“Banheirão”: um estudo sobre as relações homoeróticas em banheiros públicos do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pavie, Cláudio Mathias
Data de Publicação: 2005
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/17174
Resumo: A literatura brasileira não possui um grande número de pesquisas sobre a questão do sexo impessoal entre homens em lugares públicos. Alguns autores como, Carmen Dora Guimarães, Richard Parker, Nestor Perlongher, James Green e Veriano Terto Jr. falam sobre o assunto em meio a outros temas como subcultura homossexual, identidade de gênero, papéis sexuais assumidos e outras questões, sendo que Terto Jr. possui um estudo específico para o sexo impessoal em cinemas do Rio de Janeiro, assim como Alexandre Fleming Câmara Vale, no Ceará. O objetivo deste estudo foi verificar quais as motivações e circunstâncias que propiciam a prática do sexo entre homens em banheiros públicos do Rio de Janeiro. A metodologia consistiu numa abordagem qualitativa de cunho fenomenológico, cuja amostra foi composta por 23 homens que afirmaram praticar sexo com outros homens em banheiros, cuja faixa etária variou entre 18 e 45 anos. Esses homens eram oriundos de diferentes bairros do Rio de Janeiro, com nível de escolaridade entre o ensino médio e o ensino superior, sendo estudantes e/ou profissionais. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas individuais, através de um sistema de mensagens instantâneas pela Internet, devido ao fato da maioria dos entrevistados se sentir inibida para falar sobre o tema pessoalmente. Em seguida foi feita uma análise do conteúdo das entrevistas. Os resultados encontrados demonstram que esses homens “estão lá pela facilidade de encontrar sexo”; “é prático”; “oferece menos perigo que outros locais públicos como praças e parques”; “é um lugar excitante”; “é sensação de satisfação rápida, anônima. Sexo pelo sexo”; “você vai com a certeza de que vai transar sem ter que conversar muito”. Concluiuse neste estudo a existência de uma forma de conceituação e organização dos desejos e práticas homoeróticas que convergiu em grande parte para a erotização do espaço público, ou seja, qualquer espaço público pode dar margem a aventuras sexuais de caráter homoerótico baseadas na impessoalidade. O banheiro parece ter ganhado um papel de destaque quando se trata de interações homoeróticas de caráter fugaz. Foi criada uma subcultura do prazer envolvendo esse local, gerando códigos específicos entre os participantes, citações em guias gays, sites, blogs e comunidades na Internet.
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