A ayahuasca modula a resiliência? Uma avaliação em modelo animal primata não-humano de depressão maior
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46504 |
Resumo: | Ao longo da evolução os animais têm vivenciado diversas situações de estresse, o que levou a uma grande variabilidade de respostas, algumas adaptativas e outras não. Por exemplo, a Depressão Maior (DM) é um transtorno de humor associado ao estresse crônico, fenótipos de vulnerabilidade e respostas ao estresse não- adaptativas. A DM é uma das psicopatologias que mais causa invalidez no mundo, não havendo ainda um tratamento completamente eficaz para ela, gerando assim enormes prejuízos individuais, sociais e econômicos. Dessa forma, utilizando como base a teoria da inoculação ao estrese, que postula que a resiliência pode ser adquirida, os psicodélicos se tornaram alvo das pesquisas com esquemas profiláticos contra o surgimento de algumas doenças mentais. A ayahuasca (AYA) é uma bebida tradicional da Amazônia que atua sobre o sistema serotoninérgico e, além de efeitos psicodélicos, demonstra uma ação antidepressiva. Considerando que do ponto de vista econômico, social e psicológico, tratar a depressão se mostra mais dispendioso do que a preveni-la, esse estudo procurou avaliar os possíveis efeitos profiláticos do uso prolongado do chá da ayahuasca, por meio do incremento da resiliência, frente a um protocolo de indução de depressão maior, o isolamento social (9 semanas), utilizando um modelo animal primata não-humanos, o C. jacchus. Para isso, foram realizadas avaliações fisiológicas (cortisol fecal) e comportamentais em animais (18 machos juvenis) que foram divididos em 3 grupos: Grupo Ayahuasca (GA; n=6), animais que receberam 3 administrações de ayahuasca enquanto foram submetidos ao protocolo indutor de depressão; Grupo Controle Isolado (GCI; n=5), onde os animais foram submetidos ao protocolo indutor de depressão sem passar pelo esquema profilático; e Grupo Controle Família (GCF n=7), animais controles que permaneceram em suas famílias sem receber qualquer esquema experimental. De maneira geral, foi observado uma resposta ao estresse mais adaptativa para GA quando comparado a GCI. Os animais tratados com AYA apresentaram uma reatividade e médias do cortisol fecal maiores do que a do GCI e similares ao GC; não demonstraram sinais de anedonia e elevação de comportamentos indicativos de estresse crônico, por exemplo: o coçar e a autocatação, os quais, por outro lado, foram expressos pelo GCI. Portanto, parece que a ayahuasca induz uma ação profilática frente ao protocolo indutor de depressão, por meio da expressão de respostas de resiliência; tamponado o surgimento de fenótipos tipo-depressivos e as alterações fisiológicas. Apesar de serem necessários novos estudos, esse trabalho abre portas para um novo tipo de intervenção no âmbito da saúde mental, o uso profilático de psicodélicos para prevenção de psicopatologias associadas ao estresse crônico. |
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Grilo, Maria Lara Porpino de Meirozhttp://lattes.cnpq.br/0248176785000660http://lattes.cnpq.br/9256395169042054Soares, Bruno LobãoHallak, Jaime Eduardo CecilioCoelho, Nicole Leite Galvão2022-03-10T18:51:17Z2022-03-10T18:51:17Z2021-10-08GRILO, Maria Lara Porpino de Meiroz. A ayahuasca modula a resiliência? Uma avaliação em modelo animal primata não-humano de depressão maior. 2021. 85f. Dissertação (Mestrado em Psicobiologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46504Ao longo da evolução os animais têm vivenciado diversas situações de estresse, o que levou a uma grande variabilidade de respostas, algumas adaptativas e outras não. Por exemplo, a Depressão Maior (DM) é um transtorno de humor associado ao estresse crônico, fenótipos de vulnerabilidade e respostas ao estresse não- adaptativas. A DM é uma das psicopatologias que mais causa invalidez no mundo, não havendo ainda um tratamento completamente eficaz para ela, gerando assim enormes prejuízos individuais, sociais e econômicos. Dessa forma, utilizando como base a teoria da inoculação ao estrese, que postula que a resiliência pode ser adquirida, os psicodélicos se tornaram alvo das pesquisas com esquemas profiláticos contra o surgimento de algumas doenças mentais. A ayahuasca (AYA) é uma bebida tradicional da Amazônia que atua sobre o sistema serotoninérgico e, além de efeitos psicodélicos, demonstra uma ação antidepressiva. Considerando que do ponto de vista econômico, social e psicológico, tratar a depressão se mostra mais dispendioso do que a preveni-la, esse estudo procurou avaliar os possíveis efeitos profiláticos do uso prolongado do chá da ayahuasca, por meio do incremento da resiliência, frente a um protocolo de indução de depressão maior, o isolamento social (9 semanas), utilizando um modelo animal primata não-humanos, o C. jacchus. Para isso, foram realizadas avaliações fisiológicas (cortisol fecal) e comportamentais em animais (18 machos juvenis) que foram divididos em 3 grupos: Grupo Ayahuasca (GA; n=6), animais que receberam 3 administrações de ayahuasca enquanto foram submetidos ao protocolo indutor de depressão; Grupo Controle Isolado (GCI; n=5), onde os animais foram submetidos ao protocolo indutor de depressão sem passar pelo esquema profilático; e Grupo Controle Família (GCF n=7), animais controles que permaneceram em suas famílias sem receber qualquer esquema experimental. De maneira geral, foi observado uma resposta ao estresse mais adaptativa para GA quando comparado a GCI. Os animais tratados com AYA apresentaram uma reatividade e médias do cortisol fecal maiores do que a do GCI e similares ao GC; não demonstraram sinais de anedonia e elevação de comportamentos indicativos de estresse crônico, por exemplo: o coçar e a autocatação, os quais, por outro lado, foram expressos pelo GCI. Portanto, parece que a ayahuasca induz uma ação profilática frente ao protocolo indutor de depressão, por meio da expressão de respostas de resiliência; tamponado o surgimento de fenótipos