Equidade em saúde LGBTI+: estratégias de luta e cenários de disputa no Rio Grande do Norte

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lacerda, Matheus Oliveira
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57275
Resumo: O direito à saúde da população LGBTI+ entrou na agenda política brasileira a partir da construção de tensionamentos pautados pelos ativistas sociais, sobretudo, nas décadas de 1980 e 1990 durante a epidemia de HIV/aids. Um dos avanços desta agenda foi a promulgação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, em 2011, considerada um marco importante e um resultado de uma longa jornada política na luta pelo direito à saúde. A histografia do ativismo social revela as elaborações e contribuições na construção de políticas públicas e em outros processos políticos pelos movimentos sociais. A compreensão sobre a articulação da pauta do direito à saúde ao longo da história desse movimento, embora empreendida por alguns autores, ainda carece de um maior aprofundamento, sobretudo no Nordeste brasileiro. As discriminações e violências as quais as pessoas LGBTI+ são expostas cotidianamente, inclusive nos serviços de saúde, revelam a necessidade de mudanças nas práticas de acesso, assistência e cuidado. Diante destas questões, compreendemos que o papel dos movimentos sociais é fundamental na luta por reconhecimento e justiça social em direitos humanos desta população. Partindo dessa assertiva, pretendemos analisar como a pauta do direito à saúde foi encampada pelo movimento LGBTI+ do Rio Grande do Norte entre as décadas de 2010 e 2020. Para atingirmos nosso objetivo, fizemos uso da técnica de entrevista semiestruturada, nos moldes da história de vida, com ativistas LGBTI+ no RN. Além disso, foi realizada pesquisa documental de planos de ações, registros de debates, atas de reuniões e outros arquivos de registros históricos relacionados ao movimento LGBTI+ do RN. Para a análise dos dados foi utilizada a perspectiva teórico-metodológica da Análise Hermenêutica-Dialética. As análises do estudo corroboram com a ideia do direito à saúde como uma das principais pautas mobilizadoras do movimento, tendo a questão do HIV/aids como um elemento articulador fundamental, mas produtor de contradições. Ademais, verifica-se um avanço das pautas associada muito mais ao acúmulo de força dos movimentos sociais do que por iniciativa dos próprios governos, ainda que os canais de diálogo possam ser favorecidos em governos de caráter progressista. Os três momentos ou ciclos principais que se sobrepõem na articulação da pauta do direito à saúde pelo movimento LGBTI+ são a luta pela despatologização, a epidemia do HIV/aids e o ascenso das pautas da população trans e travesti.
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Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva - Facisa) - Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57275O direito à saúde da população LGBTI+ entrou na agenda política brasileira a partir da construção de tensionamentos pautados pelos ativistas sociais, sobretudo, nas décadas de 1980 e 1990 durante a epidemia de HIV/aids. Um dos avanços desta agenda foi a promulgação da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, em 2011, considerada um marco importante e um resultado de uma longa jornada política na luta pelo direito à saúde. A histografia do ativismo social revela as elaborações e contribuições na construção de políticas públicas e em outros processos políticos pelos movimentos sociais. A compreensão sobre a articulação da pauta do direito à saúde ao longo da história desse movimento, embora empreendida por alguns autores, ainda carece de um maior aprofundamento, sobretudo no Nordeste brasileiro. As discriminações e violências as quais as pessoas LGBTI+ são expostas cotidianamente, inclusive nos serviços de saúde, revelam a necessidade de mudanças nas práticas de acesso, assistência e cuidado. Diante destas questões, compreendemos que o papel dos movimentos sociais é fundamental na luta por reconhecimento e justiça social em direitos humanos desta população. Partindo dessa assertiva, pretendemos analisar como a pauta do direito à saúde foi encampada pelo movimento LGBTI+ do Rio Grande do Norte entre as décadas de 2010 e 2020. Para atingirmos nosso objetivo, fizemos uso da técnica de entrevista semiestruturada, nos moldes da história de vida, com ativistas LGBTI+ no RN. Além disso, foi realizada pesquisa documental de planos de ações, registros de debates, atas de reuniões e outros arquivos de registros históricos relacionados ao movimento LGBTI+ do RN. Para a análise dos dados foi utilizada a perspectiva teórico-metodológica da Análise Hermenêutica-Dialética. As análises do estudo corroboram com a ideia do direito à saúde como uma das principais pautas mobilizadoras do movimento, tendo a questão do HIV/aids como um elemento articulador fundamental, mas produtor de contradições. Ademais, verifica-se um avanço das pautas associada muito mais ao acúmulo de força dos movimentos sociais do que por iniciativa dos próprios governos, ainda que os canais de diálogo possam ser favorecidos em governos de caráter progressista. Os três momentos ou ciclos principais que se sobrepõem na articulação da pauta do direito à saúde pelo movimento LGBTI+ são a luta pela despatologização, a epidemia do HIV/aids e o ascenso das pautas da população trans e travesti.Right to health of LGBTI+ population showed up the Brazilian political agenda following the tensions built by social activists, especially in the 1980s and 1990s, during the HIV/aids epidemic. One of the step up of this agenda was the promulgation of the National Policy for Lesbians, Gays, Bisexuals, Travestis and Transsexuals Health, in 2011, considered an milestone as a result of a long political jorney in the claim for the right to health. The histography of social activism reveals the elaborations and contributions in building public policies and other political processes by social movements. The comprehension of the organization in right to health goal agenda throughout the history of this movement, although undertaken by some authors, still needs to go further, especially in the Brazilian Northeast. The discrimination and violence to which LGBTI+ people are exposed on a daily basis, including in health services, reveal the need for changes in assistance and care practices. Faced with these issues, we understand that the role of social movements is fundamental in the claim for recognition and social justice in human rights to this population. Based on this assertion, we intend to analyze how the right to health agenda was taken up by the LGBTI+ movement in Rio Grande do Norte between the 2010s and 2020s. To achieve our aim, we used the semi-structured interview technique, along the lines of oral history, with LGBTI+ activists in RN. In addition, documentary research was carried out on action plans, records of debates, files of meetings and other archives of historical records related to the LGBTI+ movement in RN. For data analysis, the theoretical-methodological perspective of Hermeneutic-Dialectic Analysis was used. This analyzes corroborate the idea of the right to health as one of the main mobilizing agendas of the movement, with the issue of HIV/aids as a fundamental articulating element, but one that produces contradictions. Furthermore, there is an advancement of agendas associated much more with the increased power of social movements than with the initiative of governments themselves, even though channels of dialogue may be favored in governments of progressist characteristics. The three main moments or cycles that overlap in the link of right to health agenda by the LGBTI+ movement are the struggle for depathologization, the HIV/aids epidemic and the rise of the agenda of the transgender and travesti population.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA - FACISAUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVAPessoas LGBTQIA+Equidade social e em saúdeDireito à saúdeDireitos humanosHistória da saúde públicaEquidade em saúde LGBTI+: estratégias de luta e cenários de disputa no Rio Grande do Norteinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALEquidadesaudeLGBTI+_Lacerda_2023.pdfapplication/pdf849330https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/57275/1/EquidadesaudeLGBTI%2b_Lacerda_2023.pdf9d475f2d3cf6953b15790a1d48da3174MD51123456789/572752024-01-11 10:05:56.832oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/57275Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2024-01-11T13:05:56Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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