Ocorrência, distribuição e comportamento da Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), Baleia-Franca-Austral no Litoral Norte do Rio Grande do Sul
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/172927 |
Resumo: | A presença da baleia-franca-austral, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), no litoral norte do Rio Grande do Sul (LNRS), tem sido registrada desde o início das investigações sobre cetáceos no litoral sul do Brasil. Ainda assim, permanecem diversas questões sobre o uso e ocupação da região por estes animais. Sua característica pouco ortodoxa para zonas de reprodução e berçário, além da falta de estudos durante toda a temporada de reprodução e cria, tem dificultado uma definição segura sobre a importância do LNRS no ciclo de vida destes animais. O presente trabalho se propôs a monitorar sistematicamente a região e elaborar uma estratégia para obtenção de avistamentos durante os meses de maio a novembro, temporada reprodutiva da espécie, entre os anos de 2012 e 2016. A intenção foi identificar padrões de uso e ocupação das baleias, verificando a distribuição espacial, composição, comportamento e frequência dos grupos avistados. Para alcançar os objetivos, foram realizados monitoramentos terrestres; estabeleceu-se uma rede para informes de avistamentos; realizou-se pesquisas em veículos de informação; e sobrevoou-se a área de interesse. As baleias estiveram presentes em todos os meses de observação, com pico de ocorrência registrado nos meses de agosto e setembro. No total, foram registrados 438 grupos de baleias-franca. Mais de 95 % dos grupos estavam distríbuidos em uma distância entre 0 e 3 km da linha de costa. No início da temporada, entre os meses de maio e julho, foram registrados cerca de 26 % do total de grupos avistados. O período é marcado pela grande quantidade de grupos de adultos solitários (~65 % do total), em sua maioria deslocando-se para norte. O mês de julho marcou o aumento no número de pares de fêmeas com filhotes que, em agosto, chegam a mais de 81 % do total de 220 grupos avistados neste mês. Em setembro, o porcentual de fêmeas com filhotes chega a 87 % dos 160 grupos de baleias-franca avistados. Em outubro, ocorre uma dimuinção drástica no número de avistamentos, e predomina o comportamento de deslocamento sentido sul, mantendo-se a grande proporção de fêmeas com filhotes. A grande presença destes animais na área de estudo durante toda a temporada reprodutiva, com picos de ocorrência concomitantemente aos meses de pico nas principais zonas de berçário para a espécie, e com uma composição de grupos característicos, permitem concluir que nestes anos a região serviu como área de berçário e cria para baleias-franca-austral. O avistamento de grupos em corrida de acasalamento no mês de julho e no ínicio de agosto sugere a importância da região como zona de reprodução. O tráfego marinho, a pesca, a poluição química e sonora, e o molestamento intencional ou não, são as principais ameaças à espécie na região e constituem desafios para a conservação da espécie no LNRS. |
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Lisbôa, Thiago NóbregaGuadagnin, Demétrio Luis2018-02-27T02:24:09Z2016http://hdl.handle.net/10183/172927001015079A presença da baleia-franca-austral, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), no litoral norte do Rio Grande do Sul (LNRS), tem sido registrada desde o início das investigações sobre cetáceos no litoral sul do Brasil. Ainda assim, permanecem diversas questões sobre o uso e ocupação da região por estes animais. Sua característica pouco ortodoxa para zonas de reprodução e berçário, além da falta de estudos durante toda a temporada de reprodução e cria, tem dificultado uma definição segura sobre a importância do LNRS no ciclo de vida destes animais. O presente trabalho se propôs a monitorar sistematicamente a região e elaborar uma estratégia para obtenção de avistamentos durante os meses de maio a novembro, temporada reprodutiva da espécie, entre os anos de 2012 e 2016. A intenção foi identificar padrões de uso e ocupação das baleias, verificando a distribuição espacial, composição, comportamento e frequência dos grupos avistados. Para alcançar os objetivos, foram realizados monitoramentos terrestres; estabeleceu-se uma rede para informes de avistamentos; realizou-se pesquisas em veículos de informação; e sobrevoou-se a área de interesse. As baleias estiveram