Padronização da infecção pelo vírus Zika em modelos in vitro e in vivo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRJ |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/11422/20211 |
Resumo: | A emergência da infecção pelo vírus Zika (ZIKV) tem estimulado vários grupos de pesquisa a estudar e colaborar na compreensão da biologia e patogênese do vírus, determinante para o desenvolvimento de medicamentos e vacinas antivirais e de avanços e políticas de saúde pública. No entanto, como muitos desses pesquisadores tem vindo de áreas distintas e inexperientes na pesquisa com flavivírus, obstáculos importantes precisariam ser superados para acelerar as investigações, obtendo, por exemplo, protocolos homogêneos para manutenção de estoques virais e estabelecimento de modelos animais para compreensão dos efeitos da infecção durante a gestação. Aqui, objetivou-se desenvolver protocolos padronizados para propagação, titulação e purificação de cepas de linhagens africana e asiática de ZIKV in vitro, testando sistematicamente diferentes tipos celulares, cinética, multiplicidade de infecção e protocolos de centrifugação. Iniciamos, ainda, a padronização de um modelo de infecção experimental murina de gestantes e não gestantes com ZIKV, utilizando camundongos imunodeficientes e imunocompetentes, nos quais foi avaliado o perfil de citocinas sistêmicas e na placenta. O vírus mostrou uma infecção produtiva em linhagens de células humanas, de roedores, e de primatas não humanos, com eficiência distinta. Foram obtidos elevados títulos de ZIKV-AFR após 72 h de replicação em células Vero, enquanto que ZIKV-BR foi melhor propagado durante 7 dias em células C6/36. Ambos os casos proporcionaram títulos superiores a 107 PFU/ml. O alto rendimento da purificação do vírus foi obtido pelo gradiente descontínuo de sacarose, permitindo estudos futuros da estrutura do vírus e do desenvolvimento de vacinas. In vivo, nós observamos que camundongos imunodeficientes A129 são mais susceptíveis à infecção por ZIKV, quando comparado às linhagens imunocompetentes C57BL/6 e B6SJL, embora a comparação entre as duas últimas linhagens demonstrem diferenças intrínsecas no perfíl imunológico que as tornam responsivamente diferentes. Observamos também que gestantes das mesmas linhagens tenderam a ser mais susceptíveis à infecção em comparação com os respectivos grupos não gestantes. Detectamos maior carga viral em fêmeas 15.5 quando comparada com grupos 18.5 para todas às linhagens testadas. Essa têndencia no sucesso da infecção em gestantes, assim como a dificuldade desse grupo em combater a infecção foi relacionada com a modificação no perfíl de citocinas como IFN-γ, TNF-α, IL-10 e IL-6 em tecidos do feto, placenta e baço das mães, sugerindo que essa modificação no perfíl inflamatório pode estar relacionada com os eventos observados. A normalização destes protocolos permitirá que diferentes laboratórios em todo o mundo possam comparar melhor e discutir dados sobre todas as características da biologia do ZIKV e da doença, contribuindo para uma colaboração mais eficiente e progressão na investigação do vírus. |
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