O futuro é uma mulher negra: afrofuturismo e (r)existência na série 3%

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bernardo, Pâmela de Oliveira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/234903
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar a manutenção ou subversão dos arquétipos e imagens de controle das mulheres negras na série 3% a partir da personagem Joana. Para responder a este, foram definidos como objetivos específicos: a) Identificar e pontuar a existência de mulheres negras na série; b) Discutir a construção de estereótipos, imagens de controle e arquétipos; c) Discutir como as representações da personagem Joana se relacionam a estes arquétipos e imagens de controle; d) Discutir de que forma as representações deste segmento da população podem refletir expectativas de futuro. Como fundamentação teórica trago conceitos de raça e o contexto desta no Brasil, relacionando à construção da identidade da mulher negra, além disso discuto o afrofuturismo como ferramenta idealizada pelo movimento negro para resistir a ausência de pessoas negras em produtos ficcionais. Ainda na base teórica, trago as relações do audiovisual brasileiro ao streaming e a construção de estereótipos. Pontuo a construção de produtos ficcionais, sobretudo futuristas, como manifestação da intenção de criar uma realidade melhorada em relação ao que somos hoje. Por fim, mobilizo os conceitos de estereótipo (MOREIRA, 2019), imagens de controle (Collins apud BUENO, 2020) e arquétipos (RODRIGUES, 2011), para identificar os perfis já existentes aos quais as pessoas negras são destinadas. Ao longo da análise é possível perceber como os mesmos arquétipos são mobilizados de diferentes formas dentro desses pontos de vista elencados. Além disso, é possível identificar onde não há correspondência a estes perfis mapeados por Rodrigues (2018) . Discuto as possíveis contestações principalmente na perspectiva da Auto Percepção, por mostrar mais presente a dimensão do afeto, que considero o principal meio de subversão a estas imagens arquetípicas. Finalizando o capítulo quatro, entendo como especialmente complexa a identificação de imagens de controle dentro da lógica estabelecida para análise. Considero que a personagem Joana corresponde a alguns traços mapeados por Collins, teorizados por Bueno (2020), para caracterizar essas imagens, mas não considero que alguma dessas imagens possa caracterizar a totalidade de um momento da série, como os arquétipos fizeram. Por fim, considero as subversões de gênero dentro dos arquétipos propostos por Rodrigues como atualizações reativas às atualizações da matriz de dominação, entendendo que o fato de Joana não caber dentro dos arquétipos femininos não significa a liberdade destes, pois a personagem ainda está limitada a perfis mapeados exclusivamente para pessoas negras. Assim, relaciono o afrofuturismo como ferramenta a ser mobilizada em favor da reivindicação de imagens cada vez mais diversas, que possam ampliar as possibilidades de existências negras, no tempo presente e, sobretudo, no futuro.
