Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Damasio, Ludmila de Melo Alves
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30788
Resumo: Peixes e frutos do mar obtidos por meio da pesca extrativa são um dos principais serviços ecossistêmicos de uso direto fornecido pelos oceanos, o que justificaria a necessidade de se regulamentar e manejar adequadamente a pesca. Esta regulamentação e este manejo, a princípio, deveriam ser feitos a partir de dados multiespecíficos, capazes de retratar uma atividade que envolve aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Na realidade brasileira, no entanto, dados pesqueiros tendem a ser poucos ou inexistentes, e abordagens multidisciplinares ainda são raras. Neste contexto, esta tese teve como objetivo utilizar indicadores e variáveis ecológicas, sociais e econômicas para avaliar, as mudanças na pesca e seus impactos na renda dos pescadores, ocorridos nos últimos 20 anos, usando duas escalas espaciais e temporais: 1) macroescala: todo o Brasil, com o objetivo de avaliar mudanças globais em uma longa série temporal (1950- 2010); 2) escala regional: oito comunidades pesqueiras do Rio Grande do Norte e Ceará, para avaliar mudanças mais específicas nos últimos 20 anos (1994 – 2014). As análises foram feitas por meio de um conjunto de diferentes ferramentas metodológicas e estatísticas robustas e capazes de lidar com limitações temporais e espaciais nos dados (entrevistas com dados de memória de pescadores, Modelos de Distribuição de Espécies, e análise de convergência indicadores ecossistêmicos). Para os dados em macroescala, utilizamos especialmente a reconstrução das capturas pesqueiras, disponível na base de dados do Sea Around Us. Para os dados em escala regional, utilizamos informações obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas, os mesmos dados de reconstrução de capturas, dados de primeira revenda de pescado (banco de dados também fornecido pelo Sea Around Us) e dados ambientais (bioOracle). Estas duas escalas de análise foram organizadas em três capítulos distintos, cujos objetivos principais eram: 1) descrever e analisar a situação de exploração dos recursos pesqueiros no Brasil a partir de uma perspectiva ecossistêmica; 2) investigar mudanças na distribuição espacial da pesca de pequena escala ao longo da região equatorial brasileira entre 1994 e 2014 e os fatores ecológicos e socioeconômicos que influenciaram essa mudança; e 3) verificar os fatores adaptativos e as estratégias que ajudam a explicar porque alguns pescadores obtêm rendimentos mais baixos do que outros. No primeiro capítulo, identificamos que a diferença entre as ecorregiões Nordeste/Amazônia/Leste e Sudeste/Rio Grande é notável. As regiões Sudeste e Rio Grande tiveram os piores índices, indicando que a pesca não está sendo realizada de maneira sustentável enquanto que as demais regiões apresentaram índices melhores. O 7 MTI variou entre as regiões e entre a pesca artesanal e industrial, mas o fenômeno “fishing down marine food web” não foi observado em todas as regiões, apenas na região Rio Grande. Por outro lado a expansão geográfica ocorreu de forma semelhante em todas as regiões e para os dois tipos de pesca. Já no segundo capítulo, foi observado que uma mudança relevante na distribuição espacial da pesca foi detectada e demonstrou que a pesca tem se movido principalmente de águas rasas para mais profundas. Embora as espécies-alvo tenham permanecido as mesmas em 1994 e 2014, a abundância dessas espécies diminuiu significativamente ao longo do tempo, o que afetou negativamente a renda dos pescadores. Por fim, o terceiro capítulo mostrou que os pescadores mais pobres em 1994 continuam sendo os mais pobres em 2014. Embora diferentes variáveis expliquem a renda nos 2 anos - Estado, barcos grandes e motorizados e equipamento compressor em 1994 e barcos grandes e uso do anzol e linha em 2014, as 3 principais mudanças relacionadas à pesca foram feitas tanto por pescadores que perderam rendimentos quanto por pescadores que tiveram aumento nos rendimentos. Os resultados encontrados aqui certamente ajudam a compreender melhor as mudanças e dinâmicas da pesca e dos estoques pesqueiros do Brasil, ao longo dos últimos 60 anos, mas especialmente na região nordeste e podem ajudar a subsidiar decisões de manejo da pesca. Especificamente, agora pode-se concluir que a pesca não está sendo feita de maneira sustentável, vide a expansão geográfica da pesca que está acontecendo, e mesmo isto não está sendo suficiente para manter os rendimentos dos pescadores, fazendo com que este grupo já vulnerável fique mais vulnerável ainda
id UFRN_2e14bb670d7a691ac3656c36446f4eeb
