A genômica mitocondrial aplicada ao problema do povoamento pré-colombiano das Américas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Kanitz, Ricardo
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/275323
Resumo: Abordagens genéticas com sequências de DNA mitocondrial (mtDNA) têm sido usadas de forma bem sucedida na resolução de diversos problemas históricos da evolução humana. Um dos problemas mais estudados é o povoamento pré-colombiano do continente americano. Algumas das dúvidas que ainda pairam sobre o assunto são (i) o número e a (ii) datação dos eventos de migração assim como o (iii) tamanho da população fundadora. Procurar uma resposta para os dois primeiros problemas foi o objetivo do nosso trabalho. Para tanto, maximizamos a retirada de informação do mtDNA pelo seqüenciamento completo da região codificante dessa molécula. As amostras foram obtidas de indivíduos indígenas de todos os cinco haplogrupos mitocondriais nativos (A, B, C, D e X) em diversas tribos por todo o continente. O número total de genomas mitocondriais de nativos americanos analisados é de 122 sendo que 58 dessas seqüências foram obtidas pelo nosso grupo. Para fins de comparação, todas as seqüências de não-americanos pertencentes aos haplogrupos A-D e X disponíveis na literatura também foram colocadas nas análises. Verificamos a existência de marcadores genéticos exclusivos no mtDNA para nativos americanos em todos os haplogrupos exceto para o C. Esses dados então sugerem um único haplótipo fundador para cada haplogrupo. As estatísticas populacionais obtidas de diversidade nucleotídica e expansão populacional (D de Tajima) para os haplogrupos A-D foram bastante semelhantes. A diversidade variou em tomo 0,045% e o D de Tajima mostrou-se significativamente negativo sugerindo expansão populacional para todos. Para o haplogrupo X, encontramos diferenças nesses dois parâmetros: o valor de diversidade encontrado foi de 0,0305% e o teste de neutralidade não diferiu de forma significativa de zero não sugerindo expansão populacional. Para explicar esses resultados, temos duas hipóteses: (i) trata-se de uma segunda e mais recente entrada no continente trazendo somente esse haplogrupo ou então (ii) o que vemos é algum efeito inerente ao processo de colonização no continente em que seria possível que este haplogrupo ocorresse em baixa freqüência na população fundadora e não seguiu o ritmo de expansão dos outros haplogrupos. Para ajudar a decidir entre essas duas hipóteses, análises com métodos de máxima verossimilhança, árvores linearizadas e median joining (parâmetro rho) foram feitas para estimar as idades de expansão de cada haplogrupo. Nessas análises verificamos não haver diferenças significantes entre as idades dos haplogrupos A-D e do haplogrupo X. Todas elas resultam em torno de 23 mil anos atrás com a taxa de uma mutação a cada 5.140 anos retirada da literatura. Com esses dados, o povoamento das Américas teria ocorrido em um único evento trazendo simultaneamente todos os haplogrupos indígenas antes do último máximo glacial a partir da Beríngia provavelmente por uma rota costeira.
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