic data in marginal basins, including Pelotas Basin. This work aimed at the identification of the ostracode fauna and its use in the paleoenvironmental interpretation of the Miocene events. Its main objective was the reconstruction of the specific composition of the Ostracoda assemblages and, subsequently, the integration of the micropaleontological data with others available in the literature, intending the ambiental characterization. It was studied the interval between 1300.40 m – 1308.55 m of an offshore core drilled by Petrobras in the 1970 decade. Forty grams from 18 samples of grayish-green shale were prepared. The species identification was carried out through both optical and scanning electronic microscopy analysis. Twenty genera and 29 species were identified, being Henryhowella kempfi, Krithe coimbrai, Krithe gnoma and Wichmanella juliana key species for the work. The remaining were identified only at genus level. A new species of the genus Actinocythereis for the Miocene of South Atlantic was described. In the paleoceanographic interpretation it was noticed the occurrence of species from the Upper Miocene/Holocene of the same basin associated to older species, such as Wichmanella juliana, described in Eocene-Oligocene deposits. The fauna is related to temperature and salinity levels typical from the Late Miocene and post-Miocene of Pelotas basin, under Malvinas current influence. This might indicate that species adaptated to outer shelf environments (which typically present lower temperatures) could not inhabit shallower environments, with higher water temperarures, which sat up only after the Early/Mesomiocene. An alternative explanation for the assemblages composition would be to assume the existence of cold water masses only at deeper environments.application/pdfporPaleoceanografiaOstracodes marinhosPelotas, Bacia sedimentar de (RS)PaleoceanographyPelotas basinMarine ostracodesMioceneOstracoda (Crustacea) de testemunho offshore da Bacia de Pelotas, sul do Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de GeociênciasPorto Alegre, BR-RS2013Geologiagraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000907322.pdf000907322.pdfTexto completoapplication/pdf2446182http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/84969/1/000907322.pdf8be2a5d1024e70d74e88d2f63ea61c9cMD51TEXT000907322.pdf.txt000907322.pdf.txtExtracted Texttext/plain67060http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/84969/2/000907322.pdf.txt834c4525e0f2d6abe1a866e577035396MD52THUMBNAIL000907322.pdf.jpg000907322.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1033http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/84969/3/000907322.pdf.jpg576969e77d32774225310b74c0f18537MD5310183/849692021-03-09 04:48:33.085729oai:www.lume.ufrgs.br:10183/84969Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2021-03-09T07:48:33Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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