Interdependence and the cooperative breeding system: insights from captive and wild common marmosets (Callithrix jacchus)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Terceiro, Francisco Edvaldo de Oliveira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/48249
Resumo: A abrangência do repertório social humano, bem como o processo que fomentou a evolução de um sistema tão complexo são de particular interesse para biólogos, psicólogos e antropólogos. Advindo deste último campo de estudo, uma importante hipótese que busca elucidar a evolução do nosso comportamento é a hipótese do reprodutor cooperativo (HRC). Sob a égide do sistema reprodutor cooperativo estão espécies que vivem em grupos, cuja prole recebe altos níveis de investimento tanto dos pais como de outros membros do grupo social, em particular, destacando-se o cuidado parental e aloparental, respectivamente. A sobreposição entre parentesco dos ajudantes, intensidade do viés reprodutivo e nível de investimento aloparental estão limitados pela história de vida e composição genética de cada táxon. A reprodução cooperativa, por outro lado, não é um fenômeno homogêneo (Shen, et al., 2017). Há espécies com grupos multi-macho e multi-fêmea com poligamia abrangente e variações na prevalência de múltiplos reprodutores. Alternativamente, há grupos com apenas um par reprodutor, enquanto os demais membros, que em sua maioria são proles do par reprodutivo, retardam indefinidamente a própria reprodução enquanto se comportam como cuidadores (Koenig et al., 2016). Portanto, o termo reprodutor cooperativo abrange uma ampla diversidade de comportamentos passíveis de análise. A HRC postula que o substrato fisiológico e motivacional do sistema reprodutor cooperativo, em condições naturais, pode otimizar a performance em uma gama de mensurações cognitivo-sociais. Minha abordagem nesta tese, portanto, foi explorar as variações comportamentais de um primata reprodutor cooperativo, o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), decorrentes de níveis distintos de interdependência. Interdependência, enquanto conceito que enfatiza o impacto de um indivíduo na aptidão de co-específicos, é importante para o estudo de espécies vivendo em grupos. Ao manipular os níveis de interdependência, é possível, portanto, fazer prognósticos sobre variações comportamentais da espécie enquanto modelo experimental, e assim, expandir o conhecimento acerca dos pilares biológicos do sistema reprodutor cooperativo, além de sua relevância para explicar a evolução do peculiar repertório social da espécie humana. e, por fim, testar novamente a HRC. Como objetivo desta tese, investiguei a Hipótese do Reprodutor Cooperativo, a partir das variações comportamentais intraespecíficas derivadas de diferentes níveis de interdependência. Nos capítulos empíricos analisei respostas comportamentais de C. jacchus em três contextos comportamentais: tolerância social, partilha alimentar e reação a co-específicos com sinais de estresse. Conclui essa etapa com uma revisão sobre o sistema reprodutor cooperativo abrangendo a definição predominante e seus pontos negativos, os benefícios ecológicos para reprodutores, prole e ajudantes, as possíveis rotas evolutivas que permitiram o surgimento e sucesso deste sistema e as possíveis consequências comportamentais decorrentes deste sistema reprodutivo. No capítulo 2, aferi se a tolerância social de C. jacchus é maior em circunstâncias de alimento com maior disponibilidade (ambiente de cativeiro) ou com menor disponibilidade (ambiente natural), portanto, com maior interdependência. Ao contrário de primatas com reprodução independente, C. jacchus demonstrou maior tolerância social no ambiente com maior interdependência (habitat natural). Destaca-se que o elo entre a interdependência proveniente da reprodução cooperativa e a tolerância social, extensamente reportado na literatura, não é um artefato da vida em cativeiro. Finalmente, ressalta-se ainda o impacto da interdependência na evolução de reprodutores cooperativos altamente tolerantes, o que, em última instância, afeta a compreensão da evolução social em nossa espécie. No capítulo 3, o objetivo foi estimar o ajuste de C. jacchus ao partilhar alimentos com infantes sob disponibilidade alimentar variável. Todos os indivíduos observados, com exceção das fêmeas subordinadas, seguiram uma estratégia baseada na interdependência e, portanto, reduções na disponibilidade alimentar foram seguidas por aumento na partilha