A lógica do sentimentalismo no mundo do capital: uma leitura de a mão e a luva de Machado de Assis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Jade Hodara Moreira
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRJ
Texto Completo: http://hdl.handle.net/11422/17791
Resumo: A Mão e a Luva é o segundo romance de Machado de Assis, publicado inicialmente como folhetim para o jornal O Globo, em 1874, com o subtítulo “Um perfil de mulher”. Obra da primeira fase do autor, o romance conserva os símbolos do romantismo, com enredo sentimental envolvendo as instituições e práticas sociais burguesas. A obra é estruturada a partir de uma série de ambiguidades, presentes nos personagens, no enredo e na própria economia estética do texto, que se justapõem na narrativa, criando uma série de paradoxos de interesse para a melhor compreensão da obra e de sua relação contextual. A partir da leitura cerrada do romance e de apreciação de sua fortuna crítica, esta monografia pretende discutir pontos de interesse na obra, sobretudo no que diz respeito à relação entre o texto (a estrutura peculiar desta obra dentre as produções do autor) e seu contexto de produção. A obra opera uma espécie de revelação dos interesses que norteiam as instituições burguesas, em contraposição ao sentimentalismo. Podemos relacionar esse desmascaramento do ideal do amor romântico ao esquema da ordem capitalista no Brasil, que é exposta inicialmente pelo romance. Assim, A Mão e a Luva lança luz sobre questões ideológicas pungentes no contexto do século XIX, captando tendências e mudanças na literatura e na sociedade brasileiras. Constatando o caráter metanarrativo do narrador de A Mão e a Luva (1874), comentador intra e extra narrativo, que toma perspectiva própria acerca dos fatos narrados, e considerando a fortuna crítica no que concerne ao caráter do narrador machadiano, pretende-se mapear as manifestações do narrador na obra, considerando as consequências desta postura para a condução do enredo e para a formação do caráter crítico-social da narrativa. Deste modo, o presente trabalho busca demonstrar que o caráter e posição do narrador no romance é central para a construção da subversão da forma e do tema, e essencial ao efeito de desencantamento e revelação do mundo contido na obra.
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