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Como fundamentação teórica trago conceitos de raça e o contexto desta no Brasil, relacionando à construção da identidade da mulher negra, além disso discuto o afrofuturismo como ferramenta idealizada pelo movimento negro para resistir a ausência de pessoas negras em produtos ficcionais. Ainda na base teórica, trago as relações do audiovisual brasileiro ao streaming e a construção de estereótipos. Pontuo a construção de produtos ficcionais, sobretudo futuristas, como manifestação da intenção de criar uma realidade melhorada em relação ao que somos hoje. Por fim, mobilizo os conceitos de estereótipo (MOREIRA, 2019), imagens de controle (Collins apud BUENO, 2020) e arquétipos (RODRIGUES, 2011), para identificar os perfis já existentes aos quais as pessoas negras são destinadas. Ao longo da análise é possível perceber como os mesmos arquétipos são mobilizados de diferentes formas dentro desses pontos de vista elencados. Além disso, é possível identificar onde não há correspondência a estes perfis mapeados por Rodrigues (2018) . Discuto as possíveis contestações principalmente na perspectiva da Auto Percepção, por mostrar mais presente a dimensão do afeto, que considero o principal meio de subversão a estas imagens arquetípicas. Finalizando o capítulo quatro, entendo como especialmente complexa a identificação de imagens de controle dentro da lógica estabelecida para análise. Considero que a personagem Joana corresponde a alguns traços mapeados por Collins, teorizados por Bueno (2020), para caracterizar essas imagens, mas não considero que alguma dessas imagens possa caracterizar a totalidade de um momento da série, como os arquétipos fizeram. Por fim, considero as subversões de gênero dentro dos arquétipos propostos por Rodrigues como atualizações reativas às atualizações da matriz de dominação, entendendo que o fato de Joana não caber dentro dos arquétipos femininos não significa a liberdade destes, pois a personagem ainda está limitada a perfis mapeados exclusivamente para pessoas negras. Assim, relaciono o afrofuturismo como ferramenta a ser mobilizada em favor da reivindicação de imagens cada vez mais diversas, que possam ampliar as possibilidades de existências negras, no tempo presente e, sobretudo, no futuro.This paper aims to analyze the maintenance or subversion of the archetypes and control images of black women in the 3% series based on the character Joana. To respond to this, the following specific objectives were defined: a) Identify and point out the existence of black women in the series; b) Discuss the construction of stereotypes, control images and archetypes; c) Discuss how the representations of the character Joana relate to these archetypes and images of control; d) Discuss how the representations of this segment of the population can reflect expectations for the future. As a theoretical foundation I bring concepts of race and its context in Brazil, relating to the construction of the identity of black women, in addition I discuss Afrofuturism as a tool idealized by the black movement to resist the absence of black people in fictional products. Still on the theoretical basis, I bring the Brazilian audiovisual relations to streaming and the construction of stereotypes. I point to the construction of fictional products, especially futuristic ones, as a manifestation of the intention to create an improved reality in relation to what we are today. Finally, I mobilize the concepts of stereotype (MOREIRA, 2019), control images (Collins apud BUENO, 2020) and archetypes (RODRIGUES, 2011), to identify the existing profiles to which black people are destined. Throughout the analysis, it is possible to see how the same archetypes are mobilized in different ways within these listed points of view. Furthermore, it is possible to identify where there is no correspondence to these profiles mapped by Rodrigues (2018) . I discuss the possible contestations mainly from the perspective of Self-Perception, for showing more present the dimension of affection, which I consider the main means of subversion to these archetypal images. At the end of chapter four, I understand how particularly complex the identification of control images within the established logic for analysis. I consider that the character Joana corresponds to some traits mapped by Collins, theorized by Bueno (2020), to characterize these images, but I do not consider that any of these images can characterize the entirety of a moment in the series, as the archetypes did. Finally, I consider the gender subversions within the archetypes proposed by Rodrigues as reactive updates to the domination matrix updates, understanding that the fact that Joana does not fit within the female archetypes does not mean their freedom, as the character is still limited to profiles mapped exclusively to black people. Thus, I relate Afrofuturism as a tool to be mobilized in favor of the demand for increasingly diverse images that can expand the possibilities of black existences, in the present and, above all, in the future.application/pdfporMulher negraArquétiposAfrofuturismArchetypesBrazilian AudiovisualBlack WomenNetflixO futuro é uma mulher negra: afrofuturismo e (r)existência na série 3%info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Biblioteconomia e ComunicaçãoPorto Alegre, BR-RS2021Comunicação Social: Habilitação em Propaganda e Publicidadegraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001136733.pdf.txt001136733.pdf.txtExtracted Texttext/plain179328http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234903/2/001136733.pdf.txtbba22f9a649bde821c928ad0a23617c6MD52ORIGINAL001136733.pdfTexto completoapplication/pdf13688692http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/234903/1/001136733.pdfc14985ebfd6c70e9e6bcf5d944591ce9MD5110183/2349032022-02-22 05:16:10.037596oai:www.lume.ufrgs.br:10183/234903Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-02-22T08:16:10Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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