Construção da identidade e da alteridade em processo póscolonial: A escravidão contada à minha filha (2002), de Christiane Taubira
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27967 |
Resumo: | O lugar que a literatura de expressão francesa, em particular guianense, ocupa no contexto brasileiro é quase inexistente. Existe uma penúria de artigos científicos, de traduções de obras, de estudos críticos e literários. Ora, o debate sobre o colonialismo e o pós-colonialismo do século XX interessa pensadores de diversos países, como Homi Bhabha (1949), Edward Saïd (1978; 1995) e Gayatri Spyvak (1985). Poetas como Léon-Gontran Damas (1937) ou Aimé Césaire (1950) e filósofos antilhanos como Frantz Fanon (1952) e Édouard Glissant (1981) refletiram profundamente sobre o mundo no qual estamos inseridos, a partir da condição colonial e da herança da escravatura que tanto marcou a Guiana, a Martinica, enfim, as Antilhas Francesas. Eles interpretaram estes espaços e desestabilizaram os lugares comuns e as narrativas coloniais, interrogando-as a partir dos territórios, da presença física das pessoas e das suas subjetividades, fundando assim a base, e a prática teórica dos estudos pós-coloniais. Neste contexto, Christiane Taubira escreveu, em 2002, o livro L’esclavage raconté à ma fille, com o propósito de revisitar e interrogar a história silenciada do tráfico negreiro e da escravidão nas Américas, no Caribe e no Oceano Indico como crimes contra a humanidade. O principal objetivo da pesquisa se constitui na identificação e na análise dos procedimentos utilizados pela autora para a construção da identidade individual e da alteridade coletiva da pluriétnica sociedade guianense. Para tanto, utilizaremos como principal aporte teórico os estudos de Édouard Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) que apontam para às questões identitárias e as relações entre as culturas no mundo contemporâneo. A presente dissertação visa, em um primeiro momento, trazer um recorte histórico com o propósito de situar a obra em estudo, além de apresentar um conjunto de informações relativas ao período colonial francês e seu vínculo com o passado da Guiana. Em um segundo momento, procura examinar o percurso de busca da identidade de comunidades negras nas Américas e na França, que originarão os movimentos culturais nas primeiras décadas do século XX; para em seguida, investigar a evolução da teoria póscolonial, em particular na literatura guianense e caribenha; para uma maior compreensão do pensamento de Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) se faz necessário traçar o perfil da pluriétnica sociedade guianense. Em um terceiro momento, a intenção é de realizar uma leitura analítica da obra L’esclavage raconté à ma fille (2002), em seus aspectos textual, estrutural e temático enfocando o diálogo produzido pela autora entre a literatura e os eventos históricos que constituem a trama, a fim de romper o processo de representação dos negros enquanto atrasados, incivilizados, inferiorizados, odiados, intoleráveis, que a literatura colonial elaborou durante séculos. |
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Ferreira, Maria Vagneide de OliveiraFerreira, José LuizAlbergaria, Enilce do CarmoVenâncio, Karina Chianca2019-11-22T23:08:29Z2019-11-22T23:08:29Z2019-07-30FERREIRA, Maria Vagneide de Oliveira. Construção da identidade e da alteridade em processo póscolonial: A escravidão contada à minha filha (2002), de Christiane Taubira. 2019. 166f. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019.https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27967O lugar que a literatura de expressão francesa, em particular guianense, ocupa no contexto brasileiro é quase inexistente. Existe uma penúria de artigos científicos, de traduções de obras, de estudos críticos e literários. Ora, o debate sobre o colonialismo e o pós-colonialismo do século XX interessa pensadores de diversos países, como Homi Bhabha (1949), Edward Saïd (1978; 1995) e Gayatri Spyvak (1985). Poetas como Léon-Gontran Damas (1937) ou Aimé Césaire (1950) e filósofos antilhanos como Frantz Fanon (1952) e Édouard Glissant (1981) refletiram profundamente sobre o mundo no qual estamos inseridos, a partir da condição colonial e da herança da escravatura que tanto marcou a Guiana, a Martinica, enfim, as Antilhas Francesas. Eles interpretaram estes espaços e desestabilizaram os lugares comuns e as narrativas coloniais, interrogando-as a partir dos territórios, da presença física das pessoas e das suas subjetividades, fundando assim a base, e a prática teórica dos estudos pós-coloniais. Neste