Caracterização genotípica e fenotípica de isolados brasileiros do vírus Mayaro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Carraio, Nathalia Arruda Camara
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/21797
Resumo: O vírus Mayaro (MAYV) é classificado como Alfavírus Artritogênico devido à indução de mialgia e artralgia incapacitante. Circula em ciclo silvestre, sendo endêmico em regiões florestais da América do Sul e Central. No entanto, mesmo com a subnotificação de casos de MAYV, surtos em áreas urbanas têm sido relatados, envolvendo dois genótipos distintos: o de circulação disseminada (D) e o de circulação limitada (L). Este estudo visou comparar genotipicamente e fenotipicamente diferentes cepas de MAYV isoladas de surtos urbanos no Brasil: MAYV SINOP (L) e MAYV ACRE (D). Como referência à circulação original do MAYV, usamos a cepa MAYV ATCC (D) isolada em Trinidad e Tobago, 1954. Todos foram propagados em células de artrópode (C636) e células de mamífero (Vero). O alinhamento das sequências genômicas demonstrou que isolados do mesmo genótipo apresentaram cerca de 97% de identidade nucleotídica e 87% entre genótipos diferentes, refletindo em diferenças de aminoácidos, principalmente nas proteínas de envelope E1 e E2, além de regiões de inserção e deleção nucleotídica no gene correspondente a proteína NsP3. No ensaio de formação de placa em células Vero, ACRE induziu uma área de placa menor em relação a placa formada pelos isolados ATCC e SINOP, indicando que possui menor capacidade de disseminação. Na replicação viral em células C2C12 (mioblastos murinos), por isolados propagados em células C636, ATCC e SINOP apresentam replicação semelhante em mioblastos e miotubos, enquanto ACRE apresentou menor amplificação viral nestes modelos celulares em relação aos demais isolados. A infecção de miotubos C2C12, por isolados propagados em células Vero, apresentou maior replicação viral para ATCC e semelhante para ACRE e SINOP. No entanto, em todas as condições, apesar de apresentar carga viral semelhante em 48 hpi, a viabilidade celular dos mioblastos e miotubos infectados se manteve acima de 90% para o ACRE propagado em ambas as células. Estes achados sugerem que a cepa do ACRE apresenta um fenótipo atenuado. A infecção subcutânea de ATCC e SINOP (C636) na pata traseira esquerda de camundongos SV129 de 12 dias de idade demonstrou: maior inchaço da pata; redução do ganho de peso; morte precoce; e maior replicação viral em tecidos musculares, patas, joelhos e cérebro em camundongos infectados com SINOP em comparação a camundongos infectados com o ATCC. Isso pode indicar que o SINOP (L) apresenta um fenótipo mais virulento, determinado pelas diferenças genotípicas entre os MAYVs. Nossos achados contribuem para a compreensão da doença induzida por diferentes linhagens de MAYV e demonstram diferenças entre o modelo de pesquisa desse vírus em relação às cepas circulantes no Brasil.
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