Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Lucas Demingos de
Data de Publicação: 2013
Outros Autores: Indrusiak, Elaine Barros
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/104449
Resumo: Partindo de uma abordagem dos fenômenos adaptativos como essencialmente tradutórios e, nesse sentido, análogos à própria compreensão (Steiner, 1975), o presente trabalho destaca a interdependência e interpenetração de textos em diferentes linguagens e sistemas semióticos e, em última instância, seu impacto sobre os polissistemas culturais e literários (Even- Zohar, 2010). Demonstra-se, assim, que a própria natureza dos polissistemas literários é intrinsicamente convergente e transmidiática (Jenkins, 2006). A partir de uma abordagem sistêmica e tomando tais conceitos por aporte teórico, este trabalho tem como objeto de estudo a representação personificada do Destino por meio das Weird Sisters, ou As Três Bruxas, da peça Macbeth, de William Shakespeare (1623), a qual adapta a figura clássica das Moiras, divindades que tecem o destino. Sendo ele próprio um comparatista avant la lettre, uma vez que boa parte de seus enredos e personagens são apropriações de textos anteriores, Shakespeare configura-se como catalisador dessa nova representação do Destino personificado. Dada a relevância e centralidade do texto shakespeariano no cânone literário ocidental, no entanto, essa representação teatral firma-se, ela própria, como a imagem canônica e como corporificação do arquétipo da divindade tripla. Ao sedimentar e universalizar tal caracterização, o texto shakespeariano empresta a essas descendentes das Moiras um aspecto sinistro, diferentemente daquele registrado em representações plásticas clássicas, bem como um tom de parcialidade em relação à humanidade, contrastando com a imparcialidade das divindades na mitologia clássica. Uma vez consolidado no texto shakesperiano, esse processo adaptativo seria, posterior e paulatinamente, transposto para o cinema, onde se fixa a representação visual do arquétipo em associação com a imagem de bruxas.
id UFRGS-2_c34d97ead4ded79266c9ae55cc3e00c4
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/104449
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Oliveira, Lucas Demingos deIndrusiak, Elaine Barros2014-10-11T02:11:28Z20132236-4013http://hdl.handle.net/10183/104449000929406Partindo de uma abordagem dos fenômenos adaptativos como essencialmente tradutórios e, nesse sentido, análogos à própria compreensão (Steiner, 1975), o presente trabalho destaca a interdependência e interpenetração de textos em diferentes linguagens e sistemas semióticos e, em última instância, seu impacto sobre os polissistemas culturais e literários (Even- Zohar, 2010). Demonstra-se, assim, que a própria natureza dos polissistemas literários é intrinsicamente convergente e transmidiática (Jenkins, 2006). A partir de uma abordagem sistêmica e tomando tais conceitos por aporte teórico, este trabalho tem como objeto de estudo a representação personificada do Destino por meio das Weird Sisters, ou As Três Bruxas, da peça Macbeth, de William Shakespeare (1623), a qual adapta a figura clássica das Moiras, divindades que tecem o destino. Sendo ele próprio um comparatista avant la lettre, uma vez que boa parte de seus enredos e personagens são apropriações de textos anteriores, Shakespeare configura-se como catalisador dessa nova representação do Destino personificado. Dada a relevância e centralidade do texto shakespeariano no cânone literário ocidental, no entanto, essa representação teatral firma-se, ela própria, como a imagem canônica e como corporificação do arquétipo da divindade tripla. Ao sedimentar e universalizar tal caracterização, o texto shakespeariano empresta a essas descendentes das Moiras um aspecto sinistro, diferentemente daquele registrado em representações plásticas clássicas, bem como um tom de parcialidade em relação à humanidade, contrastando com a imparcialidade das divindades na mitologia clássica. Uma vez consolidado no texto shakesperiano, esse processo adaptativo seria, posterior e paulatinamente, transposto para o cinema, onde se fixa a representação visual do arquétipo em associação com a imagem de bruxas.The present work is part of the research project The Impact of Film Adaptations in Literary Polysystems, which aims to demonstrate the relevance and impact of adaptations on cultural and literary polysystems (Even-Zohar, 2010). Stemming from an approach to the adaptive phenomena as essentially translational and, in this sense, similar to comprehension itself (Steiner, 1975), the research highlights the interdependence and interpenetration of texts of different natures and codes. As a result, is the research demonstrates that the nature of literary polysystems is intrinsically convergent and transmedia (Jenkins, 2006). The following work is part of the research project The Impact of Based on a systemic approach and partially supported by the same theoretical support, this paper has as object of study Destiny’s anthropomorphic representation through the Weird Sisters, also known as the Three Witches, from Shakespeare’s Macbeth (1623), which adapts the classic Moirae figure, deities who weave men’s destinies. A comparatist avant la lettre, since great part of his plots and characters appropriate from previous texts, Shakespeare works as a catalyst in a new anthropomorphic representation of Destiny. Given the relevance and centrality of the Shakespearean text within the Western canon, however, this theatrical representation consolidates itself as the canonical image of the triple deity archetype. While consolidating and widely scattering this