De pessoa com deficiência auditiva a surdo: embates dialógicos e objetificação colonial no processo de transição identitária

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lima, Daniele Caroline Gonçalves
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/31192
Resumo: A educação especial em uma perspectiva inclusiva e os estudos surdos travaram, nos últimos anos, batalhas no campo acadêmico a respeito da pessoa surda. No que tange à questão social, mais precisamente, muitas foram as abordagens e também inúmeros os enfoques adotados, culminando, inclusive, em terminologias distintas. Alguns dos exemplos já largamente discutidos na literatura científica são o termo "pessoa com deficiência auditiva", em contraposição a "pessoa surda". Quaisquer que sejam as polêmicas em torno da adoção de um ou de outro termo, é fato que as pessoas com deficiência auditiva, estejam elas expostas à língua de sinais ou não, passaram a ser concebidas a partir de outra perspectiva. Isto posto, esta pesquisa tem como objetivo identificar os embates dialógicos e as formas de objetificação colonial no processo de transição identitária de pessoas com deficiência auditiva. Para tanto, orientamos nossas leituras com base nos estudos sobre objetificação colonial com Bhabha (1994, 1998), Fanon (1961) e Boaventura Santos e Meneses (2009); identidade com Hall (2006) e Bauman (2005); a concepção de linguagem do Círculo de Bakhtin (1997, 2002, 2010, 2011, 2017), seguida por seus divulgadores, como Faraco (2009), Brait (2017) e Sobral (2019) e, finalmente, no que concerne à cultura surda, com Perlin (1998, 2003, 2016), Strobel (2008, 2009), Quadros (2019) e Ladd (2013). Os sujeitos da pesquisa foram seis (6) estudantes surdos do Curso de Letras: Libras/Língua Portuguesa da UFRN. Os dados foram construídos por meio de uma entrevista semiestruturada, em Libras, realizada na configuração de uma roda de conversa. A partir da análise dos dados, emergiram as seguintes categorias: transição identitária, objetificação colonial e embates dialógicos. Ao final, observamos que os deficientes auditivos usufruem da possibilidade de realização da transição identitária quando entram em contato com a língua de sinais e, por conseguinte, com os surdos. Nesse processo, acentuam-se as forças da linguagem, visto que o alcance do padrão ouvinte pode ser substituído pela(s) identidade(s) surda(s). Entretanto, tais forças continuam em ebulição posto que, na comunidade surda, também existem forças de contenção/monologização e resistência/subversão. Diante disso, evocamos a importância de que os jeitos surdos de ser estejam afastados de dicotomias orientadas à normalidade/anormalidade e que possamos desaprender para aprender, para que os surdos oralizados possam (re)existir.
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No que tange à questão social, mais precisamente, muitas foram as abordagens e também inúmeros os enfoques adotados, culminando, inclusive, em terminologias distintas. Alguns dos exemplos já largamente discutidos na literatura científica são o termo "pessoa com deficiência auditiva", em contraposição a "pessoa surda". Quaisquer que sejam as polêmicas em torno da adoção de um ou de outro termo, é fato que as pessoas com deficiência auditiva, estejam elas expostas à língua de sinais ou não, passaram a ser concebidas a partir de outra perspectiva. Isto posto, esta pesquisa tem como objetivo identificar os embates dialógicos e as formas de objetificação colonial no processo de transição identitária de pessoas com deficiência auditiva. Para tanto, orientamos nossas leituras com base nos estudos sobre objetificação colonial com Bhabha (1994, 1998), Fanon (1961) e Boaventura Santos e Meneses (2009); identidade com Hall (2006) e Bauman (2005); a concepção de linguagem do Círculo de Bakhtin (1997, 2002, 2010, 2011, 2017), seguida por seus divulgadores, como Faraco (2009), Brait (2017) e Sobral (2019) e, finalmente, no que concerne à cultura surda, com Perlin (1998, 2003, 2016), Strobel (2008, 2009), Quadros (2019) e Ladd (2013). Os sujeitos da pesquisa foram seis (6) estudantes surdos do Curso de Letras: Libras/Língua Portuguesa da UFRN. Os dados foram construídos por meio de uma entrevista semiestruturada, em Libras, realizada na configuração de uma roda de conversa. A partir da análise dos dados, emergiram as seguintes categorias: transição identitária, objetificação colonial e embates dialógicos. Ao final, observamos que os deficientes auditivos usufruem