Os peixes anfíbios do complexo Kryptolebias marmoratus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae) nos manguezais neotropicais: história natural, distribuição geográfica e ecologia evolutiva
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30002 |
Resumo: | A família Cynolebiidae, pertencente a ordem Cyprinodontiformes, conhecida pelos peculiares peixes-anuais e não anuais, compõe um grupo diversificado de pequenos peixes que vivem em ambientes aquáticos temporários ou perenes rasos. Com cerca de 350 espécies válidas e ampla distribuição geográfica em diversos micro-habitats. Dentre as linhagens não-anuais está um grupo monofilético do gênero Kryptolebias, composta por sete espécies nominais válidas, ocorrendo da Flórida nos Estados Unidos a Santa Catarina no Brasil. Dentro do gênero, destacamos o grupo de espécies K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus e K. ocellatus) exclusivas de regiões estuarinas. Essas linhagens apresentam uma confusa taxonomia, com diagnose e distribuição geográfica incerta, devido à incompatibilidade de informações morfológicas e moleculares. Portanto, uma ampla amostragem ao longo dos manguezais da costa brasileira foi feita nos últimos anos para levantamento de dados moleculares, morfológicos e ecológicos, afim de determinar quais espécies ocorrem no país e sua distribuição geográfica, assim como fornecer dados ecológicos originais destas linhagens. Foram amostradas localidades registradas em artigos e banco de dados online, inclusive a localidade-tipo, assim como novos registros, incluindo algumas áreas protegidas. Todas as coletas foram feitas de forma ativa, com peneiras de mão, além de coletas com esforço padronizado em parcelas delimitadas, aferições de dados ambientais e fauna acompanhante, fornecendo informações ecológicas. Com os dados obtidos, as áreas de ocorrência das espécies do complexo K. marmoratus para o Brasil foram ampliadas. O limite do clado Sul (K. hermaphroditus) foi expandido em cerca de 300 km ao sul, na ESEC Jureia-Itatins em São Paulo, e do clado Central de aproximadamente 1.590 km para o sul, na bacia do rio Marajó, no Pará. Novos registros foram feitos além do Pará, no Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe. As populações de K. hermaphroditus que apresentaram indivíduos com fenótipo masculino, só foram registrados em localidades do Sudeste que apresentavam dados abióticos extremos, o que levanta a hipótese de que a perda da integridade ambiental possa ativar gatilhos no desenvolvimento que resultem em machos primários. As supostas lacunas de ocorrência nos manguezais do Brasil mostram que de fato a espécie apresenta ampla distribuição geográfica, mas ocupa um micro-habiat especifico, composto de poças rasas, difíceis de serem acessadas e geralmente negligenciadas por ictiólogos. Esses são os primeiros dados ecológicos padronizados de K. hermaphroditus, uma espécie que por suas peculiaridades reprodutivas e fisiológicas apresenta elevado potencial para estudos experimentais e ambientais. Os dados moleculares apontaram para uma maior diversidade genéticas nas populações nordeste, e um extrema homogeneidade no Sudeste com um único haplótipo, além de indicar que os indivíduos do Pará estão inseridos no clado Central, indicando a presença de duas linhagens distintas do complexo K. marmoratus no Norte do Brasil. Foram identificadas três linhagens na costa brasileira associadas com os regimes de marés (norte macrotidal, nordeste mesotidal, e sudeste microtidal). Assim, as diferenças morfológicas encontradas em estudo prévio podem indicar uma separação de populações, ao invés de espécies, entre o sudeste e nordeste, que pode estar realçada pela reprodução individual peculiar deste grupo de vertebrados. |
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Lira, Mateus Germano SouzaEspírito-Santo, Helder Mateus VianaAlencar, Carlos Eduardo Rocha DuarteGuimarães, Felipe Camurugi AlmeidaLima, Sérgio Maia Queiroz2020-09-09T22:53:32Z2020-09-09T22:53:32Z2019-02-26LIRA, Mateus Germano Souza. Os peixes anfíbios do complexo Kryptolebias marmoratus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae) nos manguezais neotropicais: história natural, distribuição geográfica e ecologia evolutiva. 2019. 61f. Dissertação (Mestrado em Sistemática e Evolução) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30002A família Cynolebiidae, pertencente a ordem Cyprinodontiformes, conhecida pelos peculiares peixes-anuais e não anuais, compõe um grupo diversificado de pequenos peixes que vivem em ambientes aquáticos temporários ou perenes rasos. Com cerca de 350 espécies válidas e ampla distribuição geográfica em diversos micro-habitats. Dentre as linhagens não-anuais está um grupo monofilético do gênero Kryptolebias, composta por sete espécies nominais válidas, ocorrendo da Flórida nos Estados Unidos a Santa Catarina no Brasil. Dentro do gênero, destacamos o grupo de espécies K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus e K. ocellatus) exclusivas de regiões estuarinas. Essas linhagens apresentam uma confusa taxonomia, com diagnose e distribuição geográfica incerta, devido à incompatibilidade de informações morfológicas e moleculares. Portanto, uma ampla amostragem ao longo dos manguezais da costa brasileira foi feita nos últimos anos para levantamento de dados moleculares, morfológicos e ecológicos, afim de determinar quais espécies ocorrem no país e sua