oai_identifier_str oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/30788
network_acronym_str UFRN
network_name_str Repositório Institucional da UFRN
repository_id_str
spelling Damasio, Ludmila de Melo AlvesAttayde, Jose Luiz deLarramendi, Carlos Sebastian VillasanteSilva, João Vitor Campos eCosta, Rodrigo Silva daLopes, Priscila Fabiana Macedo2020-11-30T18:21:32Z2020-11-30T18:21:32Z2020-01-22DAMASIO, Ludmila de Melo Alves. Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca. 2020. 97f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30788Peixes e frutos do mar obtidos por meio da pesca extrativa são um dos principais serviços ecossistêmicos de uso direto fornecido pelos oceanos, o que justificaria a necessidade de se regulamentar e manejar adequadamente a pesca. Esta regulamentação e este manejo, a princípio, deveriam ser feitos a partir de dados multiespecíficos, capazes de retratar uma atividade que envolve aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Na realidade brasileira, no entanto, dados pesqueiros tendem a ser poucos ou inexistentes, e abordagens multidisciplinares ainda são raras. Neste contexto, esta tese teve como objetivo utilizar indicadores e variáveis ecológicas, sociais e econômicas para avaliar, as mudanças na pesca e seus impactos na renda dos pescadores, ocorridos nos últimos 20 anos, usando duas escalas espaciais e temporais: 1) macroescala: todo o Brasil, com o objetivo de avaliar mudanças globais em uma longa série temporal (1950- 2010); 2) escala regional: oito comunidades pesqueiras do Rio Grande do Norte e Ceará, para avaliar mudanças mais específicas nos últimos 20 anos (1994 – 2014). As análises foram feitas por meio de um conjunto de diferentes ferramentas metodológicas e estatísticas robustas e capazes de lidar com limitações temporais e espaciais nos dados (entrevistas com dados de memória de pescadores, Modelos de Distribuição de Espécies, e análise de convergência indicadores ecossistêmicos). Para os dados em macroescala, utilizamos especialmente a reconstrução das capturas pesqueiras, disponível na base de dados do Sea Around Us. Para os dados em escala regional, utilizamos informações obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas, os mesmos dados de reconstrução de capturas, dados de primeira revenda de pescado (banco de dados também fornecido pelo Sea Around Us) e dados ambientais (bioOracle). Estas duas escalas de análise foram organizadas em três capítulos distintos, cujos objetivos principais eram: 1) descrever e analisar a situação de exploração dos recursos pesqueiros no Brasil a partir de uma perspectiva ecossistêmica; 2) investigar mudanças na distribuição espacial da pesca de pequena escala ao longo da região equatorial brasileira entre 1994 e 2014 e os fatores ecológicos e socioeconômicos que influenciaram essa mudança; e 3) verificar os fatores adaptativos e as estratégias que ajudam a explicar porque alguns pescadores obtêm rendimentos mais baixos do que outros. No primeiro capítulo, identificamos que a diferença entre as ecorregiões Nordeste/Amazônia/Leste e Sudeste/Rio Grande é notável. As regiões Sudeste e Rio Grande tiveram os piores índices, indicando que a pesca não está sendo realizada de maneira sustentável enquanto que as demais regiões apresentaram índices melhores. O 7 MTI variou entre as regiões e entre a pesca artesanal e industrial, mas o fenômeno “fishing down marine food web” não foi observado em todas as regiões, apenas na região Rio Grande. Por outro lado a expansão geográfica ocorreu de forma semelhante em todas as regiões e para os dois tipos de pesca. Já no segundo capítulo, foi observado que uma mudança relevante na distribuição espacial da pesca foi detectada e demonstrou que a pesca tem se movido principalmente de águas rasas para mais profundas. Embora as espécies-alvo tenham permanecido as mesmas em 1994 e 2014, a abundância dessas espécies diminuiu significativamente ao longo do tempo, o que afetou negativamente a renda dos pescadores. Por fim, o terceiro capítulo mostrou que os pescadores mais pobres em 1994 continuam sendo os mais pobres em 2014. Embora diferentes variáveis expliquem a renda nos 2 anos - Estado, barcos grandes e motorizados e equipamento compressor em 1994 e barcos grandes e uso do anzol e linha em 2014, as 3 principais mudanças relacionadas à pesca foram feitas tanto por pescadores que perderam rendimentos quanto por pescadores que tiveram aumento nos rendimentos. Os resultados encontrados aqui certamente ajudam a compreender melhor as mudanças e dinâmicas da pesca e dos estoques pesqueiros do Brasil, ao longo dos últimos 60 anos, mas especialmente na