Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mazzari,Marcus V.
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Estudos Avançados
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142010000200012
Resumo: Na segunda parte do romance As afinidades eletivas, a jovem Ottilie registra em seu diário as seguintes palavras: "Digno de veneração é apenas o naturalista que sabe descrever e expor o mais estranho, o mais insólito, com sua cor local, com todo o seu entorno e sempre em seu elemento mais próprio. Como eu gostaria de ver-me um dia na presença de Humboldt, ouvindo suas narrações!". A passagem revela, ao lado da admiração de Goethe por Humboldt, o seu interesse pelas ciências naturais, o qual experimenta significativa intensificação em setembro de 1824, quando estabelece contato pessoal com o botânico Carl F. P. von Martius. Em seu jovem interlocutor Goethe logo reconhece as qualidades de naturalista que no romance são atribuídas a Humboldt. Passa então a acompanhar com máximo interesse as publicações em que Martius elabora as pesquisas, observações e experiências realizadas ao longo dos três anos e meio em que percorreu, junto com o zoólogo Spix, mais de dez mil quilômetros de território brasileiro. Nasce assim um intercâmbio científico e cultural dos mais fecundos, o qual se enraíza especialmente nas concepções panteístas de que partilhavam o velho poeta de Weimar e o jovem botânico. Além de enfocar alguns aspectos das viagens brasileiras de Martius, este ensaio tem por objetivo expor a sua recepção por Goethe e discutir ainda eventuais influxos sobre sua produção literária. A reelaboração, em 1825, de uma das canções que Goethe, 43 anos antes, havia redigido com o subtítulo Brasilianisch deve-se seguramente a esse intercâmbio. Pretende-se discutir também a hipótese de que determinados textos e concepções de Martius tenham deixado vestígios em passagens da segunda parte do Fausto.
id UFRJ-8_af975cc8a5c117bff92c6a8c585af77e
oai_identifier_str oai:scielo:S0103-40142010000200012
network_acronym_str UFRJ-8
network_name_str Estudos Avançados
repository_id_str
spelling Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" MartiusGoethe e o BrasilCarl Fr. Ph. MartiusViagem pelo Brasil 1817-1820Intercâmbio entre Goethe e MartiusEspinosaFilosofia panteístaNa segunda parte do romance As afinidades eletivas, a jovem Ottilie registra em seu diário as seguintes palavras: "Digno de veneração é apenas o naturalista que sabe descrever e expor o mais estranho, o mais insólito, com sua cor local, com todo o seu entorno e sempre em seu elemento mais próprio. Como eu gostaria de ver-me um dia na presença de Humboldt, ouvindo suas narrações!". A passagem revela, ao lado da admiração de Goethe por Humboldt, o seu interesse pelas ciências naturais, o qual experimenta significativa intensificação em setembro de 1824, quando estabelece contato pessoal com o botânico Carl F. P. von Martius. Em seu jovem interlocutor Goethe logo reconhece as qualidades de naturalista que no romance são atribuídas a Humboldt. Passa então a acompanhar com máximo interesse as publicações em que Martius elabora as pesquisas, observações e experiências realizadas ao longo dos três anos e meio em que percorreu, junto com o zoólogo Spix, mais de dez mil quilômetros de território brasileiro. Nasce assim um intercâmbio científico e cultural dos mais fecundos, o qual se enraíza especialmente nas concepções panteístas de que partilhavam o velho poeta de Weimar e o jovem botânico. Além de enfocar alguns aspectos das viagens brasileiras de Martius, este ensaio tem por objetivo expor a sua recepção por Goethe e discutir ainda eventuais influxos sobre sua produção literária. A reelaboração, em 1825, de uma das canções que Goethe, 43 anos antes, havia redigido com o subtítulo Brasilianisch deve-se seguramente a esse intercâmbio. Pretende-se discutir também a hipótese de que determinados textos e concepções de Martius tenham deixado vestígios em passagens da segunda parte do Fausto.Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo2010-01-01info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersiontext/htmlhttp://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142010000200012Estudos Avançados v.24 n.69 2010reponame:Estudos Avançadosinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:UFRJ10.1590/S0103-40142010000200012info:eu-repo/semantics/openAccessMazzari,Marcus V.por2014-02-18T00:00:00Zoai:scielo:S0103-40142010000200012Revistahttps://www.revistas.usp.br/eavPUBhttps://www.revistas.usp.br/eav/oai||estudosavancados@usp.br1806-95920103-4014opendoar:2014-02-18T00:00Estudos Avançados - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.none.fl_str_mv Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
title Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
spellingShingle Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
Mazzari,Marcus V.