characterization, the Shakespearean text adds to these descendants of the Moirae sinister features, unlike those registered in classic representations, as well as a note of partiality in relation to humanity, contrasting with the classic deities’ impartiality. Having been solidified in the Shakespearean text, this adaptive process would later be gradually transposed to cinema, where it establishes itself as the archetypal visual representation in association with the image of witches.application/pdfporTranslatio : revista do Núcleo de Estudos de Tradução Olga Fedossejeva. Porto Alegre, RS. N. 6 (2013), p. 162-169Shakespeare, William, 1564-1616. MacbethPolissistema culturalAdaptaçãoMoiraeWeird SistersPolissystemsAdaptationWeird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidentalinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000929406.pdf000929406.pdfTexto completoapplication/pdf546042http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/1/000929406.pdfb2d37aa77e871abdbcf484f2d6428a09MD51TEXT000929406.pdf.txt000929406.pdf.txtExtracted Texttext/plain21058http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/2/000929406.pdf.txt8280fa8f7ce26400e552843132abc4f5MD52THUMBNAIL000929406.pdf.jpg000929406.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg2189http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/3/000929406.pdf.jpgba66b2cb859ebceac1873a97007afcbfMD5310183/1044492019-01-30 02:33:18.410365oai:www.lume.ufrgs.br:10183/104449Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2019-01-30T04:33:18Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
title Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
spellingShingle Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
Oliveira, Lucas Demingos de
Shakespeare, William, 1564-1616. Macbeth
Polissistema cultural
Adaptação
Moirae
Weird Sisters
Polissystems
Adaptation
title_short Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
title_full Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
title_fullStr Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
title_full_unstemmed Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
title_sort Weird sisters : adaptação shakespeariana e sua fixação no polisssistema cultural ocidental
author Oliveira, Lucas Demingos de
author_facet Oliveira, Lucas Demingos de
Indrusiak, Elaine Barros
author_role author
author2 Indrusiak, Elaine Barros
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Oliveira, Lucas Demingos de
Indrusiak, Elaine Barros
dc.subject.por.fl_str_mv Shakespeare, William, 1564-1616. Macbeth
Polissistema cultural
Adaptação
topic Shakespeare, William, 1564-1616. Macbeth
Polissistema cultural
Adaptação
Moirae
Weird Sisters
Polissystems
Adaptation
dc.subject.eng.fl_str_mv Moirae
Weird Sisters
Polissystems
Adaptation
description Partindo de uma abordagem dos fenômenos adaptativos como essencialmente tradutórios e, nesse sentido, análogos à própria compreensão (Steiner, 1975), o presente trabalho destaca a interdependência e interpenetração de textos em diferentes linguagens e sistemas semióticos e, em última instância, seu impacto sobre os polissistemas culturais e literários (Even- Zohar, 2010). Demonstra-se, assim, que a própria natureza dos polissistemas literários é intrinsicamente convergente e transmidiática (Jenkins, 2006). A partir de uma abordagem sistêmica e tomando tais conceitos por aporte teórico, este trabalho tem como objeto de estudo a representação personificada do Destino por meio das Weird Sisters, ou As Três Bruxas, da peça Macbeth, de William Shakespeare (1623), a qual adapta a figura clássica das Moiras, divindades que tecem o destino. Sendo ele próprio um comparatista avant la lettre, uma vez que boa parte de seus enredos e personagens são apropriações de textos anteriores, Shakespeare configura-se como catalisador dessa nova representação do Destino personificado. Dada a relevância e centralidade do texto shakespeariano no cânone literário ocidental, no entanto, essa representação teatral firma-se, ela própria, como a imagem canônica e como corporificação do arquétipo da divindade tripla. Ao sedimentar e universalizar tal caracterização, o texto shakespeariano empresta a essas descendentes das Moiras um aspecto sinistro, diferentemente daquele registrado em representações plásticas clássicas, bem como um tom de parcialidade em relação à humanidade, contrastando com a imparcialidade das divindades na mitologia clássica. Uma vez consolidado no texto shakesperiano, esse processo adaptativo seria, posterior e paulatinamente, transposto para o cinema, onde se fixa a representação visual do arquétipo em associação com a imagem de bruxas.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2014-10-11T02:11:28Z
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/other
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/104449
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 2236-4013
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 000929406
identifier_str_mv 2236-4013
000929406
url http://hdl.handle.net/10183/104449
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Translatio : revista do Núcleo de Estudos de Tradução Olga Fedossejeva. Porto Alegre, RS. N. 6 (2013), p. 162-169
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/1/000929406.pdf
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/2/000929406.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/104449/3/000929406.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv b2d37aa77e871abdbcf484f2d6428a09
8280fa8f7ce26400e552843132abc4f5
ba66b2cb859ebceac1873a97007afcbf
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1798487263628230656