Caracterização química e papel biológico de glucosilceramidas do fungo Scedosporium aurantiacum

• Autor(a) principal: Rochetti, Victor Pereira
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/19223
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::MICROBIOLOGIA; CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::IMUNOLOGIA; Scedosporium; Glucosilceramidas; Fungos; Biofilmes; Glucosylceramides; Fungi; Biofilms

O gênero Scedosporium é composto por espécies de fungos filamentosos hialinos isolados de fontes ambientais, como Scedosporium angustum e Scedosporium ellipsoideum, e de fontes clínicas, como Scedosporium boydii, Scedosporium apiospermum e Scedosporium aurantiacum. As infecções causadas por espécies desse gênero variam desde micoses superficiais, conhecidas como micetomas, até infecções invasivas com colonização dos pulmões e disseminação para outros sítios do hospedeiro, geralmente associadas à algum tipo de imunocomprometimento. Nesse contexto, S. aurantiacum tem se destacado como uma das espécies mais virulentas do gênero e, além disso, estudos recentes têm demonstrado que cepas de S. aurantiacum diferem quanto ao crescimento, aquisição de nutrientes e virulência. A glucosilceramida (GlcCer) é uma molécula da classe dos esfingolipídeos, encontrada na superfície celular fúngica e está envolvida em diversos processos como crescimento, diferenciação e patogênese de diferentes espécies de fungos. Com isso, o presente trabalho tem como objetivo a caracterização química de GlcCer e avaliação de sua importância nos processos de crescimento em dois isolados, um clínico e um ambiental, de S. aurantiacum. Através de métodos de extração e purificação de lipídeos, as glucosilceramidas dos dois isolados foram obtidas e a caracterização das estruturas químicas foi realizada por espectrometria de massas. Com as técnicas de ELISA e de imunofluorescência, foi avaliada a exposição de GlcCer em conídios, conídios germinados e conídios tratados com NaOH (para remoção da melanina da superfície celular), além de micélio, e foi observado que a germinação e a ausência de melanina permitem uma maior exposição de GlcCer. A presença do anticorpo anti-GlcCer durante a germinação foi capaz de reduzir a diferenciação dos isolados cultivados na presença de triciclazol (inibidor da síntese de melanina que não afeta viabilidade celular) e de reduzir o tamanho dos tubos germinativos de conídios cultivados com inibidor ou não. Também foi constatado que o anticorpo anti-GlcCer não foi capaz de alterar a susceptibilidade dos isolados a estressores de superfície celular, mas foi capaz de alterar a organização de microdominíos de membrana, avaliado através do uso da filipina (marcador fluorescente que se liga a regiões ricas em ergosterol). Após 24 h de crescimento, S. aurantiacum foi capaz de formar biofilme em diversas superfícies e, na presença de anti-GlcCer, foi visto que há uma redução da biomassa e da viabilidade dos biofilmes formados em placas de poliestireno. Foi possível observar há diferença na densidade ótica de crescimento dos isolados depois da retirada de células não aderentes assim como há diferença na contagem de células aderidas na presença de anti-GlcCer, demonstrando que o anticorpo afeta a aderência das células à superfície, etapa essencial para a formação de um biofilme. Os resultados mostraram que a GlcCer possui um papel relevante na biologia do fungo S. aurantiacum.