contexto, Christiane Taubira escreveu, em 2002, o livro L’esclavage raconté à ma fille, com o propósito de revisitar e interrogar a história silenciada do tráfico negreiro e da escravidão nas Américas, no Caribe e no Oceano Indico como crimes contra a humanidade. O principal objetivo da pesquisa se constitui na identificação e na análise dos procedimentos utilizados pela autora para a construção da identidade individual e da alteridade coletiva da pluriétnica sociedade guianense. Para tanto, utilizaremos como principal aporte teórico os estudos de Édouard Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) que apontam para às questões identitárias e as relações entre as culturas no mundo contemporâneo. A presente dissertação visa, em um primeiro momento, trazer um recorte histórico com o propósito de situar a obra em estudo, além de apresentar um conjunto de informações relativas ao período colonial francês e seu vínculo com o passado da Guiana. Em um segundo momento, procura examinar o percurso de busca da identidade de comunidades negras nas Américas e na França, que originarão os movimentos culturais nas primeiras décadas do século XX; para em seguida, investigar a evolução da teoria póscolonial, em particular na literatura guianense e caribenha; para uma maior compreensão do pensamento de Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) se faz necessário traçar o perfil da pluriétnica sociedade guianense. Em um terceiro momento, a intenção é de realizar uma leitura analítica da obra L’esclavage raconté à ma fille (2002), em seus aspectos textual, estrutural e temático enfocando o diálogo produzido pela autora entre a literatura e os eventos históricos que constituem a trama, a fim de romper o processo de representação dos negros enquanto atrasados, incivilizados, inferiorizados, odiados, intoleráveis, que a literatura colonial elaborou durante séculos.The status that Literature of French expression, in particular the Guyanese one, takes place in Brazilian context is almost non-existent. There is a shortage of academic papers, translations or even literary studies. Currently, the debate on colonialism and postcolonialism in the twentieth century brings to the light ideas from experts of several countries, such as, Homi Bhabha (1949), Edward Saïd (1978; 1995) and Gayatri Spyvak (1985). Poets as Léon-Gontran Damas (1937) or Aimé Césaire (1950) and Antilles philosophers as Frantz Fanon (1952) and Édouard Glissant (1981), have reflected deeply on which world we are inserted, taking as a starting point colonial condition and slavery heritage that have marked so much both Guyana and Martinique, the French Antilles. They have interpreted such spaces and have questioned some common places and colonial narratives, approaching them considering dominions, people physical presence and their subjectivities, founding the basis for practical and theoretical studies on postcolonialism. In this context, Christiane Taubira wrote, in 2002, her book entitled L’esclavage raconté à ma fille aiming at revisiting and questioning the silent history of slave trade and slavery in Americas, Caribbean and Indian Ocean as crimes against humanity. Thus, the main purpose of this research is identifying and analyzing procedures used by the author to construct individual identity and collective otherness from Guyanese multiethnic society. For such approach, it has been used as theoretical framework studies developed by Édouard Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) concerned to identity questions and relationships among cultures in contemporary world. Therefore, this dissertation aims, at first glance, to bring a historical clipping to contextualize the studied piece, besides introducing an information set concerned to French colonial period and its link to Guyana past time. Secondly, it will be examined identity search trajectory of black communities in Americas and France, which originate cultural movements in the first decades of the 20th century. Then, the evolution of the postcolonial theory will be investigated, particularly in Guyanese and Caribbean literature. To understand Glissant’s thought, especially Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007), it is necessary to construct a profile from Guyanese multiethnic society. In a third moment, the purpose is to develop an analytical reading from the piece L’esclavage raconté à ma fille (2002), considering its textual, structural and thematic aspects, focusing interrelations produced by the author between literature and historical events which constitute the plot, in order to break up the process of representation for blacks as antiquated, uncivilized, slighter, hated and intolerable, which colonialist literature worked out for centuries.