Desenvolvimento de metodologia para análise de impacto e monitoramento ambiental a partir do estudo do metabolismo de sistemas aquáticos utilizando os processos de decomposição e colonização foliar por macroinvertebrados como indicativo da qualidade ecológica da água

• Autor(a) principal: Barbosa, André Frainer
• Data de Publicação: 2005
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/275351
• topic: Monitoramento ambiental; Macroinvertebrados; Qualidade da água; Riparian zone; Lotic systems; Leaf breakdown; Benthic macroinvertebrates; Bioassessment

A zona ripária desempenha um papel muito importante na manutenção da qualidade ecológica dos cursos d’agua de pequeno e médio porte. A entrada de material alóctone e a decomposição do material vegetal são processos centrais na dinâmica do metabolismo dos sistemas lóticos. O processo de decomposição foliar garante o aporte de matéria e energia para esses ambientes heterotróficos. Durante a decomposição foliar ocorre uma sucessão estrutural e funcional na comunidade de invertebrados bentônicos, os quais estão relacionados com o consumo e processamento do material foliar. Alterações na comunidade bentônica influenciam no retardamento e/ou aceleração dos processos bio-ecológicos envolvidos. A utilização de valores de riqueza, abundância e densidade média de invertebrados bentônicos associados ao processamento de material alóctone pode indicar a natureza do metabolismo do sistema aquático e, a longo prazo, servir como indicador de qualidade ecológica da água. Este estudo objetivou desenvolver e aplicar uma análise de impacto ambiental baseada em critérios ecossistêmicos - decomposição foliar e colonização por macroinvertebrados -, em trechos de arroios circundados por atividades suinícolas. Para o presente estudo, selecionou-se junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) a sub-bacia hidrográfica Lajeado Grande (LG), na região Noroeste do Estado do RS, a qual faz parte da área de abrangência da Floresta Estacional Decidual, atualmente comprometida com o uso intensivo da terra, através das práticas agrícolas e atividades suinícolas. Ao longo dessa bacia foram selecionadas nove estações de coleta (EC) para o estudo da decomposição foliar e colonização do folhiço por invertebrados bentônicos. Em cada EC um total de 36 bolsas, contendo cada uma quatro gramas de folhas secas de Ocotea puberula (Lauraceae), foram expostas em novembro de 2004. Quatro bolsas-de-folhiço por EC foram retiradas nos períodos pós-exposição de 1 dia, 15, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias, usando-se rede de mão de malha de 200μm. Os valores de decomposição foliar obtidos foram analisados estatisticamente através de um modelo exponencial não-linear para a determinação da taxa de decaimento foliar diária (-k), bem como o remanescente de massa foliar em cada período e a relação com a densidade de organismos bentônicos. Pode-se separar as ECs entre aquelas com valores k baixos (<0,003), para as ECs impactadas por atividades suinícolas; valor médio de k (entre 0,004 e 0,005), nas ECs com impactos por atividades suinícolas moderado; e, as ECs que apresentaram valor k alto (> 0,006), nas quais não se apresentaram impactos por atividades suinícolas. Verificou-se relação entre alta densidade média de macroinvertebrados nas bolsas-de-folhiço e decomposição foliar rápida. Assim, as ECs com menores perturbações antrópicas apresentaram rápida decomposição foliar e aumento da densidade média de organismos ao longo do período de exposição das bolsas-de-folhigo. Já as ECs mais impactadas por atividades suinícolas não apresentaram aumento da densidade média no período de exposição. A análise ambiental baseada em critérios ecossistêmicos permitiu a obtenção de um cenário mais confiável no que diz respeito à tomada de decisões por órgãos e instituições ambientais.