O uso de dados genéticos na conservação da família Bromeliaceae: revisão e avaliação da diversidade genética

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barcellos, Milene Ferreira
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/238029
Resumo: A família Bromeliaceae é uma das grandes famílias de angiospermas monocotiledôneas quase exclusivamente neotropical, tradicionalmente dividida em três subfamílias: Bromelioideae, Pitcairnioideae e Tillandsioideae. A partir de uma revisão de estudos de diversidade genética usando marcadores microssatélites (SSRs), foi analisada a variação de Riqueza Alélica (RA), Heterozigosidades Esperada (HE) e Observada (HO) e Coeficiente de Endogamia (FIS) de acordo com sistema de cruzamento (fecundação cruzada, autofecundação ou sistema misto), síndrome de dispersão de sementes (anemocoria ou zoocoria), síndrome de polinização (anemofilia ou zoofilia) e amostragem dentro vs. fora de Unidades de Conservação. Também foi analisado o status de conservação das espécies analisadas e a amostragem nos biomas brasileiros. No total, 55 táxons foram amostrados: 15 da subfamília Bromelioideae, 22 da Pitcairnioideae e 18 da Tillandsioideae. O número de loci de microssatélites desenvolvidos nos trabalhos avaliados foi de 38 marcadores para Bromelioideae, 100 para Pitcairnioideae e 51 para Tillandsioideae, totalizando 189 loci de microssatélites. Os SSRs desenvolvidos para Bromeliaceae frequentemente são aplicados em subfamílias diferentes da original. A maioria dos trabalhos publicados analisou espécies alógamas com dispersão anemocórica, ornitófilas e amostradas fora de Unidades de Conservação, a maior parte ocorrendo na Mata Atlântica. Espécies alógamas apresentaram uma média de HO maior do que espécies autógamas (0,482 e 0,278, respectivamente). Já o FIS de espécies alógamas (0,133) foi menor do que de espécies autógamas (0,387). Isso pode ser explicado pelo fato de que a fecundação cruzada mantém níveis elevados de diversidade genética dentro das populações. Quanto à síndrome de polinização, espécies ornitófilas apresentaram um valor médio de HE de 0,547, enquanto para espécies polinizadas por vertebrados o valor médio de HE foi de 0,344. Quanto à síndrome de dispersão de sementes, espécies anemocóricas apresentaram valores médios de HO e FIS iguais a 0,378 e 0,303, respectivamente; para espécies zoocóricas, esses valores foram iguais a 0,501 e 0,085, respectivamente. Na dispersão pelo vento, poucas sementes são transportadas a longas distâncias, explicando o valor médio de HO mais baixo. Além disso, o movimento limitado de 9 sementes estimula a endogamia, o que pode explicar o valor médio mais alto de FIS. Já a dispersão por animais tem o efeito contrário. Considerando as subfamílias, Bromelioideae apresentou um valor médio de HO (0,501) consideravelmente mais alto do que Pitcairnioideae e Tillandsioideae (0,390 e 0,394, respectivamente). Esses valores podem ser explicados pelas diferentes síndromes de polinização das subfamílias: enquanto a ornitofilia é a principal síndrome de polinização para Tillandsioideae e Bromelioideae, para Pitcairnioideae a entomofilia é mais comum. A ornitofilia aumenta a variabilidade genética dentro das populações. Isso explica a maior média para HO apresentada por Bromelioideae, mas não explica a média de HO mais baixa para Tillandsioideae, já que a maioria das espécies amostradas para essa subfamília apresentavam entomofilia como síndrome de polinização. Espécies polinizadas por insetos exibem diversidade genética intrapopulacional reduzida. Quanto ao status de conservação, a maioria das espécies se encontra fora de listas oficiais de espécies ameaçadas ou em categorias de ameaça, podendo ser explicado pelo endemismo e ocorrência em biomas ameaçados, como a Mata Altântica.
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