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICAChristiane TaubiraEscravidãoIdentidadeAlteridadeLiteratura pós-colonialGuiana FrancesaConstrução da identidade e da alteridade em processo póscolonial: A escravidão contada à minha filha (2002), de Christiane Taubirainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALConstruçãoidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdfapplication/pdf1522872https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27967/1/Constru%c3%a7%c3%a3oidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf74661045f3213f80698a5f5cad4d29e9MD51TEXTConstruçãoidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.txtConstruçãoidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain385782https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27967/2/Constru%c3%a7%c3%a3oidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.txt3208faa3d467d8b1826f64e0f5e78032MD52THUMBNAILConstruçãoidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.jpgConstruçãoidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1271https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/27967/3/Constru%c3%a7%c3%a3oidentidadealteridade_Ferreira_2019.pdf.jpg0bdb170e9c6ac9474cccdb9feab75f5bMD53123456789/279672019-11-24 02:18:34.727oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/27967Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2019-11-24T05:18:34Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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O lugar que a literatura de expressão francesa, em particular guianense, ocupa no contexto brasileiro é quase inexistente. Existe uma penúria de artigos científicos, de traduções de obras, de estudos críticos e literários. Ora, o debate sobre o colonialismo e o pós-colonialismo do século XX interessa pensadores de diversos países, como Homi Bhabha (1949), Edward Saïd (1978; 1995) e Gayatri Spyvak (1985). Poetas como Léon-Gontran Damas (1937) ou Aimé Césaire (1950) e filósofos antilhanos como Frantz Fanon (1952) e Édouard Glissant (1981) refletiram profundamente sobre o mundo no qual estamos inseridos, a partir da condição colonial e da herança da escravatura que tanto marcou a Guiana, a Martinica, enfim, as Antilhas Francesas. Eles interpretaram estes espaços e desestabilizaram os lugares comuns e as narrativas coloniais, interrogando-as a partir dos territórios, da presença física das pessoas e das suas subjetividades, fundando assim a base, e a prática teórica dos estudos pós-coloniais. Neste contexto, Christiane Taubira escreveu, em 2002, o livro L’esclavage raconté à ma fille, com o propósito de revisitar e interrogar a história silenciada do tráfico negreiro e da escravidão nas Américas, no Caribe e no Oceano Indico como crimes contra a humanidade. O principal objetivo da pesquisa se constitui na identificação e na análise dos procedimentos utilizados pela autora para a construção da identidade individual e da alteridade coletiva da pluriétnica sociedade guianense. Para tanto, utilizaremos como principal aporte teórico os estudos de Édouard Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) que apontam para às questões identitárias e as relações entre as culturas no mundo contemporâneo. A presente dissertação visa, em um primeiro momento, trazer um recorte histórico com o propósito de situar a obra em estudo, além de apresentar um conjunto de informações relativas ao período colonial francês e seu vínculo com o passado da Guiana. Em um segundo momento, procura examinar o percurso de busca da identidade de comunidades negras nas Américas e na França, que originarão os movimentos culturais nas primeiras décadas do século XX; para em seguida, investigar a evolução da teoria póscolonial, em particular na literatura guianense e caribenha; para uma maior compreensão do pensamento de Glissant (1981; 1990; 1996; 1997; 2007) se faz necessário traçar o perfil da pluriétnica sociedade guianense. Em um terceiro momento, a intenção é de realizar uma leitura analítica da obra L’esclavage raconté à ma fille (2002), em seus aspectos textual, estrutural e temático enfocando o diálogo produzido pela autora entre a literatura e os eventos históricos que constituem a trama, a fim de romper o processo de representação dos negros enquanto atrasados, incivilizados, inferiorizados, odiados, intoleráveis, que a literatura colonial elaborou durante séculos. |
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