distribuição geográfica, assim como fornecer dados ecológicos originais destas linhagens. Foram amostradas localidades registradas em artigos e banco de dados online, inclusive a localidade-tipo, assim como novos registros, incluindo algumas áreas protegidas. Todas as coletas foram feitas de forma ativa, com peneiras de mão, além de coletas com esforço padronizado em parcelas delimitadas, aferições de dados ambientais e fauna acompanhante, fornecendo informações ecológicas. Com os dados obtidos, as áreas de ocorrência das espécies do complexo K. marmoratus para o Brasil foram ampliadas. O limite do clado Sul (K. hermaphroditus) foi expandido em cerca de 300 km ao sul, na ESEC Jureia-Itatins em São Paulo, e do clado Central de aproximadamente 1.590 km para o sul, na bacia do rio Marajó, no Pará. Novos registros foram feitos além do Pará, no Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe. As populações de K. hermaphroditus que apresentaram indivíduos com fenótipo masculino, só foram registrados em localidades do Sudeste que apresentavam dados abióticos extremos, o que levanta a hipótese de que a perda da integridade ambiental possa ativar gatilhos no desenvolvimento que resultem em machos primários. As supostas lacunas de ocorrência nos manguezais do Brasil mostram que de fato a espécie apresenta ampla distribuição geográfica, mas ocupa um micro-habiat especifico, composto de poças rasas, difíceis de serem acessadas e geralmente negligenciadas por ictiólogos. Esses são os primeiros dados ecológicos padronizados de K. hermaphroditus, uma espécie que por suas peculiaridades reprodutivas e fisiológicas apresenta elevado potencial para estudos experimentais e ambientais. Os dados moleculares apontaram para uma maior diversidade genéticas nas populações nordeste, e um extrema homogeneidade no Sudeste com um único haplótipo, além de indicar que os indivíduos do Pará estão inseridos no clado Central, indicando a presença de duas linhagens distintas do complexo K. marmoratus no Norte do Brasil. Foram identificadas três linhagens na costa brasileira associadas com os regimes de marés (norte macrotidal, nordeste mesotidal, e sudeste microtidal). Assim, as diferenças morfológicas encontradas em estudo prévio podem indicar uma separação de populações, ao invés de espécies, entre o sudeste e nordeste, que pode estar realçada pela reprodução individual peculiar deste grupo de vertebrados.The Cynolebiidae family, belonging to the order Cyprinodontiformes, known for the peculiar annual and non-annual fish, make up a diverse group of small fish that live in temporary or shallow perennial aquatic environments. With about 350 valid species and wide geographical distribution in various microhabitats. Among non-annual strains is a monophyletic group of the genus Kryptolebias, composed of seven valid nominal species, occurring from Florida in the United States to Santa Catarina in Brazil. Within the genus, we highlight the group of species K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus and K. ocellatus) exclusive of estuarine regions. These strains have a confusing taxonomy, with uncertain diagnosis and geographical distribution, due to the incompatibility of morphological and molecular information. Therefore, a large sampling along the mangroves of the Brazilian coast has been done in the last years to survey molecular, morphological and ecological data, in order to determine which species occur in the country and their geographical distribution, as well as to provide original ecological data of these strains. We sampled localities recorded in articles and online databases, including the standard locality, as well as new records, including some protected areas. All collections were actively performed with hand sieves, as well as collections with standardized effort in delimited plots, environmental data measurements and accompanying fauna, providing ecological information. With the obtained data, the areas of occurrence of the species of the K. marmoratus complex for Brazil were expanded. The southern clade (K. hermaphroditus) boundary was expanded about 300 km south at the ESEC Jureia-Itatins in São Paulo and the Central clade approximately 1,590 km south at the Marajó river basin in Pará. New records were made beyond Pará, Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe. K. hermaphroditus populations that presented individuals with male phenotype were only recorded in southeastern localities that presented extreme abiotic data, which raises the hypothesis that the loss of environmental integrity may trigger developmental triggers that result in primary males. The alleged gaps in the Brazilian mangroves show that the species does indeed have a wide geographical distribution, but occupies a specific microhabitat, composed of shallow pools that are difficult to access and often neglected by ichthyologists. These are the first standardized ecological data of K. hermaphroditus, a species that due to its reproductive and physiological peculiarities has high potential for experimental and environmental studies. The molecular data pointed to a greater genetic diversity in the northeast populations, and an extreme homogeneity in the southeast with a single haplotype, besides indicating that the individuals from Pará are inserted in the Central clade, indicating the presence of two distinct K. marmoratus strains. in northern Brazil. Three strains on the Brazilian coast associated with tidal regimes (north macrotidal, northeastern mesotidal, and southeast microtidal) were identified. Thus, the morphological differences found in a previous study may indicate a separation of populations, rather than species, between the southeast and northeast, which may be enhanced by the peculiar individual reproduction of this group of vertebrates.