As fronteiras dos jardins da razão: o Manguebeat e o espaço da regionalidade no Recife da década de 1990
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20419 |
Resumo: | O Manguebeat foi um movimento cultural de caráter urbano que teve como uma de suas principais expressões a música, marcada pela hibridação de estilos da música pop com a tradição da música local. Em uma cidade central nas discussões em torno da regionalidade nordestina, tais artistas propuseram um deslizamento das formas tradicionais de lidar com arte, questionando as regras do cânone do folclore e da relação entre erudito e popular. Por consequência, outro limite foi posto em causa, a saber, as fronteiras da própria região. Em uma espécie de cosmopolitismo localizado, os mangueboys, como se chamavam os adeptos do movimento, propuseram um conceito que tinha como emblema uma parabólica fincada na lama. Desse modo, do repertório de experiências locais, ampliava-se o olhar para o transnacional, distanciando-se da recusa em “contaminar” a tradição local por elementos exógenos (como colocava, por exemplo, o Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna). Paralelamente, ao passo que se rejeitava uma forma engessada de pensar a localidade, a memória tradicional da região, ligada a um passado colonial ibérico, também era posta em xeque. No vácuo dessas representações, recorria-se a imagem do manguezal como a expiração de uma nova identidade para a cidade. Deste modo, Recife era vista como um produto do mangue e de seus rios e deveria, num momento de suposta inanição cultural, recolher dali a inspiração para a necessária renovação. Na análise do movimento, a questão central, que transpassa nosso trabalho, diz respeito ao diálogo dele com as representações espaciais locais de Recife, o que se evidencia no diálogo travado entre o Manguebeat e o Armorial (representante do regionalismo no momento estudado), e se desenvolve em sua relação com o espaço físico da cidade e com o mercado fonográfico brasileiro e internacional, algo que encontramos em matérias de jornais, revistas especializadas, entrevistas dos músicos e nas produções artísticas propriamente ditas. Dentre os aspectos destacados nessa nova forma de representar-se estão a biodiversidade daquele ecossistema (que em termos de cultura se expressa na predileção por diversidade) e a relação orgânica entre o homem e aquele meio, recorrendo a imagem feita pelo romancista Josué de Castro do mangue como produto e produtor do seu habitante. Assim, compreendemos o Manguebeat enquanto um movimento de revisão da identidade tendo por ponto de partida aspectos da contemporaneidade que apontam para uma revisitação dos conteúdos locais a partir de elementos globais, tendo por resultado um produto híbrido. |
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Em uma cidade central nas discussões em torno da regionalidade nordestina, tais artistas propuseram um deslizamento das formas tradicionais de lidar com arte, questionando as regras do cânone do folclore e da relação entre erudito e popular. Por consequência, outro limite foi posto em causa, a saber, as fronteiras da própria região. Em uma espécie de cosmopolitismo localizado, os mangueboys, como se chamavam os adeptos do movimento, propuseram um conceito que tinha como emblema uma parabólica fincada na lama. Desse modo, do repertório de experiências locais, ampliava-se o olhar para o transnacional, distanciando-se da recusa em “contaminar” a tradição local por elementos exógenos (como colocava, por exemplo, o Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna). Paralelamente, ao passo que se rejeitava uma forma engessada de pensar a localidade, a memória tradicional da região, ligada a um passado colonial ibérico, também era posta em xeque. No vácuo dessas representações, recorria-se a imagem do manguezal como a expiração de uma nova identidade para a cidade. Deste modo, Recife era vista como um produto do mangue e de seus rios e deveria, num momento de suposta inanição cultural, recolher dali a inspiração para a necessária renovação. Na análise do movimento, a questão central, que transpassa nosso trabalho, diz respeito ao diálogo dele com as representações espaciais locais de Recife, o que se evidencia no diálogo travado entre o Manguebeat e o Armorial (representante do regionalismo no momento estudado), e se desenvolve em sua relação com o espaço físico da cidade e com o mercado fonográfico brasileiro e internacional, algo que encontramos em matérias de jornais, revistas especializadas, entrevistas dos músicos e nas produções artísticas propriamente ditas. Dentre os aspectos destacados nessa nova forma de representar-se estão a biodiversidade daquele ecossistema (que em termos de cultura se expressa na predileção por diversidade) e a relação orgânica entre o homem e aquele meio, recorrendo a imagem feita pelo romancista Josué de Castro do mangue como produto e produtor do seu habitante. Assim, compreendemos o Manguebeat enquanto um movimento de revisão da identidade tendo por ponto de partida aspectos da contemporaneidade que apontam para uma revisitação dos conteúdos locais a partir de elementos globais, tendo por resultado um produto híbrido.The Manguebeat was a cultural movement of urban character that had as one of its main expressions the music, marked by the hybridization between pop music and the traditional local music. In the city that was the center of discussions around northeast regionality, these artists proposed a breakdown in the traditional ways of dealing with art, questioning the rules of the folklore canon and of the relationship between erudite and popular. Consequently, another limit was put in cause, which was the borders of the own region. In a kind of located cosmopolitism, the mangueboys, how the movement adepts were called, proposed a concept that had as emblem a satellite dish fixed in the mud. This way, from the local experiences repertory, people's sight would wide up for the transnational, going away from the refusal to contaminate the local tradition with foreign factors (as proposed the Movimento Armorial, idealized by Ariano Suassuna). Meanwhile, as they refused the traditional way to think about the locality, the traditional memory of the region, attached to the iberian colonial past, was also at stake. In the vacuum of these representations, they looked at the mangrove image as an inspiration for the new identity to the city. Then, Recife was seen as a result from the mangrove and its rivers, and should, in a moment of poor culture, take from there an inspiration for a necessary renovation. In the analysis of this movement, the central point that trespasses our work talks about a dialogue between Manguebeat and the Armorial (the regionalism representative at the studied moment), and develops itself inside the relationship between the physical space of the city and the brazilian and international phonographic market, something that we found at the newspapers, specialized magazines, musician interviews and in the artistic productions themselves. Inside the market aspects of this new way of representing itself on the biodiversity of that ecosystem (which in terms of culture expresses itself on the preference for the diversity) and the organic relationship between the man and that environment, recurring to the image made by the romancer Josué de Castro of the mangrove as a product and a maker of the habitant. So, we understand the Manguebeat as a movement of identity review, starting by theaspects of the contemporaneity that lead to a revisiting of the local contents through the global elements, resulting on a hybrid product.porUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIAUFRNBrasilCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::HISTORIARegionalidadeManguebeatChico ScienceNordesteAs fronteiras dos jardins da razão: o Manguebeat e o espaço da regionalidade no Recife da década de 1990info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdfFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdfapplication/pdf1377401https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/20419/8/Fronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdfeb91ea6ce1d92e8e8a6b6ccb406ee905MD58TEXTFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.txtFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.txtExtracted texttext/plain321794https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/20419/6/Fronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.txt4efdfa5874c94efe63b4f84768ddc16eMD56THUMBNAILFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.jpgFronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg1634https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/20419/7/Fronteirasjardinsrazao_Ramalho_2015.pdf.jpga38a90d3c9943bd1283c19f28a372208MD57123456789/204192022-05-17 18:15:13.991oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/20419Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-05-17T21:15:13Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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