“Então o meu pensamento é assim”: fórmulas de fechamento em Português Kaxinawá e seus usos em interações transculturais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRJ |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11422/16034 |
Resumo: | Esta monografia enfoca um fenômeno discursivo-interacional inicialmente identificado através da observação de transcrições de situações comunicativas em que estavam presentes participantes Kaxinawá: as fórmulas de fechamento de tópico e turno. Tais fórmulas, como, por exemplo, “é isso que é meu ideia” e “então o meu pensamento é assim”, se assemelham a estruturas formulaicas recorrentes em narrativas tradicionais e contemporâneas na língua Kaxinawá (ABREU, 1914; CAMARGO e VILLAR, 2013). Os Kaxinawá (Huni Kuin) são um povo originário da América do Sul, da família etnolinguística Pano, vivendo na região de fronteira Brasil-Peru. No lado brasileiro, estão em 12 terras indígenas no oeste do Acre, sendo que, neste estado, são o povo originário de maior população (mais de doze mil pessoas segundo a Federação do Povo Huni Kuin do Estado do Acre, FEPHAC). Uma parcela considerável dos Kaxinawá no Brasil é bilíngue em Kaxinawá (Hãtxa Kuin) e Português. O objetivo central desta monografia é evidenciar o funcionamento, em interações transculturais, das estratégias discursivas que denominamos “fórmulas de fechamento”. Para isso, utiliza uma metodologia interpretativa, ancorada em transcrições grafemáticas das interações selecionadas e no exame tanto das funções interacionais quanto das configurações estruturais das fórmulas de fechamento encontradas. Balizado nos referenciais teórico-metodológicos da Sociolinguística Interacional e da Análise da Conversação Etnometodológica, o percurso de pesquisa abordado nesta comunicação também tomou como central a observação das dinâmicas de trocas de turno de fala, do desenvolvimento dos tópicos discursivos e das negociações partilhadas de estruturas de participação na fala-em-interação. A pesquisa se baseia em dois tipos de materiais de análise: a) entrevistas sociolinguísticas coletadas em formato de áudio em 2014, em trabalho de campo realizado por minha orientadora com apoio da FAPERJ; e b) materiais audiovisuais disponíveis em plataformas online de livre acesso e coletados entre 2020 e 2021. Tanto naquelas quanto nestes, participantes Kaxinawá interagem, usando sua variedade étnica da língua portuguesa, com interlocutores não-indígenas. Os principais resultados apontam que fórmulas de fechamento foram usadas quase que exclusivamente por parceiros interacionais Kaxinawá, podendo constituir parte da sua etiqueta interacional. As fórmulas se construíam predominantemente com o verbo cópula “é” seguido dos anafóricos “isso” ou “assim”, sendo comum, também, haver menções ao tópico abordado ou à própria dimensão discursivo-interacional em jogo. Algumas das funções discursivo-interacionais que essas fórmulas desempenham são: a) sinalizar o fim de um turno de fala, b) delimitar o desenvolvimento de um tópico discursivo, e c) finalizar eventos comunicativos inteiros. |
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“Então o meu pensamento é assim”: fórmulas de fechamento em Português Kaxinawá e seus usos em interações transculturaisÍndios KaxinawáSociolinguísticaLíngua portuguesaCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTESEsta monografia enfoca um fenômeno discursivo-interacional inicialmente identificado através da observação de transcrições de situações comunicativas em que estavam presentes participantes Kaxinawá: as fórmulas de fechamento de tópico e turno. Tais fórmulas, como, por exemplo, “é isso que é meu ideia” e “então o meu pensamento é assim”, se assemelham a estruturas formulaicas recorrentes em narrativas tradicionais e contemporâneas na língua Kaxinawá (ABREU, 1914; CAMARGO e VILLAR, 2013). Os Kaxinawá (Huni Kuin) são um povo originário da América do Sul, da família etnolinguística Pano, vivendo na região de fronteira Brasil-Peru. No lado brasileiro, estão em 12 terras indígenas no oeste do Acre, sendo que, neste estado, são o povo originário de maior população (mais de doze mil pessoas segundo a Federação do Povo Huni Kuin do Estado do Acre, FEPHAC). Uma parcela considerável dos Kaxinawá no Brasil é bilíngue em Kaxinawá (Hãtxa Kuin) e Português. O objetivo central desta monografia é evidenciar o funcionamento, em interações transculturais, das estratégias discursivas que denominamos “fórmulas de fechamento”. Para isso, utiliza uma metodologia interpretativa, ancorada em transcrições grafemáticas das interações selecionadas e no exame tanto das funções interacionais quanto das configurações estruturais das fórmulas de fechamento encontradas. Balizado nos referenciais teórico-metodológicos da Sociolinguística Interacional e da Análise da Conversação Etnometodológica, o percurso de pesquisa abordado nesta comunicação também tomou como central a observação das dinâmicas de trocas de turno de fala, do desenvolvimento dos tópicos discursivos e das negociações partilhadas de estruturas de participação na fala-em-interação. A pesquisa se baseia em dois tipos de materiais de análise: a) entrevistas sociolinguísticas coletadas em formato de áudio em 2014, em trabalho de campo realizado por minha orientadora com apoio da FAPERJ; e b) materiais audiovisuais disponíveis em plataformas online de livre acesso e coletados entre 2020 e 2021. Tanto naquelas quanto nestes, participantes Kaxinawá interagem, usando sua variedade étnica da língua portuguesa, com interlocutores não-indígenas. Os principais resultados apontam que fórmulas de fechamento foram usadas quase que exclusivamente por parceiros interacionais Kaxinawá, podendo constituir parte da sua etiqueta interacional. As fórmulas se construíam predominantemente com o verbo cópula “é” seguido dos anafóricos “isso” ou “assim”, sendo comum, também, haver menções ao tópico abordado ou à própria dimensão discursivo-interacional em jogo. Algumas das funções discursivo-interacionais que essas fórmulas desempenham são: a) sinalizar o fim de um turno de fala, b) delimitar o desenvolvimento de um tópico discursivo, e c) finalizar eventos comunicativos inteiros.Universidade Federal do Rio de JaneiroBrasilFaculdade de LetrasUFRJChristino, Beatriz Prottihttp://lattes.cnpq.br/1139526431179026http://lattes.cnpq.br/5706205435387944Costa, João Pedro Peres da2022-01-11T19:20:51Z2023-12-21T03:01:21Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesishttp://hdl.handle.net/11422/16034porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRJinstname:Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)instacron:UFRJ2023-12-21T03:01:21Zoai:pantheon.ufrj.br:11422/16034Repositório InstitucionalPUBhttp://www.pantheon.ufrj.br/oai/requestpantheon@sibi.ufrj.bropendoar:2023-12-21T03:01:21Repositório Institucional da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)false |
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