A violência contra a mulher nos modelos de alocação intrafamiliar: contribuições da literatura econômica para o debate da violência de gênero

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Caroline Silva Costa
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/8358
Resumo: A violência de gênero é um fenômeno que atinge indistintamente meninas e mulheres das mais diversas culturas, grupos étnicos, idades, classes sociais e escolaridades. Dada a heterogeneidade no perfil das vítimas, torna-se um enorme desafio dar um tratamento adequado ao tema, seja através de pesquisas ou pelo desenvolvimento de políticas, tendo em vista que os efeitos de uma determinada política podem ser igualmente diversificados. Assim sendo, inúmeros campos do conhecimento humano buscaram estudar o tema, muitas vezes dando abordagem multidisciplinar, de forma a trazer luz ao fenômeno e indicar boas práticas para o combate da violência contra a mulher. No que concerne à economia, embora muitos trabalhos tenham sido desenvolvidos sobre as questões de gênero, observamos uma concentração em temas como diferença salarial entre sexos e participação no mercado de trabalho. A violência contra a mulher, no entanto, aparenta não ter recebido a mesma atenção das ciências econômicas, ainda que este fenômeno afete profundamente uma série de variáveis de interesse desde questões como a produtividade (Kahui et al., 2014) até gasto público, políticas de transferência de renda (Bobonis, 2011; Hidrobo & Fernald, 2013; Hidrobo et al., 2016), dentre outras. A preocupação em desenvolver estudos sobre o tema é bastante recente na ciência econômica, se comparada com outras áreas de conhecimento dentre as ciências sociais, o que reflete em um escopo ainda bastante limitado. Embora a violência de gênero contra a mulher seja um fenômeno bastante antigo, ela não era tão abordada nos primórdios do movimento feminista. Foi na chamada segunda onda feminista, com chegada ao Brasil na década de setenta, que esta questão começou a tomar mais vulto no interior da luta das mulheres. Ainda havia divergências quanto à sua importância dentro dos movimentos de mulheres, com alguns grupos de esquerda querendo minimizar essa questão para não dividir o movimento anticapitalista. O MR8 (Movimento Revolucionário 8 de outubro), por exemplo, afirmava que criar uma organização para enfrentar a violência contra as mulheres, como o SOS seria “transforma[r] a violência na família em caso de polícia e faz[er] o jogo da ditadura, porque culpa o operário que chega em casa cansado e bate na mulher” (apud BLAY, 2017, p.83). Para esse grupo, não havia “violência contra a mulher, mas sim contra o homem e a mulher da classe operária”. Apesar dessa divisão, as mulheres conseguiram fazer avançar essa pauta e em agosto de 1985 foi criada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher, em São Paulo. No plano mundial foi só em 1993 que foi aprovada a classificação da violência 9 contra a mulher como uma violação dos direitos humanos, através da Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres (Organização das Nações Unidas, 1993). Com isso, fortaleceu-se a defesa de que o problema deve sair da esfera privada para ser entendido tal como ele é: um problema extenso, complexo, profundamente arraigado e concernente a toda a sociedade. A violência de gênero assume uma série de idiossincrasias quando é resultado de um envolvimento romântico com o parceiro que vem a se tornar o agressor, sendo sintomático do tratamento que as mulheres recebem do sexo oposto mesmo quando, não estão sujeitas a uma hierarquia ou relações consanguíneas. De maneira que trazer luz a esse fenômeno perpassa pela busca por respostas a uma série de questionamentos, em que duas perguntas se sobressaem neste propósito: (i) Por que as mulheres se envolvem em relacionamentos abusivos? e (ii) Por que as mulheres permanecem/não saem de relacionamentos abusivos? (...)
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