Goethe e o Brasil
Carl Fr. Ph. Martius
Viagem pelo Brasil 1817-1820
Intercâmbio entre Goethe e Martius
Espinosa
Filosofia panteísta
title_short Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
title_full Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
title_fullStr Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
title_full_unstemmed Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
title_sort Natureza ou Deus: afinidades panteístas entre Goethe e o "brasileiro" Martius
author Mazzari,Marcus V.
author_facet Mazzari,Marcus V.
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Mazzari,Marcus V.
dc.subject.por.fl_str_mv Goethe e o Brasil
Carl Fr. Ph. Martius
Viagem pelo Brasil 1817-1820
Intercâmbio entre Goethe e Martius
Espinosa
Filosofia panteísta
topic Goethe e o Brasil
Carl Fr. Ph. Martius
Viagem pelo Brasil 1817-1820
Intercâmbio entre Goethe e Martius
Espinosa
Filosofia panteísta
description Na segunda parte do romance As afinidades eletivas, a jovem Ottilie registra em seu diário as seguintes palavras: "Digno de veneração é apenas o naturalista que sabe descrever e expor o mais estranho, o mais insólito, com sua cor local, com todo o seu entorno e sempre em seu elemento mais próprio. Como eu gostaria de ver-me um dia na presença de Humboldt, ouvindo suas narrações!". A passagem revela, ao lado da admiração de Goethe por Humboldt, o seu interesse pelas ciências naturais, o qual experimenta significativa intensificação em setembro de 1824, quando estabelece contato pessoal com o botânico Carl F. P. von Martius. Em seu jovem interlocutor Goethe logo reconhece as qualidades de naturalista que no romance são atribuídas a Humboldt. Passa então a acompanhar com máximo interesse as publicações em que Martius elabora as pesquisas, observações e experiências realizadas ao longo dos três anos e meio em que percorreu, junto com o zoólogo Spix, mais de dez mil quilômetros de território brasileiro. Nasce assim um intercâmbio científico e cultural dos mais fecundos, o qual se enraíza especialmente nas concepções panteístas de que partilhavam o velho poeta de Weimar e o jovem botânico. Além de enfocar alguns aspectos das viagens brasileiras de Martius, este ensaio tem por objetivo expor a sua recepção por Goethe e discutir ainda eventuais influxos sobre sua produção literária. A reelaboração, em 1825, de uma das canções que Goethe, 43 anos antes, havia redigido com o subtítulo Brasilianisch deve-se seguramente a esse intercâmbio. Pretende-se discutir também a hipótese de que determinados textos e concepções de Martius tenham deixado vestígios em passagens da segunda parte do Fausto.
publishDate 2010
dc.date.none.fl_str_mv 2010-01-01
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142010000200012
url http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142010000200012
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv 10.1590/S0103-40142010000200012
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv text/html
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
publisher.none.fl_str_mv Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv Estudos Avançados v.24 n.69 2010
reponame:Estudos Avançados
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:UFRJ
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str UFRJ
institution UFRJ
reponame_str Estudos Avançados
collection Estudos Avançados
repository.name.fl_str_mv Estudos Avançados - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv ||estudosavancados@usp.br
_version_ 1750128206659190784