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMÁTICA E EVOLUÇÃOUFRNBrasilKryptolebias hermaphroditusHermafroditismoConservaçãoMicro-habitatFilogeografiaEcologiaOs peixes anfíbios do complexo Kryptolebias marmoratus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae) nos manguezais neotropicais: história natural, distribuição geográfica e ecologia evolutivainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNTEXTPeixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.txtPeixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain109589https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30002/2/Peixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.txt714204a980b0c82d58e01c73edc05811MD52THUMBNAILPeixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.jpgPeixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1486https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30002/3/Peixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf.jpg3480de59a7e1c53e89d597f4ee05b757MD53ORIGINALPeixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdfapplication/pdf2495232https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30002/1/Peixesanfibioscomplexo_Lira_2019.pdf815b35005a53233e98aeb99245e8d724MD51123456789/300022020-09-13 04:58:11.924oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/30002Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2020-09-13T07:58:11Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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A família Cynolebiidae, pertencente a ordem Cyprinodontiformes, conhecida pelos peculiares peixes-anuais e não anuais, compõe um grupo diversificado de pequenos peixes que vivem em ambientes aquáticos temporários ou perenes rasos. Com cerca de 350 espécies válidas e ampla distribuição geográfica em diversos micro-habitats. Dentre as linhagens não-anuais está um grupo monofilético do gênero Kryptolebias, composta por sete espécies nominais válidas, ocorrendo da Flórida nos Estados Unidos a Santa Catarina no Brasil. Dentro do gênero, destacamos o grupo de espécies K. marmoratus (K. hermaphroditus, K. marmoratus e K. ocellatus) exclusivas de regiões estuarinas. Essas linhagens apresentam uma confusa taxonomia, com diagnose e distribuição geográfica incerta, devido à incompatibilidade de informações morfológicas e moleculares. Portanto, uma ampla amostragem ao longo dos manguezais da costa brasileira foi feita nos últimos anos para levantamento de dados moleculares, morfológicos e ecológicos, afim de determinar quais espécies ocorrem no país e sua distribuição geográfica, assim como fornecer dados ecológicos originais destas linhagens. Foram amostradas localidades registradas em artigos e banco de dados online, inclusive a localidade-tipo, assim como novos registros, incluindo algumas áreas protegidas. Todas as coletas foram feitas de forma ativa, com peneiras de mão, além de coletas com esforço padronizado em parcelas delimitadas, aferições de dados ambientais e fauna acompanhante, fornecendo informações ecológicas. Com os dados obtidos, as áreas de ocorrência das espécies do complexo K. marmoratus para o Brasil foram ampliadas. O limite do clado Sul (K. hermaphroditus) foi expandido em cerca de 300 km ao sul, na ESEC Jureia-Itatins em São Paulo, e do clado Central de aproximadamente 1.590 km para o sul, na bacia do rio Marajó, no Pará. Novos registros foram feitos além do Pará, no Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe. As populações de K. hermaphroditus que apresentaram indivíduos com fenótipo masculino, só foram registrados em localidades do Sudeste que apresentavam dados abióticos extremos, o que levanta a hipótese de que a perda da integridade ambiental possa ativar gatilhos no desenvolvimento que resultem em machos primários. As supostas lacunas de ocorrência nos manguezais do Brasil mostram que de fato a espécie apresenta ampla distribuição geográfica, mas ocupa um micro-habiat especifico, composto de poças rasas, difíceis de serem acessadas e geralmente negligenciadas por ictiólogos. Esses são os primeiros dados ecológicos padronizados de K. hermaphroditus, uma espécie que por suas peculiaridades reprodutivas e fisiológicas apresenta elevado potencial para estudos experimentais e ambientais. Os dados moleculares apontaram para uma maior diversidade genéticas nas populações nordeste, e um extrema homogeneidade no Sudeste com um único haplótipo, além de indicar que os indivíduos do Pará estão inseridos no clado Central, indicando a presença de duas linhagens distintas do complexo K. marmoratus no Norte do Brasil. Foram identificadas três linhagens na costa brasileira associadas com os regimes de marés (norte macrotidal, nordeste mesotidal, e sudeste microtidal). Assim, as diferenças morfológicas encontradas em estudo prévio podem indicar uma separação de populações, ao invés de espécies, entre o sudeste e nordeste, que pode estar realçada pela reprodução individual peculiar deste grupo de vertebrados. |
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