Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, Eliane Tania Martins de
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/18707
Resumo: Este artigo apresenta um exame preliminar de dois cultos religiosos populares que ocorrem atualmente no Nordeste do Brasil. Em dois cemitérios, no Rio Grande do Norte, o cangaceiro Jararaca e o ladrão homicida Baracho (espécie de ‘serial killer’, conhecido como ‘matador de motoristas’), são objetos de devoção religiosa por parte de crentes que afirmam ter alcançado milagres por seu intermédio ou que acreditam que virão a alcançá-los por meio de promessas que então, à beira de seus túmulos, não hesitam em fazer. A fé em seus milagres convive com a memória dos feitos dos bandidos que foram em vida, narrados com um misto de admiração e reprovação moral. O tradicional modelo do bandido social, que rouba para dar aos pobres, vem então em seu socorro, de modo a permitir uma continuidade entre o passado criminoso e o presente ‘santificado’. Dentre os fatores centrais nesse processo de ‘santificação’ do bandido, segundo o discurso dos entrevistados, estão a morte violenta e o sofrimento físico e moral a ela associados. O quadro esboçado aqui mostra-nos que se trata de santos muito especiais, isto é, santos precários, posto que sua santidade é objeto de constante controvérsia e contestação mesmo por aqueles que acreditam em seu poder de operar milagres. E parece ser mesmo isso o que os torna tão interessantes, mesmo do ponto de vista dos seus adeptos.
id UFRN_43065ce8bc5cd4f8f0baa1bd70c4c4ea
oai_identifier_str oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/18707
network_acronym_str UFRN
network_name_str Repositório Institucional da UFRN
repository_id_str
spelling Freitas, Eliane Tania Martins de2015-03-06T18:09:36Z2015-03-06T18:09:36Z2000-09FREITAS, Eliane Tania Martins de. Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo? Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, ano 2, n. 2, p. 191-203, 2000.1982-2650https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/18707Este artigo apresenta um exame preliminar de dois cultos religiosos populares que ocorrem atualmente no Nordeste do Brasil. Em dois cemitérios, no Rio Grande do Norte, o cangaceiro Jararaca e o ladrão homicida Baracho (espécie de ‘serial killer’, conhecido como ‘matador de motoristas’), são objetos de devoção religiosa por parte de crentes que afirmam ter alcançado milagres por seu intermédio ou que acreditam que virão a alcançá-los por meio de promessas que então, à beira de seus túmulos, não hesitam em fazer. A fé em seus milagres convive com a memória dos feitos dos bandidos que foram em vida, narrados com um misto de admiração e reprovação moral. O tradicional modelo do bandido social, que rouba para dar aos pobres, vem então em seu socorro, de modo a permitir uma continuidade entre o passado criminoso e o presente ‘santificado’. Dentre os fatores centrais nesse processo de ‘santificação’ do bandido, segundo o discurso dos entrevistados, estão a morte violenta e o sofrimento físico e moral a ela associados. O quadro esboçado aqui mostra-nos que se trata de santos muito especiais, isto é, santos precários, posto que sua santidade é objeto de constante controvérsia e contestação mesmo por aqueles que acreditam em seu poder de operar milagres. E parece ser mesmo isso o que os torna tão interessantes, mesmo do ponto de vista dos seus adeptos.Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINAL2000_Tania.pdf2000_Tania.pdfapplication/pdf127754https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/1/2000_Tania.pdf4c867a19052b746dd16e6b80c06a240cMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81563https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/2/license.txt2fca3d993fd069474a9dfb5156c39499MD52TEXT2000_Tania.pdf.txt2000_Tania.pdf.txtExtracted texttext/plain29471https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/7/2000_Tania.pdf.txt91f3ff1abe6431f5f7055cf1df588da2MD57THUMBNAIL2000_Tania.pdf.jpg2000_Tania.pdf.jpgIM Thumbnailimage/jpeg7541https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/8/2000_Tania.pdf.jpg9106d3cb601781ec263380e880d5a555MD58123456789/187072017-11-01 18:30:19.761oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/18707TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkFvIGFzc2luYXIgZSBlbnRyZWdhciBlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBvL2EgU3IuL1NyYS4gKGF1dG9yIG91IGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcik6CgphKSBDb25jZWRlIMOgIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRvIFJpbyBHcmFuZGUgZG8gTm9ydGUgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlCnJlcHJvZHV6aXIsIGNvbnZlcnRlciAoY29tbyBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pLCBjb211bmljYXIgZS9vdQpkaXN0cmlidWlyIG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8vYWJzdHJhY3QpIGVtCmZvcm1hdG8gZGlnaXRhbCBvdSBpbXByZXNzbyBlIGVtIHF1YWxxdWVyIG1laW8uCgpiKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSDDqSBzZXUgdHJhYmFsaG8gb3JpZ2luYWwsIGUgcXVlCmRldMOpbSBvIGRpcmVpdG8gZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIERlY2xhcmEKdGFtYsOpbSBxdWUgYSBlbnRyZWdhIGRvIGRvY3VtZW50byBuw6NvIGluZnJpbmdlLCB0YW50byBxdWFudG8gbGhlIMOpCnBvc3PDrXZlbCBzYWJlciwgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgcXVhbHF1ZXIgb3V0cmEgcGVzc29hIG91IGVudGlkYWRlLgoKYykgU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgY29udMOpbSBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zCmRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yLCBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYXV0b3JpemHDp8OjbyBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MKZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IgcGFyYSBjb25jZWRlciDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkbyBSaW8gR3JhbmRlIGRvIE5vcnRlIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgY3Vqb3MgZGlyZWl0b3Mgc8OjbyBkZQp0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdQpjb250ZcO6ZG8gZG8gZG9jdW1lbnRvIGVudHJlZ3VlLgoKU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8KcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkbyBSaW8gR3JhbmRlIGRvIE5vcnRlLCBkZWNsYXJhIHF1ZSBjdW1wcml1IHF1YWlzcXVlciBvYnJpZ2HDp8O1ZXMgZXhpZ2lkYXMgcGVsbyByZXNwZWN0aXZvIGNvbnRyYXRvIG91IGFjb3Jkby4KCkEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZG8gUmlvIEdyYW5kZSBkbyBOb3J0ZSAgaWRlbnRpZmljYXLDoSBjbGFyYW1lbnRlIG8ocykgc2V1IChzKSBub21lKHMpIGNvbW8gbyAocykgYXV0b3IgKGVzKSBvdSBkZXRlbnRvciAoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkbyBkb2N1bWVudG8KZW50cmVndWUsIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgcGFyYSBhbMOpbSBkYXMgcGVybWl0aWRhcyBwb3IKZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2017-11-01T21:30:19Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
title Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
spellingShingle Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
Freitas, Eliane Tania Martins de
title_short Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
title_full Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
title_fullStr Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
title_full_unstemmed Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
title_sort Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo?
author Freitas, Eliane Tania Martins de
author_facet Freitas, Eliane Tania Martins de
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Freitas, Eliane Tania Martins de
description Este artigo apresenta um exame preliminar de dois cultos religiosos populares que ocorrem atualmente no Nordeste do Brasil. Em dois cemitérios, no Rio Grande do Norte, o cangaceiro Jararaca e o ladrão homicida Baracho (espécie de ‘serial killer’, conhecido como ‘matador de motoristas’), são objetos de devoção religiosa por parte de crentes que afirmam ter alcançado milagres por seu intermédio ou que acreditam que virão a alcançá-los por meio de promessas que então, à beira de seus túmulos, não hesitam em fazer. A fé em seus milagres convive com a memória dos feitos dos bandidos que foram em vida, narrados com um misto de admiração e reprovação moral. O tradicional modelo do bandido social, que rouba para dar aos pobres, vem então em seu socorro, de modo a permitir uma continuidade entre o passado criminoso e o presente ‘santificado’. Dentre os fatores centrais nesse processo de ‘santificação’ do bandido, segundo o discurso dos entrevistados, estão a morte violenta e o sofrimento físico e moral a ela associados. O quadro esboçado aqui mostra-nos que se trata de santos muito especiais, isto é, santos precários, posto que sua santidade é objeto de constante controvérsia e contestação mesmo por aqueles que acreditam em seu poder de operar milagres. E parece ser mesmo isso o que os torna tão interessantes, mesmo do ponto de vista dos seus adeptos.
publishDate 2000
dc.date.issued.fl_str_mv 2000-09
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2015-03-06T18:09:36Z
dc.date.available.fl_str_mv 2015-03-06T18:09:36Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv FREITAS, Eliane Tania Martins de. Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo? Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, ano 2, n. 2, p. 191-203, 2000.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/18707
dc.identifier.issn.none.fl_str_mv 1982-2650
identifier_str_mv FREITAS, Eliane Tania Martins de. Violência e sagrado: o que no criminoso anuncia o santo? Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, ano 2, n. 2, p. 191-203, 2000.
1982-2650
url https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/18707
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRN
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron:UFRN
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
instacron_str UFRN
institution UFRN
reponame_str Repositório Institucional da UFRN
collection Repositório Institucional da UFRN
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/1/2000_Tania.pdf
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/2/license.txt
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/7/2000_Tania.pdf.txt
https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/18707/8/2000_Tania.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 4c867a19052b746dd16e6b80c06a240c
2fca3d993fd069474a9dfb5156c39499
91f3ff1abe6431f5f7055cf1df588da2
9106d3cb601781ec263380e880d5a555
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1802117780791623680