da possibilidade de realização da transição identitária quando entram em contato com a língua de sinais e, por conseguinte, com os surdos. Nesse processo, acentuam-se as forças da linguagem, visto que o alcance do padrão ouvinte pode ser substituído pela(s) identidade(s) surda(s). Entretanto, tais forças continuam em ebulição posto que, na comunidade surda, também existem forças de contenção/monologização e resistência/subversão. Diante disso, evocamos a importância de que os jeitos surdos de ser estejam afastados de dicotomias orientadas à normalidade/anormalidade e que possamos desaprender para aprender, para que os surdos oralizados possam (re)existir.By an inclusive perspective, the special education and deaf studies have fought battles in the academic field regarding the deaf people along the last years. In what concerns to the social issue, there were many distinct approaches and focuses adopted, which even culminated in different terminologies. One of the most discussed example in scientific literature is the terms “person with hearing disability” in opposition to “deaf person”. Above any controversies around the option for one of those terms, there is the fact that people with hearing disabilities, whether exposed or not to signal languages, started being understood by different perspectives. As a result, there are very few researches about them. With that said, this research aims to identify the dialogical clashes and the forms of colonial objectification in the process of transition of identity of people with hearing disabilities. To do so, our theoretical perspective is based on the studies about colonial objectification (BHABHA, 1994; 1998; FANON, 1681; BOAVENTURA SANTOS E MENEZES, 2009), identity (HALL, 2006; BAUMAN, 2005), the conception of language of Bakhtin Circle (BAKHTIN, 1997; 2002; 2010; 2011; 2017; FARACO, 2009; VOLÓCHINOV, 2017; BRAIT, 2005; 2017; SOBRAL, 2019) and, finally, Deaf Culture, (PERLIN, 1998; 2003; 2016; STROBEL, 2008; 2009; QUADROS, 2019; LADD, 2013). Our subjects were six (6) deaf students of the undergraduate course Letras – Libras and Portuguese Language at UFRN. The data were collected through a half-structured interview, in Libras, using the round of conversation format. From this analysis, the following categories emerged: transition of identity, colonial objectification and dialogical clashes. We observed that the people with hearing disabilities enjoy the possibility of transition of identity when they get in touch with signal language and with other deaf people. In this process, the forces of language are accentuated, once they enable the Identity of the deaf to substitute the reach of the hearing standard. However, those forces remain in the process of boiling, since forces of containment/monologization and resistance/subversion also exist in deaf communities. That said, we evoke the importance that deaf ways of being are kept away from dichotomies oriented towards normality / abnormality, and that we can unlearn to learn, so that speaking deaf people can (re)exist.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilSurdoPráticas discursivasTransição identitáriaEmbates dialógicosObjetificação colonialDe pessoa com deficiência auditiva a surdo: embates dialógicos e objetificação colonial no processo de transição identitáriainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALPessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdfapplication/pdf1172667https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31192/1/Pessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdfaa4c942d6161ef2a96b52fb1b60faf63MD51TEXTPessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.txtPessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.txtExtracted texttext/plain227896https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31192/2/Pessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.txte1477282974b91f559cd834e847a61eeMD52THUMBNAILPessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.jpgPessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1235https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/31192/3/Pessoadeficienciaauditiva_Lima_2020.pdf.jpg957277dfec5a74082758187d6ca35656MD53123456789/311922021-01-10 04:54:19.248oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/31192Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2021-01-10T07:54:19Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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