região nordeste e podem ajudar a subsidiar decisões de manejo da pesca. Especificamente, agora pode-se concluir que a pesca não está sendo feita de maneira sustentável, vide a expansão geográfica da pesca que está acontecendo, e mesmo isto não está sendo suficiente para manter os rendimentos dos pescadores, fazendo com que este grupo já vulnerável fique mais vulnerável aindaFish and seafood obtained through extractive fishing are one of the main direct-use ecosystem services provided by the oceans, which would justify the need to properly regulate and manage fishing. This regulation and this management, in principle, should be made from multispecific data, capable of portraying an activity that involves ecological, economic and social aspects. In Brazilian reality, however, fishing data tend to be few or nonexistent, and multidisciplinary approaches are still rare. In this context, this thesis aimed to use ecological, social and economic indicators and variables to evaluate, changes in fisheries and their impacts on fishermen's incomes, which have occurred over the past 20 years using two spatial and temporal scales: 1) macro-scale: all over Brazil, with the objective of evaluating global changes in a long time series (1950-2010); 2) regional scale: eight fishing communities in Rio Grande do Norte and Ceará, to assess more specific changes in the last 20 years (1994 - 2014). The analyzes were made using a set of different methodological tools and robust statistics capable of dealing with temporal and spatial limitations in the data (interviews with fisher's memory data, Species Distribution Models, and convergence analysis of ecosystem indicators). For the macro-scale data, we use specially the reconstruction of the fishing catches, available in the Sea Around Us database. For the data on a regional scale, we use information obtained through semi-structured interviews, the same data from the reconstruction of catches, data from first resale of fish (database also provided by Sea Around Us) and environmental data (bioOracle). These two scales of analysis were organized into three distinct chapters, whose main objectives were: 1) describe and analyze the situation of exploitation of fisheries resources in Brazil from an ecosystem perspective; 2) investigate changes in the spatial distribution of small-scale fisheries across the Brazilian equatorial region between 1994 and 2014 and the ecological and socioeconomic factors that influenced this change; and 3) verify adaptive factors and strategies that help explain why some fishers earn lower incomes than others. In the first chapter, we identified that the difference between the Northeastern / Amazon / Eastern and Southeastern / Rio Grande ecoregions is remarkable. The Southeastern and Rio Grande regions had the worst rates, indicating that fishing is not being carried out in a sustainable manner while the other regions had better rates. MTI varied between regions and between artisanal and industrial fishing, but the “fishing down marine food web” phenomenon was not observed in all regions, only in the Rio Grande region. On the other hand, geographical expansion occurred in a similar way in all regions and for both 9 types of fishing. In the second chapter, it was observed that a relevant change in the spatial distribution of fishing was detected and demonstrated that fishing has moved mainly from shallow to deeper waters. Although the target species remained the same in 1994 and 2014, the abundance of these species decreased significantly over time, which negatively affected the fisher's income. Finally, the third chapter showed that the poorest fishers in 1994 remain the poorest in 2014. Although different variables explain the income in the 2 years - State, large and motorized boats and compressor equipment in 1994 and large boats and use of the hook and line in 2014, the 3 main changes related to fishing were made both by fisher who lost income and by fisher who had an increase in income. The results found here certainly help to better understand the changes and dynamics of fisheries and fisheries stocks in Brazil, over the last 60 years, but especially in the Northeastern region and can help to subsidize fisheries management decisions. Specifically, it can now be concluded that fishing is not being done in a sustainable way, see the geographical expansion of fishing that is happening, and even this is not being enough to maintain the fisher's incomes, making this group already vulnerable even more vulnerableCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIAUFRNBrasilIndicadores ecossitêmicos; Pesca de pequena escala; Distribuição