Aspectos teórico-filsóficos da ciência ecológica : conteúdo e estrutura em livros didáticos do ensino superior
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/96691 |
Resumo: | Este trabalho teve por objetivo discutir, sob uma perspectiva filosófica, temas básicos da ecologia apresentados em livros-texto de utilização no ensino superior. Estes temas básicos envolveram desde a concepção dos autores sobre o que caracteriza a atividade científica, passando pelo escopo da ecologia e sua importância, até o destaque dado às diferentes áreas da ecologia, incluindo a ecologia aplicada. Embora todos os autores tenham considerado a ecologia uma atividade científica, foi encontrada uma grande variação nas suas definições. Desde autores que explicitamente consideram-na um ramo da biologia, até aqueles que a definiram de forma tão ampla que englobaria todas as outras disciplinas científicas. Dois dos quatro livros analisados trataram explicitamente sobre características gerais da ciência. Destacou-se a natureza inacabada e cambiante da atividade científica e uma determinada concepção do chamado método científico. A variação também foi considerável quanto aos níveis de organização próprios à ecologia. Houve autores que enfatizaram o organismo como unidade fundamental, enquanto outros deram prioridade ao nível ecossistêmico. Além disso, alguns mencionaram a importância de níveis como o molecular e outros incluíram o nível da biosfera no estudo da ecologia. Quanto à ênfase na teoria evolutiva, alguns autores realmente destacaram sua importância, mas outros sequer a mencionaram em seu capítulo introdutório. Isso refletiu numa grande diferença entre as obras quanto ao número de capítulos tendo a evolução como tópico central. Foi examinada, também, a argumentação dos autores para justificar a importância da ecologia. Todos eles mencionaram aspectos práticos relacionados à necessidade de compreender o mundo natural para que se possa reverter ou mesmo antecipar os problemas ambientais. Uma das obras, inclusive, afirmou a necessidade de os ecólogos assumirem seu papel totalmente endereçado a esses problemas. Apenas uma das obras, no entanto, enfatizou a importância da ecologia na geração de conhecimento sem que se tenha em vista necessariamente os problemas ambientais. Isto é, na importância da ciência e da ecologia como atividade cultural. Considerando apenas o capítulo introdutório dos livros analisados, houve grande desconsideração pelo aspecto histórico da ecologia e uma ausência total da menção à teoria como elemento importante na atividade científica. Em relação à estrutura geral dos livros, a Introdução possuiu sempre um número de páginas menor do que a média do número de páginas dos outros capítulos. A importância dedicada aos níveis de organismos, populações, comunidades e ecossistemas foi bastante variável entre as diferentes obras. A respeito das interações entre organismos, foi encontrado um padrão em que interações negativas foram sempre muito mais abordadas do que interações positivas. Devido a isso, duas hipóteses foram propostas e discutidas. Por fim, foi analisado o tópico de ecologia aplicada. Foi encontrado um padrão em que aproximadamente 12% do conteúdo dos livros é dedicado a este tópico. No entanto, o que é tratado como ecologia aplicada é, na verdade, uma mistura de ciência aplicada e técnica, o que envolve, naturalmente, determinados valores éticos. |
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