alimentar aos infantes. Ademais, essa resposta comportamental também é adotada para itens alimentares difíceis de obtenção e em estágios de maior dependência da prole. Fêmeas subordinadas, quando participando no cuidado à prole, seguem uma estratégia baseada primariamente nas limitações ecológicas e, portanto, partilham menos alimentos em períodos de menor disponibilidade. Fica evidente que a variação comportamental de C. jacchus está intimamente associada aos níveis de interdependência e às estratégias ecológicas particulares dos indivíduos; também, que há uma interconexão entre as hipóteses da reprodução cooperativa e de interdependência, e a importância de ambas as hipóteses na evolução do sistema de reprodução cooperativa. No capítulo 4, avaliei como C. jacchus reage a co-específicos com sinais de estresse e se estas reações são governadas por motivações empáticas ou egocêntricas. Verifiquei que todos os participantes demonstraram contágio ao estímulo emocional, ainda não registrado em C. jacchus, indicando que essa espécie possui um repertório de comportamentos sociais maior do que o esperado. Além disso, machos se aproximaram mais de co-específicos com sinais de estresse em comparação a co-específicos relaxados, um resultado consistente com a notável pró-socialidade dentre os machos de C. jacchus em ambiente natural (Yamamoto et al., 2014). Esses dados evidenciam a capacidades dessa espécie sob a perspectiva do modelo de combinação empática (Yamamoto, 2017). E, quando associados aos resultados obtidos com roedores (Burkett et al., 2016), esclarecem o surgimento evolutivo de habilidades empáticas ao mover o foco das espécies com cérebros grandes para as espécies altamente interdependentes. Finalmente, no capítulo 5 discute-se o sistema reprodutor cooperativo com o foco em sua definição, benefícios ecológicos, evolução e consequências comportamentais. Com base neste capítulo e nos resultados obtidos nos demais capítulos, destaco possíveis contribuições desta tese para a discussão do processo evolutivo que possibilitou a emergência deste sistema. A proposta de síntese feita por Shen et al., (2017) não destaca a importância de estudos comportamentais para fortalecer o escrutínio sobre sua proposta. Considerando o papel central da interdependência no funcionamento do sistema reprodutor cooperativo, destaco a importância da utilização do rico arcabouço empírico na diversificação dos estudos sobre as forças que levaram à emergência evolutiva do sistema de reprodução cooperativa. Em síntese, o principal resultado desta tese é o papel da interdependência como força motriz na tolerância social e a partilha de alimento em primatas reprodutores cooperativos. Ademais, serve de base, para explicitar a importância do nicho ecológico-social na evolução de certas habilidades mais complexas em C. jacchus, a despeito da ausência de cérebros grandes e sua consequente capacidade computacional. Implicitamente, os resultados desta tese demonstram que a manipulação dos níveis de interdependência é uma ferramenta importante para compreensão do sistema de reprodução cooperativa. A interdependência parece funcionar como elemento central neste sistema de reprodução, de modo que, a manipulação dos níveis de interdependência pode trazer a tona a diversidade de respostas comportamentais possíveis dentre as espécies que apresentam o sistema de reprodução cooperativa.
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Advindo deste último campo de estudo, uma importante hipótese que busca elucidar a evolução do nosso comportamento é a hipótese do reprodutor cooperativo (HRC). Sob a égide do sistema reprodutor cooperativo estão espécies que vivem em grupos, cuja prole recebe altos níveis de investimento tanto dos pais como de outros membros do grupo social, em particular, destacando-se o cuidado parental e aloparental, respectivamente. A sobreposição entre parentesco dos ajudantes, intensidade do viés reprodutivo e nível de investimento aloparental estão limitados pela história de vida e composição genética de cada táxon. A reprodução cooperativa, por outro lado, não é um fenômeno homogêneo (Shen, et al., 2017). Há espécies com grupos multi-macho e multi-fêmea com poligamia abrangente e variações na prevalência de múltiplos reprodutores. Alternativamente, há grupos com apenas um par reprodutor, enquanto os demais membros, que em sua maioria são proles do par reprodutivo, retardam indefinidamente a própria reprodução enquanto se comportam como cuidadores (Koenig et al., 2016). Portanto, o termo reprodutor cooperativo abrange uma ampla diversidade de comportamentos passíveis de análise. A HRC postula que o substrato fisiológico e motivacional do sistema reprodutor cooperativo, em condições naturais, pode otimizar a performance em uma gama de mensurações cognitivo-sociais. Minha abordagem nesta tese, portanto, foi explorar as variações comportamentais de um primata reprodutor cooperativo, o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), decorrentes de níveis distintos de interdependência. Interdependência, enquanto conceito que enfatiza o impacto de um indivíduo na aptidão de co-específicos, é importante para o estudo de espécies vivendo em grupos. 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Conclui essa etapa com uma revisão sobre o sistema reprodutor cooperativo abrangendo a definição predominante e seus pontos negativos, os benefícios ecológicos para reprodutores, prole e ajudantes, as possíveis rotas evolutivas que permitiram o surgimento e sucesso deste sistema e as possíveis consequências comportamentais decorrentes deste sistema reprodutivo. No capítulo 2, aferi se a tolerância social de C. jacchus é maior em circunstâncias de alimento com maior disponibilidade (ambiente de cativeiro) ou com menor disponibilidade (ambiente natural), portanto, com maior interdependência. Ao contrário de primatas com reprodução independente, C. jacchus demonstrou maior tolerância social no ambiente com maior interdependência (habitat natural). Destaca-se que o elo entre a interdependência proveniente da reprodução cooperativa e a tolerância social, extensamente reportado na literatura, não é um artefato da vida em cativeiro. 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A interdependência parece funcionar como elemento central neste sistema de reprodução, de modo que, a manipulação dos níveis de interdependência pode trazer a tona a diversidade de respostas comportamentais possíveis dentre as espécies que apresentam o sistema de reprodução cooperativa.The human social repertoire is one of the most puzzling phenomena and historically under examination by several philosophical and scientific traditions. Both the extent of that repertoire and the evolutionary process that fostered such a complex system are of particular interest for behavioural anthropologists. From this school of thought emerges a notable hypothesis tackling the evolution of our social behaviour, the cooperative breeding hypothesis (CBH). Cooperative breeding systems are present in group living species in which offspring receive extensive care from individuals other than their parents. Moreover, because of the prevalence of parental and, especially, alloparental care, this system is also characterized by life history attributes as well as behavioural peculiarities. The CBH posits that, under naturalistic conditions, the psychological and motivational mechanisms required for a cooperative breeding system to function smoothly might also support an increase in performance in a variety of socio-cognitive contexts and tasks. My approach was to explore the behavioural variation associated to contrasting interdependence levels in a cooperatively breeding primate species, namely the common marmoset (Callithrix jacchus). Interdependence, a concept referring to the situation that a subject impacts a conspecifics’ overall fitness, is generally high in cooperative breeders, but variation also exists. Hence, comparing intraspecific behavioral variation in marmosets under different levels of interdependence allows for valuable insights into the underpinnings of their cooperative breeding system. These insights have implications for our understanding of the evolution of the human social repertoire and further tests of the CBH. The overarching goal of my PhD thesis was to investigate the CBH by exploring interdependence-driven intra-specific behavioural variation. In the first three subsequent empirical chapters, I assessed C. jacchus’ behavioural outputs by looking into three biologically relevant behaviours, namely social tolerance, food sharing and reaction to conspecific’s distress. Lastly, I reviewed the cooperative breeding system by addressing its prevalent definitions and pitfalls, the ecological benefits to parents, offspring, and helpers, the possible evolutionary pathways for this system to emerge and thrive, and finally, the behavioural consequences of the cooperative breeding system. In chapter 