espacial da pesca; Socioeconomico; Expansão geográfica da pesca;Pesca artesanalUso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pescainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALLudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdfapplication/pdf6111074https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/1/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf51d422f5a97fea404941fcdfc5a27a7eMD51TEXTLudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.txtLudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.txtExtracted texttext/plain201835https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/2/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.txt7596e42873be88e123d05c19d4cbac52MD52THUMBNAILLudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.jpgLudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1194https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/3/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.jpg7212e0b5a7ca71b5e9dd12067eacc14cMD53123456789/307882020-12-06 05:06:17.466oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/30788Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2020-12-06T08:06:17Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
title Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
spellingShingle Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
Damasio, Ludmila de Melo Alves
Indicadores ecossitêmicos; Pesca de pequena escala; Distribuição espacial da pesca; Socioeconomico; Expansão geográfica da pesca;
Pesca artesanal
title_short Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
title_full Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
title_fullStr Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
title_full_unstemmed Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
title_sort Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca
author Damasio, Ludmila de Melo Alves
author_facet Damasio, Ludmila de Melo Alves
author_role author
dc.contributor.authorID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.advisorID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.referees1.none.fl_str_mv Attayde, Jose Luiz de
dc.contributor.referees1ID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.referees2.none.fl_str_mv Larramendi, Carlos Sebastian Villasante
dc.contributor.referees2ID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.referees3.none.fl_str_mv Silva, João Vitor Campos e
dc.contributor.referees3ID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.referees4.none.fl_str_mv Costa, Rodrigo Silva da
dc.contributor.referees4ID.pt_BR.fl_str_mv
dc.contributor.author.fl_str_mv Damasio, Ludmila de Melo Alves
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Lopes, Priscila Fabiana Macedo
contributor_str_mv Lopes, Priscila Fabiana Macedo
dc.subject.por.fl_str_mv Indicadores ecossitêmicos; Pesca de pequena escala; Distribuição espacial da pesca; Socioeconomico; Expansão geográfica da pesca;
Pesca artesanal
topic Indicadores ecossitêmicos; Pesca de pequena escala; Distribuição espacial da pesca; Socioeconomico; Expansão geográfica da pesca;
Pesca artesanal
description Peixes e frutos do mar obtidos por meio da pesca extrativa são um dos principais serviços ecossistêmicos de uso direto fornecido pelos oceanos, o que justificaria a necessidade de se regulamentar e manejar adequadamente a pesca. Esta regulamentação e este manejo, a princípio, deveriam ser feitos a partir de dados multiespecíficos, capazes de retratar uma atividade que envolve aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Na realidade brasileira, no entanto, dados pesqueiros tendem a ser poucos ou inexistentes, e abordagens multidisciplinares ainda são raras. Neste contexto, esta tese teve como objetivo utilizar indicadores e variáveis ecológicas, sociais e econômicas para avaliar, as mudanças na pesca e seus impactos na renda dos pescadores, ocorridos nos últimos 20 anos, usando duas escalas espaciais e temporais: 1) macroescala: todo o Brasil, com o objetivo de avaliar mudanças globais em uma longa série temporal (1950- 2010); 2) escala regional: oito comunidades pesqueiras do Rio Grande do Norte e Ceará, para avaliar mudanças mais específicas nos últimos 20 anos (1994 – 2014). As análises foram feitas por meio de um conjunto de diferentes ferramentas metodológicas e estatísticas robustas e capazes de lidar com limitações temporais e espaciais nos dados (entrevistas com dados de memória de pescadores, Modelos de Distribuição de Espécies, e análise de convergência indicadores ecossistêmicos). Para os dados em macroescala, utilizamos especialmente a reconstrução das capturas