tipo-depressivos e as alterações fisiológicas. Apesar de serem necessários novos estudos, esse trabalho abre portas para um novo tipo de intervenção no âmbito da saúde mental, o uso profilático de psicodélicos para prevenção de psicopatologias associadas ao estresse crônico.Throughout evolution, animals have experienced several stress situations, so there is high amount of variability in stress responses, some adaptive and others not. Major depression (MD) is a humor disorder associated to chronic stress, vulnerability phenotypes, and non-adaptive stress responses. MD is one of the most disabling psychopathologies in the world, and there is still no completely effective treatment for it, thus generating enormous individual, social and economic losses. Thus, using as a basis the theory of stress inoculation, which postulates that resilience can be gained, the psychedelics have become the target of research with prophylactic schemes against the emergence of some mental diseases. Ayahuasca (AYA) is a traditional beverage from the Amazon Forest that acts on the serotonergic system, and in addition to psychedelic effects has shown an antidepressant action. Considering that from an economic, social and psychological point of view, treating depression is more expensive than preventing it, this study has evaluated the possible prophylactic effects of prolonged use of ayahuasca, by modulation of resilience, against a major depression induction protocol, the social isolation (9 weeks), using a nonhuman primate animal model of depression, C. jacchus. For this, physiological (fecal cortisol) and behavioral evaluations were performed. The animals (18 juvenile males) were divided into 3 groups: Ayahuasca Group (AG n=6), where the animals received 3 AYA dosing while undergoing the depression inducing protocol; Isolated Control Group (ICG n=5), the animals were submitted to the depression inducing protocol without going through the prophylactic scheme; and Family Control Group (FCG n=7), animals were remained in their families without any experimental scheme. Overall, a more adaptive stress response to AG was observed when compared to ICG. The animals treated with AYA showed higher reactivity and fecal cortisol levels than GCI and similar to GCF; they did not show signs of anhedonia and increased behavior indicative of chronic stress, for example: scratching and autogrooming, which, on the other hand, were expressed by ICG. Thus, the prophylactic action of AYA in response to the depression inducing protocol seems be through by the promotion of expression of resilience responses, that is, buffering the emergence of depressive phenotypes and physiological changes. Although new studies are needed, this work opens doors to a new type of intervention in mental health field, the prophylactic use of psychedelics to prevent psychopathologies associated to chronic stress.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPESUniversidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIAUFRNBrasilPsicodélicosSaúde mentalCallithrix jacchusProfilaxiaCortisolA ayahuasca modula a resiliência? 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Ao longo da evolução os animais têm vivenciado diversas situações de estresse, o que levou a uma grande variabilidade de respostas, algumas adaptativas e outras não. Por exemplo, a Depressão Maior (DM) é um transtorno de humor associado ao estresse crônico, fenótipos de vulnerabilidade e respostas ao estresse não- adaptativas. A DM é uma das psicopatologias que mais causa invalidez no mundo, não havendo ainda um tratamento completamente eficaz para ela, gerando assim enormes prejuízos individuais, sociais e econômicos. Dessa forma, utilizando como base a teoria da inoculação ao estrese, que postula que a resiliência pode ser adquirida, os psicodélicos se tornaram alvo das pesquisas com esquemas profiláticos contra o surgimento de algumas doenças mentais. A ayahuasca (AYA) é uma bebida tradicional da Amazônia que atua sobre o sistema serotoninérgico e, além de efeitos psicodélicos, demonstra uma ação antidepressiva. Considerando que do ponto de vista econômico, social e psicológico, tratar a depressão se mostra mais dispendioso do que a preveni-la, esse estudo procurou avaliar os possíveis efeitos profiláticos do uso prolongado do chá da ayahuasca, por meio do incremento da resiliência, frente a um protocolo de indução de depressão maior, o isolamento social (9 semanas), utilizando um modelo animal primata não-humanos, o C. jacchus. Para isso, foram realizadas avaliações fisiológicas (cortisol fecal) e comportamentais em animais (18 machos juvenis) que foram divididos em 3 grupos: Grupo Ayahuasca (GA; n=6), animais que receberam 3 administrações de ayahuasca enquanto foram submetidos ao protocolo indutor de depressão; Grupo Controle Isolado (GCI; n=5), onde os animais foram submetidos ao protocolo indutor de depressão sem passar pelo esquema profilático; e Grupo Controle Família (GCF n=7), animais controles que permaneceram em suas famílias sem receber qualquer esquema experimental. De maneira geral, foi observado uma resposta ao estresse mais adaptativa para GA quando comparado a GCI. Os animais tratados com AYA apresentaram uma reatividade e médias do cortisol fecal maiores do que a do GCI e similares ao GC; não demonstraram sinais de anedonia e elevação de comportamentos indicativos de estresse crônico, por exemplo: o coçar e a autocatação, os quais, por outro lado, foram expressos pelo GCI. Portanto, parece que a ayahuasca induz uma ação profilática frente ao protocolo indutor de depressão, por meio da expressão de respostas de resiliência; tamponado o surgimento de fenótipos tipo-depressivos e as alterações fisiológicas. Apesar de serem necessários novos estudos, esse trabalho abre portas para um novo tipo de intervenção no âmbito da saúde mental, o uso profilático de psicodélicos para prevenção de psicopatologias associadas ao estresse crônico. |
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