2, my goal was to assess if common marmosets’ social tolerance is higher in captivity where food is readily available or in the more demanding wild setting. The main finding was that, unlike independently breeding primates, adult common marmosets displayed higher social tolerance toward each other in the wild setting where food is scarce and mutual interdependence to successfully raise offspring therefore high. The results in this chapter thus emphasize the crucial relevance of interdependence in the evolution of highly tolerant cooperative breeders and therefore has implications for our understanding of the origins of humans’ social tolerance and hyper-cooperation. In chapter 3, the goal was to investigate how wild-living C. jacchus adjust their foodsharing behaviour towards infants as food availability varies. The primary finding was that all common marmosets, except female helpers, engage in an interdependence-driven strategy in which decreasing food availability increases food-sharing behaviour toward infants; this was also the case for older infants and for hard to obtain food items. Despite playing a relevant role overall in infant care, female helpers engage in an ecologically driven strategy and thus share food to infants more often when food is more abundant. This chapter helps us to illustrate how C. jacchus’ behavioural variation is remarkably reliant on interdependence levels. Additionally, it consolidates the interconnection between the cooperative breeding and interdependence hypothesis and their role in the evolution of the cooperative breeding system. Finally, in chapter 4, the ultimate objective was to evaluate how common marmosets react to conspecifics in distress and try to disentangle if emphatic rather than selfish motivations would govern these reactions. I found that all group members displayed contagion of emotional arousal, a previously unknown behaviour in common marmosets, thus indicating that common marmosets have a larger social repertoire than previously thought. Furthermore, I also found that male individuals were more likely to approach conspecifics in distress than relaxed ones, a finding consistent with the more conspicuous proactive prosociality from male common marmosets. Altogether, these results from chapter 4 highlight C. jacchus’ empathic competence in light of the combination model framework and helps us to better explain the emergence of empathetic capacities by moving the spotlight from large-brained species to highly interdependent ones. Overall, the main findings from this thesis reflect how interdependence is a driving force for social tolerance and food sharing in the cooperatively breeding common marmoset. Moreover, they also support the importance of social environments shaped through reproductive interdependence for the evolution of complex social skills in our model species, without the presence of large brains and its ensuing computational potency. Notably, the underlying finding from my thesis is the usefulness of interdependence variation as a tool to manipulate and thus expand our comprehension regarding the cooperative breeding system. Furthermore, interdependence appears to work as a linchpin for the cooperative breeding system, and therefore, its controlled manipulation might be used to assess a whole host of behavioural outputs from other species under this system and further explore the cooperative breeding intricacies.Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIAUFRNBrasilCalitriquídeosEvolução socialReprodução cooperativaTolerância socialInterdependence and the cooperative breeding system: insights from captive and wild common marmosets (Callithrix jacchus)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALInterdependencecooperativebreeding_Terceiro_2021.pdfapplication/pdf2696628https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/48249/1/Interdependencecooperativebreeding_Terceiro_2021.pdf8f07a59bbb037d5f5849633af7f1b84fMD51123456789/482492022-06-20 20:31:21.147oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/48249Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2022-06-20T23:31:21Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
