Caracterização de ondas de calor no Brasil e seus impactos na saúde humana nas últimas décadas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Garcia, Beatriz Nunes
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/16844
Resumo: A intensificação do efeito estufa decorrente de atividades antrópicas altera o sistema climático, acarretando uma maior intensidade, duração e frequência de eventos climáticos extremos como inundações, secas e ondas de calor (OC), que causam grandes impactos não só na saúde humana, nos meios de subsistência e na infraestrutura, mas também nos sistemas naturais. As OCs são definidas, de forma geral, por um período de dias consecutivos em que a temperatura ultrapassa um determinado limiar extremo climatológico e são definidas em relação ao clima local, pois, diferentes impactos e níveis de estresse térmico podem ocorrer em distintas regiões a partir das mesmas condições meteorológicas. Neste contexto, este estudo relaciona episódios de OCs com alterações nas taxas e nos valores observados de mortalidade natural em algumas regiões metropolitanas (RMs) e uma região integrada de desenvolvimento (RIDE) mais populosas do Brasil, sendo elas: RM de Manaus, RM do Recife, RM de São Paulo, RM de Curitiba, RM de Florianópolis, RM de Porto Alegre e RIDE do Distrito Federal e Entorno. O estudo baseia-se na identificação de episódios de extremo calor definidos e identificados com base no índice de excesso de calor - EHF (Extreme Heat Factor). Foram utilizados dados diários de mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para população total a fim de analisar a vulnerabilidade de acordo com o sexo (feminino e masculino), faixa etária (crianças – 0 a 14 anos –, jovens – 15 a 29 anos –, adultos – 30 a 59 anos – e idosos – 60 anos ou mais) e causa de morte (diabetes, doenças do sistema nervoso, do sistema circulatório, do sistema respiratório e do sistema geniturinário) no período de 2000 a 2018. A partir dos dados absolutos de mortalidade, calculou-se a razão entre o número de óbitos observado e esperado (razão O/E) para analisar o comportamento da mortalidade nas regiões de estudo. Resultados obtidos indicam um excesso de óbito durante dias de OC e diferentes impactos provocados pelos eventos de calor na mortalidade, dependendo da região do país. Em todas as RMs, a faixa etária mais vulnerável foi a dos idosos, concordando com a literatura. O gênero mais suscetível e as causas de óbito variaram entre as RMs, sendo a população feminina mais vulnerável na RM do Recife, São Paulo e Porto Alegre e a masculina na RM de Manaus. Os aumentos mais significativos na mortalidade foram por doenças do sistema nervoso nas RMs de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, sendo observado, durante os eventos analisados, o aumento igual ou superior a 75% na taxa de mortalidade da população total e idosa, chegando a 100% na população idosa da RM de Porto Alegre. Este trabalho pode fornecer direcionamentos nas políticas de saúde pública relacionadas a eventos climáticos extremos em grandes áreas metropolitanas do Brasil.
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