pesqueiras, disponível na base de dados do Sea Around Us. Para os dados em escala regional, utilizamos informações obtidas por meio de entrevistas semiestruturadas, os mesmos dados de reconstrução de capturas, dados de primeira revenda de pescado (banco de dados também fornecido pelo Sea Around Us) e dados ambientais (bioOracle). Estas duas escalas de análise foram organizadas em três capítulos distintos, cujos objetivos principais eram: 1) descrever e analisar a situação de exploração dos recursos pesqueiros no Brasil a partir de uma perspectiva ecossistêmica; 2) investigar mudanças na distribuição espacial da pesca de pequena escala ao longo da região equatorial brasileira entre 1994 e 2014 e os fatores ecológicos e socioeconômicos que influenciaram essa mudança; e 3) verificar os fatores adaptativos e as estratégias que ajudam a explicar porque alguns pescadores obtêm rendimentos mais baixos do que outros. No primeiro capítulo, identificamos que a diferença entre as ecorregiões Nordeste/Amazônia/Leste e Sudeste/Rio Grande é notável. As regiões Sudeste e Rio Grande tiveram os piores índices, indicando que a pesca não está sendo realizada de maneira sustentável enquanto que as demais regiões apresentaram índices melhores. O 7 MTI variou entre as regiões e entre a pesca artesanal e industrial, mas o fenômeno “fishing down marine food web” não foi observado em todas as regiões, apenas na região Rio Grande. Por outro lado a expansão geográfica ocorreu de forma semelhante em todas as regiões e para os dois tipos de pesca. Já no segundo capítulo, foi observado que uma mudança relevante na distribuição espacial da pesca foi detectada e demonstrou que a pesca tem se movido principalmente de águas rasas para mais profundas. Embora as espécies-alvo tenham permanecido as mesmas em 1994 e 2014, a abundância dessas espécies diminuiu significativamente ao longo do tempo, o que afetou negativamente a renda dos pescadores. Por fim, o terceiro capítulo mostrou que os pescadores mais pobres em 1994 continuam sendo os mais pobres em 2014. Embora diferentes variáveis expliquem a renda nos 2 anos - Estado, barcos grandes e motorizados e equipamento compressor em 1994 e barcos grandes e uso do anzol e linha em 2014, as 3 principais mudanças relacionadas à pesca foram feitas tanto por pescadores que perderam rendimentos quanto por pescadores que tiveram aumento nos rendimentos. Os resultados encontrados aqui certamente ajudam a compreender melhor as mudanças e dinâmicas da pesca e dos estoques pesqueiros do Brasil, ao longo dos últimos 60 anos, mas especialmente na região nordeste e podem ajudar a subsidiar decisões de manejo da pesca. Especificamente, agora pode-se concluir que a pesca não está sendo feita de maneira sustentável, vide a expansão geográfica da pesca que está acontecendo, e mesmo isto não está sendo suficiente para manter os rendimentos dos pescadores, fazendo com que este grupo já vulnerável fique mais vulnerável ainda
publishDate 2020
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-11-30T18:21:32Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-11-30T18:21:32Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-01-22
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv DAMASIO, Ludmila de Melo Alves. Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca. 2020. 97f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30788
identifier_str_mv DAMASIO, Ludmila de Melo Alves. Uso de indicadores ecológicos e socioeconômicos para avaliar mudanças na pesca. 2020. 97f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2020.
url https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30788
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Rio Grande do Norte
dc.publisher.program.fl_str_mv PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFRN
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal do Rio Grande do Norte
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRN
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron:UFRN
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron_str UFRN
institution UFRN
reponame_str Repositório Institucional da UFRN
collection Repositório Institucional da UFRN
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/1/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/2/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.txt
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/30788/3/LudmilaDeMeloAlvesDamasio_TESE.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 51d422f5a97fea404941fcdfc5a27a7e
7596e42873be88e123d05c19d4cbac52
7212e0b5a7ca71b5e9dd12067eacc14c
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1802117735285522432