presentes em todos os meses de observação, com pico de ocorrência registrado nos meses de agosto e setembro. No total, foram registrados 438 grupos de baleias-franca. Mais de 95 % dos grupos estavam distríbuidos em uma distância entre 0 e 3 km da linha de costa. No início da temporada, entre os meses de maio e julho, foram registrados cerca de 26 % do total de grupos avistados. O período é marcado pela grande quantidade de grupos de adultos solitários (~65 % do total), em sua maioria deslocando-se para norte. O mês de julho marcou o aumento no número de pares de fêmeas com filhotes que, em agosto, chegam a mais de 81 % do total de 220 grupos avistados neste mês. Em setembro, o porcentual de fêmeas com filhotes chega a 87 % dos 160 grupos de baleias-franca avistados. Em outubro, ocorre uma dimuinção drástica no número de avistamentos, e predomina o comportamento de deslocamento sentido sul, mantendo-se a grande proporção de fêmeas com filhotes. A grande presença destes animais na área de estudo durante toda a temporada reprodutiva, com picos de ocorrência concomitantemente aos meses de pico nas principais zonas de berçário para a espécie, e com uma composição de grupos característicos, permitem concluir que nestes anos a região serviu como área de berçário e cria para baleias-franca-austral. O avistamento de grupos em corrida de acasalamento no mês de julho e no ínicio de agosto sugere a importância da região como zona de reprodução. O tráfego marinho, a pesca, a poluição química e sonora, e o molestamento intencional ou não, são as principais ameaças à espécie na região e constituem desafios para a conservação da espécie no LNRS.The presence of the Southern Right Whale, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), in the northern shore of Rio Grande do Sul (LNRS), has been registered since early research was made about cetaceans in the southern shores of Brazil. Still, several questions remain about the region’s use and occupation by these animals. Their less orthodox reproductive characteristics and nursery zones, combined with the lack of studies during the whole reproductive season, has made hard to determine accurately about the importance of the LNRS in the life cycle of these animals. This research work aimed to monitor the region systematically and elaborate a strategy to obtain sightings during the months of May to November -the reproductive season of the species- between the years 2012 and 2016. Its intention was to identify patterns in the use and occupation by the whales, verifying spatial distribution, composition, behavior, and frequency of the sighted groups. To reach the goals, terrestrial monitoring was done; a network for sight reporting was established; research in information vehicles was done; as well as flights above the interest area. The whales were present in every single month of observation, with a peak of occurrence being registered in August and September. In total, 438 groups of Southern Right Whales were registered. Over 95% of the groups were distributed in a distance between 0 and 3 kilometers from the coast line. Around 26% of the totality of the groups were registered in the early season, between the months of May and July. This period is marked by a great quantity of groups of lonely males (~65% of the total), the majority moving northward. The month of July marked the increase in the numbers of female pairs with calves, that in August represent over 81% of the 160 groups of Right Whale sighted. In October, a drastic decrease in the number of sightings is observed, and the behavior of dislocation towards the south is predominant, still with a bigger proportion of females with calves. The great presence of these animals in the area of study during the whole reproductive season, with peaks of occurrence coinciding to the peaks on the main nursery zones for the species, and consistent group compositions, all allow us to conclude that in these years the region served as a nursery and raising area for the Southern Right Whales. The sightings of groups in heat run in the month of July and early August suggests the region’s importance as a reproduction zone. Marine traffic, fishing activities, chemical and sound pollution, and harassing -intentional or not- are the main threats to the species in the region and stand as challenges to the species conservation in the LNRS.application/pdfporBaleia Franca : Eubalaena