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Há espécies com grupos multi-macho e multi-fêmea com poligamia abrangente e variações na prevalência de múltiplos reprodutores. Alternativamente, há grupos com apenas um par reprodutor, enquanto os demais membros, que em sua maioria são proles do par reprodutivo, retardam indefinidamente a própria reprodução enquanto se comportam como cuidadores (Koenig et al., 2016). Portanto, o termo reprodutor cooperativo abrange uma ampla diversidade de comportamentos passíveis de análise. A HRC postula que o substrato fisiológico e motivacional do sistema reprodutor cooperativo, em condições naturais, pode otimizar a performance em uma gama de mensurações cognitivo-sociais. Minha abordagem nesta tese, portanto, foi explorar as variações comportamentais de um primata reprodutor cooperativo, o sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), decorrentes de níveis distintos de interdependência. Interdependência, enquanto conceito que enfatiza o impacto de um indivíduo na aptidão de co-específicos, é importante para o estudo de espécies vivendo em grupos. Ao manipular os níveis de interdependência, é possível, portanto, fazer prognósticos sobre variações comportamentais da espécie enquanto modelo experimental, e assim, expandir o conhecimento acerca dos pilares biológicos do sistema reprodutor cooperativo, além de sua relevância para explicar a evolução do peculiar repertório social da espécie humana. e, por fim, testar novamente a HRC. Como objetivo desta tese, investiguei a Hipótese do Reprodutor Cooperativo, a partir das variações comportamentais intraespecíficas derivadas de diferentes níveis de interdependência. Nos capítulos empíricos analisei respostas comportamentais de C. jacchus em três contextos comportamentais: tolerância social, partilha alimentar e reação a co-específicos com sinais de estresse. Conclui essa etapa com uma revisão sobre o sistema reprodutor cooperativo abrangendo a definição predominante e seus pontos negativos, os benefícios ecológicos para reprodutores, prole e ajudantes, as possíveis rotas evolutivas que permitiram o surgimento e sucesso deste sistema e as possíveis consequências comportamentais decorrentes deste sistema reprodutivo. No capítulo 2, aferi se a tolerância social de C. jacchus é maior em circunstâncias de alimento com maior disponibilidade (ambiente de cativeiro) ou com menor disponibilidade (ambiente natural), portanto, com maior interdependência. Ao contrário de primatas com reprodução independente, C. jacchus demonstrou maior tolerância social no ambiente com maior interdependência (habitat natural). Destaca-se que o elo entre a interdependência proveniente da reprodução cooperativa e a tolerância social, extensamente reportado na literatura, não é um artefato da vida em cativeiro. Finalmente, ressalta-se ainda o impacto da interdependência na evolução de reprodutores cooperativos altamente tolerantes, o que, em última instância, afeta a compreensão da evolução social em nossa espécie. No capítulo 3, o objetivo foi estimar o ajuste de C. jacchus ao partilhar alimentos com infantes sob disponibilidade alimentar variável. Todos os indivíduos observados, com exceção das fêmeas subordinadas, seguiram uma estratégia baseada na interdependência e, portanto, reduções na disponibilidade alimentar foram seguidas por aumento na partilha alimentar aos infantes. Ademais, essa resposta comportamental também é adotada para itens alimentares difíceis de obtenção e em estágios de maior dependência da prole. Fêmeas subordinadas, quando participando no cuidado à prole, seguem uma estratégia baseada primariamente nas limitações ecológicas e, portanto, partilham menos alimentos em períodos de menor disponibilidade. Fica evidente que a variação comportamental de C. jacchus está intimamente associada aos níveis de interdependência e às estratégias ecológicas particulares dos indivíduos; também, que há uma interconexão entre as hipóteses da reprodução cooperativa e de interdependência, e a importância de ambas as hipóteses na evolução do sistema de reprodução cooperativa. No capítulo 4, avaliei como C. jacchus reage a co-específicos com sinais de estresse e se estas reações são governadas por motivações empáticas ou egocêntricas. Verifiquei que todos os participantes demonstraram contágio ao estímulo emocional, ainda não registrado em C. jacchus, indicando que essa espécie possui um repertório de comportamentos sociais maior do que o esperado. Além disso, machos se aproximaram mais de co-específicos com sinais de estresse em comparação a co-específicos relaxados, um resultado consistente com a notável pró-socialidade dentre os machos de C. jacchus em ambiente natural (Yamamoto et al., 2014). 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