Radioatividade natural: instrumentos legais e normativos no Brasil e interações do radônio outdoor com variáveis micrometeorológicas no planalto da Borborema

• Autor(a) principal: Albuquerque, Bruno César Dias de
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49186
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Radioatividade natural; Radônio; Variáveis micrometeorológicas; Legislação ambiental; Regressão linear múltipla; Monitoramento ambiental

O Radônio é um gás radioativo incolor e inodoro, o mais pesado de todos os gases nobres de origem natural. As rochas e solos com altas concentrações de Urânio e Tório são as principais fontes de Radônio. Pesquisas comprovam seu poder carcinogênico. Há estudos que tentam estabelecer relações entre aspectos que possam influenciar na concentração do gás na atmosfera. No Brasil o tema é pouco investigado e, em termos de legislação, resume-se ao âmbito da exploração do Urânio e Energia Nuclear. Nesse contexto o estudo buscou responder a três hipóteses: a legislação Brasileira encontra-se defasada em relação à radioatividade natural e precisa considerar aspectos referentes a temática; as variáveis micrometeorológicas (temperatura, umidade do ar, radiação solar e ventos) explicam o padrão de concentração de 222Rn em Cuité e em Bananeiras, municípios do Estado da Paraíba; a biomassa vegetal fotossinteticamente ativa explica o padrão de concentração de 222Rn em Cuité e em Bananeiras, em períodos climáticos distintos. Os objetivos principais da pesquisa foram: avaliar como a legislação Brasileira e as normas ambientais abordam a radioatividade natural em diferentes compartimentos geoquímicos, e avaliar se as variáveis micrometeorológicas e a variação da biomassa vegetal fotossinteticamente ativa explicam o padrão de concentração de Radônio, nas estações chuvosa e seca. Para isso a tese foi dividida em três artigos, que obedecem respectivamente a sequência das hipóteses elencadas. No primeiro artigo (capítulo 1) utilizouse pesquisa bibliográfica e documental, onde foram empregadas metodologia de mapeamento sistemático para ciências ambientais; concluiu-se que a legislação brasileira é incipiente em matéria de radioatividade natural e que existem lacunas em relação a radioatividade presente nos compartimentos ambientais. O segundo artigo (capítulo 2) mostra resultados de medições passivas da concentração do 222Rn na baixa atmosfera e de variáveis micrometeorológicas no período chuvoso em Bananeiras e Cuité. Foi aplicado um modelo estatístico de regressão linear múltipla, que apontou significância individual das variáveis vento (relação negativa) e a radiação solar (relação positiva); a análise do modelo mostrou que a concentração do 222Rn pode sim ser influenciada, mas de forma pontual, sem evidência de relação preditiva no contexto das variáveis trabalhadas. No terceiro artigo (capítulo 3), na busca de entender outros fatores de influência na concentração do 222Rn e sua variação em diferentes períodos climáticos, foram feitas medições passivas do radônio também em Bananeiras e Cuité, no período seco, além de coletas e análises de solo e rochas, e análise da vegetação por meio de índices de vegetação. Na comparação com os dados de 222Rn medidos no período chuvoso (artigo 2), não foram observadas significativas variações nas médias. As análises da vegetação por meio dos índices de vegetação (NDVI) e visitas in loco evidenciaram diferenças significativas nas áreas nos diferentes períodos climáticos, porém não se teve qualquer evidência de influência nas concentrações de 222Rn. Os resultados sugerem que os valores um pouco maiores de 222Rn medidos em Bananeiras nos dois períodos, podem ter sido influenciados pela granulometria do solo, maior densidade da vegetação e parâmetros meteorológicos (radiação solar, temperatura e vento) que sugerem uma menor dispersão do gás em comparação com Cuité. Em suma, ao se analisar de forma geral as hipóteses levantadas, as variáveis micrometeorológicas e as variações que ocorreram em períodos climáticos diferentes, aparentemente não foram capazes de se sobrepor ao perfil de radioatividade de fundo para cada localidade.