australis : Conservação e proteção da vida selvagemLitoral Norte, Região (RS)Southern right whaleNorth Coast off Rio Grande do SulMarine mammalsCetaceanConservationOcorrência, distribuição e comportamento da Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), Baleia-Franca-Austral no Litoral Norte do Rio Grande do SulOcorrência, distribuição e comportamento da Baleia-Franca-Austral, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822) em águas costeiras do Litoral Norte do Rio Grande do Sul info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de BiociênciasPorto Alegre, BR-RS2016Ciências Biológicas: Ênfase em Biologia Marinha e Costeira: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001015079.pdf001015079.pdfTexto completoapplication/pdf2557102http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172927/1/001015079.pdfb1ef5f6bbb2175774ecde51aaf1cfe92MD51TEXT001015079.pdf.txt001015079.pdf.txtExtracted Texttext/plain100382http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172927/2/001015079.pdf.txt9cc2a96c43ffda3123b49510fc951d3dMD52THUMBNAIL001015079.pdf.jpg001015079.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1040http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172927/3/001015079.pdf.jpgebadea722c93d888cfefc108779c4617MD5310183/1729272022-06-30 04:53:03.089491oai:www.lume.ufrgs.br:10183/172927Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-06-30T07:53:03Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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A presença da baleia-franca-austral, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), no litoral norte do Rio Grande do Sul (LNRS), tem sido registrada desde o início das investigações sobre cetáceos no litoral sul do Brasil. Ainda assim, permanecem diversas questões sobre o uso e ocupação da região por estes animais. Sua característica pouco ortodoxa para zonas de reprodução e berçário, além da falta de estudos durante toda a temporada de reprodução e cria, tem dificultado uma definição segura sobre a importância do LNRS no ciclo de vida destes animais. O presente trabalho se propôs a monitorar sistematicamente a região e elaborar uma estratégia para obtenção de avistamentos durante os meses de maio a novembro, temporada reprodutiva da espécie, entre os anos de 2012 e 2016. A intenção foi identificar padrões de uso e ocupação das baleias, verificando a distribuição espacial, composição, comportamento e frequência dos grupos avistados. Para alcançar os objetivos, foram realizados monitoramentos terrestres; estabeleceu-se uma rede para informes de avistamentos; realizou-se pesquisas em veículos de informação; e sobrevoou-se a área de interesse. As baleias estiveram presentes em todos os meses de observação, com pico de ocorrência registrado nos meses de agosto e setembro. No total, foram registrados 438 grupos de baleias-franca. Mais de 95 % dos grupos estavam distríbuidos em uma distância entre 0 e 3 km da linha de costa. No início da temporada, entre os meses de maio e julho, foram registrados cerca de 26 % do total de grupos avistados. O período é marcado pela grande quantidade de grupos de adultos solitários (~65 % do total), em sua maioria deslocando-se para norte. O mês de julho marcou o aumento no número de pares de fêmeas com filhotes que, em agosto, chegam a mais de 81 % do total de 220 grupos avistados neste mês. Em setembro, o porcentual de fêmeas com filhotes chega a 87 % dos 160 grupos de baleias-franca avistados. Em outubro, ocorre uma dimuinção drástica no número de avistamentos, e predomina o comportamento de deslocamento sentido sul, mantendo-se a grande proporção de fêmeas com filhotes. A grande presença destes animais na área de estudo durante toda a temporada reprodutiva, com picos de ocorrência concomitantemente aos meses de pico nas principais zonas de berçário para a espécie, e com uma composição de grupos característicos, permitem concluir que nestes anos a região serviu como área de berçário e cria para baleias-franca-austral. O avistamento de grupos em corrida de acasalamento no mês de julho e no ínicio de agosto sugere a importância da região como zona de reprodução. O tráfego marinho, a pesca, a poluição química e sonora, e o molestamento intencional ou não, são as principais ameaças à espécie na região e constituem desafios para a conservação da espécie no LNRS. |
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